Contos : 

Tu te tornas eternamente responsável, por aquilo que cativas.

 
Despertar pressupõe-se abrir-se para outras percepções. Quando você está dormindo, você está vivendo um tipo particular de percepção, que de muitas maneiras o isolam das percepções a que está acostumado quando desperto. Pois, deitado na cama, você sonhado vive aventuras que em nada se parecem com o seu quarto. Você então acorda, e as sensações que tinha em seus sonhos, são trocadas por outras percepções, às do quarto em sua volta, e a da sua vida desperta diária.
Basicamente, você é iludido pelos seus sentidos, porque, veja bem, o que conta no final são sensações, correto? O que você sente é o que você é! E isso não é uma afirmação vazia, abrange todos os setores da sua existência.
Energia, em suas definições atuais, é " a capacidade de produzir trabalho". Ou seja, é algo como a capacidade de alterar o seu meio, produzindo com isso outras alterações em cadeia. A energia não precisa de um meio para existir, pense, o seu universo era, ainda, de acordo com as suas definições, uma energia latente. Mas, antes de seu universo, vocês mesmo admitiam que não existiam espaço e nem tempo. Então, de onde essa "energia" viera? A energia nem sequer é concreta por si mesma, ela pode ser algo provável, como todas as probabilidades de que temos lhe dito. A energia potencial por exemplo, estudada por seus físicos, está lá, e ao mesmo tempo, não está.
Quero que perceba, com tudo isso, que o que você chama de energia, é em muitos graus, o "atestado da existência". Isso mesmo, como uma impressão digital. Algo que garante que algo existe. Pois, existir, é alterar o seu meio. Só algo que existe de fato, pode manifestar-se. Manifestar vem da palavra mão, manipular, transformar. Então, se você transforma, manipula o seu meio, você existe. O que você chama de energia, é apenas a reação de algo que existe alterando o seu meio. Então, quando uma dinamite explode, jogando tudo pelos ares, é a forma que aquela fenômeno tem de dizer que está ali, que faz parte do seu meio, e isso, você chama de energia.
Mas, a energia em si não precisa de um meio para existir. Não é porque ela o altera que ela precisa dele. Na verdade, o meio é que necessita da energia, pois todo o meio são criações de energias constantemente se influenciado e se alterando, eternamente.
Então, acho que podemos dizer que a alma é uma energia, para que você entenda melhor. A alma está constantemente influenciado e alterando outra alma, e isso num efeito em cadeia impressionante, mesmo para nós. Toda a sua realidade é um efeito em cadeia de manifestações de inteligencia influenciando uns aos outros.
Dessa forma, e outra vez, digo-lhe que o que você chama de realidade não é objetivo. Ou seja, não existe por si mesma. É uma ilusão, tanto quanto aquilo que você chama de alucinação. Tudo o que você toca e manipula, são manifestações de outras inteligências, atestando com isso, as delas e a sua existência. Pois existir, como dissemos algumas linhas acima, é manifestar-se.
Como já fora dito em outros textos, o seu universo não existe para nós. Sabemos que vocês experimentam esse tipo particular de realidade, como nós experimentamos a nossa. Mas nem a sua nem a minha, existe fora de nossas "mentes". Isso torna nossas realidades menos legítimas, encantadoras, manisfestas? Claro que não, e você aprenderá com o tempo, que nada pode ser mais real e concreto, do que as criações da mente. Isso torna o seu mundo, e as suas possibilidades realmente infinitas. Não o vejo, assim como você não me vê. Não estou sentando em seu céu sobre uma nuvem, embora eu pudesse manifestar isso em sua consciência, para despertar em você algum tipo de sentimento. Quando eu chego em sua sala, eu não me sento em sua cadeira, não chego ao seu ouvido e sussurro. A cadeira e o seu ouvido não existem para mim, como já dito, superei esta parte.
O seu universo é tão constructo de sua mente, que se você tiver uma experiência fora do corpo, tudo ao seu redor se tornará caótico. As paredes de seu quarto dançarão, aparecerão objetos novos, as letras de seu nome escritas na parede se entrelaçarão e perderão o sentido. Isso, porque você não está mais vendo o mundo com o seu cérebro, mas com a sua alma. O seu cérebro concordou e fixou uma realidade, que para a alma simplesmente não existe. E nisso, pelo cérebro, estão conectados a uma construção coletiva que concordaram em experimentar.
