Poemas : 

Dor

 
A dor que eu não sinto,
fisicamente,
por outro lado
ela está toda no emocional
e na minha raquítica alma,
cansada.

Nisso você tem razão,
as espinhas não são nada
quando sinto o toque dos seus dedos
e o arrastar da ponta das suas unhas,
forçando que o pus jorre para fora.
Não sei como você gosta disso,
mas eu me sinto deitado nas nuvens
mesmo estando deitado
sobre a grama
e algumas imperfeições do solo
que penetram minha carne,

sua respiração de encontro a minha,
o céu ao dispor
dos meus olhos
e eu me encanto mais
quando, despercebido, abro meus olhos
e tudo que eu vejo
é seu delicado rosto
em busca de espinhas
e cravos,

seus olhos, negros,
me fizeram acreditar,
por um momento,
que era noite
mas era tarde,

mas era tarde de mais
para mim
agora não consigo me livrar disso,
pelo menos
me rende bons poemas,
como esse,
por outro lado...
o que falta?
O que não tem em mim
que tem nos outros caras?

Simplesmente não é para ser
ou
não é a hora.

Como a rosa
e seus espinhos,
o mundo também vem me machucando
quando tento me agarrar em algo
e agora me encontro flutuando
em um vácuo,
confuso como uma criança
se a inocência de uma,
tudo parece estar embaralhado
como em um jogo de cartas,
minha mão está fraca,
acabei me tornando um profissional
no blefe
e hoje, não consigo ser verdadeiro
mesmo quando quero,
porém
com a caneta em minha mão
as verdades escorrem
me aliviando.

Não consigo dar a importância
necessária,
para o que, seguindo a logica,
devia ser importante,
infelizmente
acabei sendo pego em uma paixão não correspondida
e tempos desisti
de me livrar,
percebi que não sou capaz
de tal façanha,
então me encaixei no conformismo
que por muita das vezes
é deveras frustrante,
então como um cachorro
abandonado
a mercê da fome,
me alimento das sobras,
o que me importa
é saber, se ela realmente está bem,
fazendo o que for preciso
para que o mesmo aconteça.

Não gostaria de chegar
ao mesmo nível de Van Gogh
e acabar enviando
minha orelha ensanguentada
para ela,
confesso que pensei no assunto
mas me lembrei
que essa orelha
captou o som
de sua voz, tão próxima,
balbuciando
as músicas do Rex Orange,
então, quem sabe,
eu acabe enviando
meu braço direito,
com isso terei que aprender
a escrever com o esquerdo.




 
Autor
GabrielsChiarelli
 
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