Meus mortos e meus sonhos andam juntos
Grudados à escuridão que embirro em manter
No rebuliço dos ventos, meio dia de outono
As cinzas espalhadas sobre o chão crestado
Meus mortos conheço-lhes, de cada, o nome
Sei que até transitam livres por meus versos
O cheiro da loção de barba alcoólica e barata
Os garfos e facas desemparelhados e tortos
Meus mortos, sei-lhes qualidades e defeitos
O subversivo, circunspecto, solene e outros
As gravatas desalinhadas sobre o terno azul
Um dia a morte nos recolherá para a solidão
Aquela mesma de nossos medos mais infantis
Dor e angústia protagonizam o show
Quando a noite vem, a mágica se faz
Nasce o poema das entranhas feridas
Então, abro as asas e voo ao infinito.