Poemas : 

Mar em ruínas

 


Barcos com velas enfunadas.
Com o vento.
Ondas apartadas.
As proas vão cortando.
A vela, a velejar.
Numa altura de pássaro.
Com a terra em prumo.
Com voo em cerco.
Veste-se de azulado mar.

Sem horizonte.
Para a passagem.
Nem para a marejada.
Águas curvas.
Ao sol.
Como num espelho ardido.
A tormenta cresce.
Em floração e véu.
Junto às sáfaras da paisagem.

O marujo veleja.
Em perdição.
De lés a lés.
Varre a quimera, o convés.
De lés a lés.
Na gávea.
Abre-se o arnês.
Onde boia o sonho.
Para não cair no fundo.

A onda irada.
Deixa o dorso frio.
Numa fúria de tufão.
Atira vento às gaivotas.
Ondas e noites turvas.
Marés vivas, em quina.
Vagas e gotas.
Borda fora.
Barcos à vela, num mar em ruínas.












Zita Viegas















 
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atizviegas68
 
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Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 24/04/2022 09:25  Atualizado: 24/04/2022 09:27
Usuário desde: 06/11/2007
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Mensagens: 1940
 Re: Mar em ruínas
Bom



Bom era poder as armas baixar
com elas limpar o chão, vassoura,
as balas, bombas todas encravar,
dedicar as armas todas à lavoura.

Bom mesmo era poder até deixar
de escrever sonetos, a salmoura
salgar outros motes, sem salgar.
E os sonetos da guerra que agoura.

Bom era a paz e muito amor, sexo;
bons os beijos nas irmãs e irmãos.
Bom era o silêncio, uma ode ao amor.

A liberdade de escolher o sem nexo,
nunca mais sujar de sangue as mãos.
As armar baixar, com fogo e ardor.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 25/12/2022 10:52  Atualizado: 25/12/2022 17:29
 Re: Mar e ruínas




Sejamos Bacalhaus
Tainhas Tigres,
Pairemos como tímidas
Baleias brancas,
Entre a terra,
O céu e o mar submerso,

Somos serenos
Elefantes do antes
Até ao depois dos tempos,
Em terra estreita, ruínas
Dum amor que ardeu,
Num mar que se cobriu de cinza




Joel Matos