Como "energia" e algo que se manifesta, vocês também criam reações em cadeia. Você cria mundos, probabilidades, imagens e pequenas consciências. Essas consciências seguirão seus próprios caminhos, e por sua vez, criarão as suas próprias reações em cadeias. Existir é meio que dizer "Hei, eu estou aqui". Quando você tenta atravessar uma parede em seu mundo, muitas consciências dirão em coro: "Hei, estamos aqui". São o que vocês chamam de átomos, e você interpreta isso como uma parede. Assim como interpreta todas as manifestações como espaço e tempo.
Claro, se você vive isso é porque precisa disso. Não posso libertá-lo se você não quiser. Lembra o que dissemos sobre amor e liberdade? Você ainda precisa dessas coisas materiais que hoje para vocês são importantes. E é, de muitas formas, importantes mesmo. Você deve entender, ao longo do tempo, que não é o seu relógio ou o seu carro que fazem você ser o que é. Mas isso, só você deve aprender, individualmente, e gradual. Cada um de vocês, embora dividam percepções em comum, têm a sua realidade em particular, e o mundo não é o mesmo para dois de vocês.
Algumas pessoas acham que venho aqui destruir a realidade de vocês, diminuir e tirar a importância do que experimentam. Mas na verdade estou demonstrando o poder interior que possuem, e maximizando a sua experiência, pois a realidade subjetiva é tão mais poderosa, real e concreta do que a percepção objetiva que possuem, que os limitam tanto e lhes deixam uma margem tão pequena de manifestação. A minha dimensão de realidade não existe para você, mas ela não deixa de me proporcionar liberdade e encantamento, e posso fluir de um canto a outro dela, e ela é mais infinita que a sua em seus termos, por mais estranho que essa sentença possa lhe parecer. Ela se adéqua a mim, a minha atual noção de beleza, as minhas atuais necessidades e conhecimento. Quando os meus amigos veem me visitar, eles aceitam compartilhar comigo a minha experiência, e como você abre a porta da sua casa aos seus amigos e os deixam entrar, para que eles desfrutem daquele pequeno canto que você chama de seu, e que tem tanto a ver contigo, na decoração, nos móveis e em tudo o que diz respeito a você. Também compartilho com os meus, as manifestações dos meus sentimentos, quase da mesma forma que você faz ao abrira sua porta.
Estou aqui e agora. Neste mesmo momento vivo as minhas vidas e as minhas mortes. Todas elas únicas, altamente simbólicas e profundas em conteúdo. A vida não poderia ser finalizada corretamente sem o solene ato da morte, as duas se completam e se dão as mãos, valorizando uma a outra, como irmãs, e uma não teria sentido sem a outra, num tributo pago pelo universo à arte de existir. Pois uma sem a outra não teriam significado para você, e as profundas divagações que elas lhes inspiram dá-te o impulso que você precisa para sair da inércia. A linguagem universal é simbólica, mesmo a sua linguagem trabalha com símbolos em imagens. Retire as palavras e os idiomas e o que fica é o simbolismo delas. São assim as nossas palavras. A linguagem pura. Você mesmo é um simbolo, a sua pessoa, a sua sociedade e os seus atos. Se despidos de forma, assim como a linguagem despida de idiomas, o que fica é o símbolo.
