Poemas : 

A fina estampa do sonho

 



não chama mais atenção
a roupa que o mundo veste.
mil anos diante dos meus olhos
parece que andou e o falso brilho
foi rasgado, deixando
de ludibriar a visão.

anda o tempo puindo tecido de
trama mal acabada.

anda o tempo e vai
na frente deixando cegos atrás,
entre tropeços da ilusão e dor
da revelação, quando se apoiam na erguida muralha, sob a fina estampa do tecido, que revela que, o que emana quente tem protuberâncias ferinas e letais
e o que se mostra frio,
solta lama e lodo...

sim,
sobressaindo das fissuras, feito dentes dentro de sorrisos, há flores, efêmeras ao primeiro toque das interrogações.



Aquela mania de escrever qualquer coisa que escorrega do pensamento.

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Autor
MarySSantos
 
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Enviado por Tópico
Margô_T
Publicado: 30/05/2020 07:58  Atualizado: 30/05/2020 07:58
Da casa!
Usuário desde: 27/06/2016
Localidade: Lisboa
Mensagens: 308
 Re: A fina estampa do sonho
As aparências iludem:
“não chama mais atenção
a roupa que o mundo veste.”

por isso o “brilho” que dantes se encontrava deixou de se ver, de repente, como se “mil anos” tivessem passado entre o “brilho” e o que agora se vê.
Andamos nós a lustrar o que “mal acabado” existe… enganados pelo que vemos e por nós próprios (que nos tornamos “cegos”, incapazes de ver a essência e trama das coisas, o que genuinamente existe).
A “fina estampa do tecido” é uma “muralha” que esconde “lamas”, “lodos”, logros e venenos:
“a fina estampa do tecido (…) tem protuberâncias ferinas e letais”
ainda que por fora
“sobressaindo das fissuras, feito dentes dentro de sorrisos, há flores, efêmeras ao primeiro toque das interrogações.”

Só nos interrogando poderemos ver além do óbvio...

Gosto!

Bjs