Esta insónia que carrego, não tem pés nem cabeça
prega-se-me aos olhos abertos, como uma sombra fixa
esta ânsia que desbrava este meu corpo dorido
é como um pranto escondido, um riacho entristecido
Estes dedos que escrevem, cegos e entorpecidos
não vêm nem caminham nos meandros do trilho
são pétalas murchando, no empedrado piso
ventos alucinados, mas presos por um rastilho
fogo alto e bravio, sem controlo nem atalho
ardendo na enseada deste meu peito ferido
Onde estão as palavras que tantas vezes disseste
onde estão os olhos com que tantas vezes me olhaste
onde estão os verbos que tantas vezes conjugaste
Onde estão? pergunto-me neste insónia vadia
Escrito a 3/11/2018