De repente, peguei-me andando em direção à uma simples, mas linda casa de pedra, erguida na margem de um calmo e extenso rio. Sua roda d'água girava produzindo um barulho de ranger de madeira quase poético. Eu caminhava lentamente em sua direção... A vegetação ao meu redor misturava-se, entre plantas aquáticas que subiam superando a minha altura e árvores de folhas vermelhas que caiam como chuva. Era um dia claro, de um céu azul profundo, mas a minha esquerda haviam poderosas e lindas nuvens, como se uma tempestade estivesse acabado de passar. Eu nunca havia visto nada tão lindo! A atmosfera ao meu redor era imersiva. Parecia me abranger e me abraçar, e às vezes eu me confundia com ela, e perdia a noção pontual que tinha de mim mesmo. Hora eu era a água do rio que corria calmamente, hora eu era a luz que trespassava as folhas das árvores, hora eu era o ranger da roda... Foi ai que me peguei tentando me lembrar de como eu havia ido parar ali. Eu não me lembrava em momento nenhum nenhum evento que houvesse me levado até ali. Não lembrava nem quem eu era! às vezes me acontecia isso quando eu acordava de manhã. Por breves segundos eu ficava perdido dentro do quarto, perguntando-me onde eu estava, quem eu era, ou o que vou ter de fazer a partir de então. Mas ali isso estava durando além da conta. Eu só tinha certeza de uma coisa. Aquele lugar foi o lugar que eu sempre quis conhecer, onde desejei viver, e que sempre guardei dentro de mim como perfeito modelo de um lar. Então, foi voltando em mim a lembrança de quem eu era. Lembrei-me de tudo! E como eu sabia que não haveria como eu estar ali de fato, comecei a achar que estava num sonho lúcido. Mas eu já tinha tido sonhos lúcidos outras vezes, e sabia como era. Se eu pudesse nomear aquilo, eu chamaria de sonho super lúcido!
Eu seguia andando, deixando as mãos escorregarem por sobre as folhagens da vegetação, molhando elas com o orvalho largado ali pela manhã. Começou a me bater forte e profundamente a sensação de recomeço, e eis que então me vieram lembranças profundas da minha existência. Tão reais que comecei a vive-las de novo! Uma a uma, cada fragmento que achei que haviam se perdido no mar das lembranças. Finalmente assisti e vivi de novo toda a minha vida, num supetão, agora com um olhar tão severo que fariam inveja a um crítico profissional. E olha que eu vivera uma vida básica e simples. Nesse momento, em meio a essas lembranças, eu vi é claro, a minha morte, e isso remeteu-me àquele momento que eu estava vivendo.
Então, uma coisa surpreendente aconteceu! Muitas pessoas vieram me receber. E não eram parentes que haviam morrido, mas pessoas que num primeiro momento não reconheci. Só depois, como num estalo, rejubilei-me entendo que todas eram eu! Todas as vidas que eu vivi! Passei-me de ser quem eu era, para ser quem sempre eu havia sido, porém, esquecido. Eu não perdera a minha identidade antiga, mas passei a tê-la de uma forma alargada e nova. E agora, como você muda o foco dos seus olhos em sua cabeça para olhar em outras direções, eu poderia mudar o foco da minha consciência e poderia ver em "outras direções" também. Por mais incrível que lhe possa parecer, não apenas via a minha morte atual. Como vi as prováveis morte que eu poderia ter tido, se tivesse escolhido assim. Vi cada ato provável, que em seus termos eu não cometi, mas experienciei num reino onde sim, eles não foram apenas probabilidades, mas foram atos terminados.
Somos consciências irmãs. Já vivi o que vives agora. Você viverá o que vivo agora. Não há segredo, apenas o que você quer manter. O que você chama de religião não entendera mal o recado, apenas foi desvirtuado com o passar de seu tempo. Por isso voltamos, e o renovamos, voltando ao patamar inicial. Isso também é um símbolo, de como a realidade objetiva, apartada da consciência, deteriora-se. Tudo precisa se renovar. Suas estações renovam o seu ano. Seu dia se renova a cada nascer do sol. A morte é um agente renovador. A consciência um dia fica para trás, percebe que não consegue acompanhar as inovações de sua era, o seu cérebro está antigo, habituado com as impressões de sua época. Ela vai lá e troca de cérebro, por um mais atual. Você chama isso de morte. Mas, é só um nome. Você também poderia chamar de morte ao ato de trocar de roupa em frente ao guarda roupa. Mas seria só um nome. E nomes não importam. A eterna liberdade e espontaneidade da consciência é que importa. A interação e a ligação de uma com a outra, e a responsabilidade que se tem de ter com aqueles que se amar. Tu te tornas eternamente responsável, por aquilo que cativas.


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London
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