Poemas : 

São Doces, Senhor...

 
Não é dia de Reis, mas é como se fosse.
Coroas na cabeça, vozes afinadas, sorrisos a preceito e caminho fora alegres e carregados de simpatia, lá fomos. O reco -reco afinado a três mãos rasgava o frio, as peles entoavam a força das crianças e os triângulos tilintavam acompanhados do canto mais ou menos afinado pelas brincadeiras sempre apetecidas dos miúdos. Os sorrisos desenhados nos rostos das pessoas mostravam que a afinação nem era assim tão importante, mas sim a doçura, a inocência e a magia saída dos bancos outrora de madeira, acompanhadas pela alegria e malandrice dos mais velhitos.
É verdade, a escola não são só as quatro paredes da sala, mas sim tudo o que se pode dar em troca de vontades, de sorrisos estampados nas nossas memórias.
Risos, olhares mais ou menos envergonhados, jogos de cintura acompanhados por ritmos são sensações que se devem repetir amiúde, pois ser criança é uma caixa cheia de alegria, bem estar e um rebuçado faz a diferença num tempo cada vez mais interesseiro, carregado de manhas e preconceitos.

São doces Senhor...


Carolina

 
Autor
Carolina
Autor
 
Texto
Data
Leituras
697
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
14 pontos
4
1
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Volena
Publicado: 12/01/2018 22:56  Atualizado: 12/01/2018 22:56
Colaborador
Usuário desde: 10/10/2012
Localidade:
Mensagens: 12485
 Re: São Doces, Senhor... P/Carolina
Encantador... uma doçura! Amei e guardei e que o Senhor lhe dê muitas alegrias, beijinho como rebuçado!


Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 13/01/2018 21:18  Atualizado: 14/01/2018 08:53
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 1940
 Re: São Doces, Senhor...
Doces os sorrisos. As boas vontades.
Não há como não concordar com o teu texto, muito bem escrito, em que a alusão ao milagre das rosas não foge à ideia que a inocência, hoje em dia, é o verdadeiro milagre.
Algumas crianças e pouquissimos adultos ainda os vão fazendo.
O regresso à terra dos esforços desafinados, a condescendência com as falhas humanas e perfeitas.
Parece que voltámos ao Natal, mesmo já fora do Dia de Reis, mas cabe-nos tentar que "o Natal é quando um Homem quiser" e, de preferência, todos os dias.

Bj