"Será que ninguém escuta
a voz das mãos vazias?"
[...]
Doce-amarga poesia
retratando todo um povo
esmagado pela ganância
à espera do renovo
Bandeira hasteada
marca-pátria de uma terra,
marca-passo imigrantes,
sob escombros da miséria
O azul veste vermelho,
camuflando a soberba,
enaltece democracia
e respira demagogia
Divide o pão da vergonha
com Rolex firme no pulso
se diz contra o imperialismo,
mas não suporta o comunismo
Na fronteira Pacaraima
Vê-se a tal realidade
O pranto que vem do Delta
não cabe mais numa bagagem
Índios, latinos, caribenhos,
mochilas carregadas de um nada,
e de toda uma lembrança
do que fora Venezuela
nos meus tempos de infância
País primordial,
Sucumbido pela guerra,
Os cassinos são favelas,
Bolivarianismo da mazela
Foste Veneza no passado,
Foste alma, sentinela,
Guardiã nos ameríndios,
e das bacias de petróleo
Foste ama de leite de energia
para nós, cá em Roraima,
Foste zona de conforto
nas férias de encontro ao mar
Hoje, lutas
pela própria sobrevivência
O mundo se divide em opiniões
De seu povo só se vê
a marca da descrença
Renato Braga