Assim que te vi, o mundo conhecido deixou de existir
Entrastes naquele salão e o tempo ficou em suspensão
Os teus cabelos da cor do trigo, balançavam em ondas
Enquanto tu descias os degraus, quase pairando no ar
Eu achei que eras um anjo que vinha descendo do céu
Um feixe de luz veio pela janela marcando tua silhueta
Teu sorriso largo e teus olhos de esmeralda a me fitar
Eu soube de tua existência toda a minha vida, sempre
Logo imaginei meus dedos, tocando a tua pele de seda
Tomar-te para mim, sentir o calor num abraço sem fim
Imaginei carícias, sentir cada curva, pensei te dar o sol
Mas, descobri que já eras o sol que invadia minha vida
Tu iluminarias meus dias, tal qual jamais ninguém o fez
Nós fizemos amor por dias, das auroras ao crepúsculo
Corpos nus, almas unidas como dois viajantes do tempo
Em um loop infinito, meio a beijos, suspiros e confissões
Com o correr dos anos passei a escrever tudo sobre nós
Na ânsia de guardar todas carícias, afagos e sensações
Mas hoje, o que era tua voz é o silêncio mais distante
Tudo se foi, a luz apagou e eu fiquei aqui a te esperar
Meu mundo restou vazio e nada faz qualquer sentido
Entre recordações só imagens do que um dia foi viver
O céu te levou de volta e eu nem pude te dizer adeus
"Somos apenas duas almas perdidas/Nadando n'um aquário ano após ano/Correndo sobre o mesmo velho chão/E o que nós encontramos? Só os mesmos velhos medos" (Gilmour/Waters)
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