O jeito como cada um de nós vê o mundo, pode se dizer, que é único.
Cada mente é um universo
e cada mente pode ser deus
desse universo se lhe for
conveniente.
“Vem cá meu filho” disse minha mãe
querendo saber o porque
de eu querer trancar a faculdade. “Conta pra mim o que passa na sua cabeça”
“Como assim?” perguntei. “Em que sentido?”
“Você parece não gostar de nada”. Respondeu minha mãe. “Como você se sente? Você só demonstra interesse nos livros que você lê e no que você escreve.”
“Ah, mãe, é que as vezes eu acho tudo muito chato.”
Me lembrei de uma frase
que li em um livro do Bukowski
que me marcou. “Somos aterrorizados e esmagados pelas trivialidades, somos devorados por nada.”
Não quero me deixar ser consumido
por uma rotina
que torna tudo
tão superficial
e pouco palpável,
tudo se afunda
em um ciclo
de um cotidiano
vazio.
Quero acordar e ver o sol
sem pensar que tenho
que ir para um local
que tenho que ir todos os dias,
quero poder escolher
entre fazer uma trilha
e me cortar no mato
e ser picado por insetos
ou eu posso ir a uma praia
apreciar as nuvens
me jogar no mar
e devido ao sal na água
meus olhos ficam vermelhos
e meus bolsos e minhas cuecas
cheios de areia
ou eu posso ficar em casa
ouvindo música
sozinho,
apreciando a sensação
de não sentir mais nenhuma
presença além da minha,
poder ler poemas e contos
e romances
e quem sabe até escrever
alguma coisa.
Infelizmente sei
que não é tão
fácil assim
a estadia nesse
mundo.
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