Poemas : 

sem título

 

no estreito parapeito
forma-se um véu
diante olhos baços
de sombra acumulada,
só,
resignada.

outrora os braços,
na vista desafogada,
como por defeito
ali pousaram,
no pó,
contemplando o céu.

 
Autor
Paulo-Galvão
 
Texto
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Enviado por Tópico
GabrielaMaria
Publicado: 28/12/2023 19:28  Atualizado: 28/12/2023 19:28
Membro de honra
Usuário desde: 04/09/2022
Localidade:
Mensagens: 1051
 Re: sem título
.

Imaginei seu poema como sentar na beira do passeio, bom, eu gosto.
Abraços.


Enviado por Tópico
HorrorisCausa
Publicado: 29/12/2023 18:07  Atualizado: 29/12/2023 18:07
Administrador
Usuário desde: 15/02/2007
Localidade: Porto
Mensagens: 3597
 Re: sem título /PauloGalvão
olá PauloG

a maturidade deste poema é invejável. formado por dois tempos, presente e passado, tem uma linha de tempo, a continuidade do olhar da alma, talvez até alcançar um céu que nunca se afasta.
obrigada

atenciosamente
HC


Enviado por Tópico
Alemtagus
Publicado: 29/12/2023 21:05  Atualizado: 29/12/2023 21:05
Membro de honra
Usuário desde: 24/12/2006
Localidade: Montemor-o-Novo
Mensagens: 3101
 Re: sem título p/ Paulo-Galvão
Vejo um poema longo que "incentiva" a leitura. Passos dados, outros perdidos... um precipício. A simplicidade é, na grande maioria dos casos, o alimento da poesia e essa simplicidade atinge-se através da leitura.


Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 30/12/2023 07:36  Atualizado: 30/12/2023 21:43
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 1940
 Re: sem título
Primeiro, estranha-se a simetria na rima da primeira para a segunda estrofe.
Entretando, estranha-se o título.

Acaba-se, com a forma verbal no tempo passado e começa-se no presente, também no que diz respeito às estrofes.

E volto a estranhar o título, e já começo a achar que o poema (sim, é um poema, e não pequeno) devia ter um grande título.

Depois há rimas dentro dos próprios versos como no caso de (logo no primeiro) "no estreito parapeito...". só para reparar que o começo podia ser o meio, já que é feito em minúscula.

"...olhos baços\de sombra acumulada..." tem um sentido amargo muito profundo. A mágoa turva a visão, quer literal, quer metaforicamente.
Mas o "...véu..." da mesma estrofe (coisa de noiva, por exemplo) mantém um ar de inocência que associo à esperança.
Não me parece algo definitivo, apesar de duro, a primeira estrofe.

E volto a estranhar o título.

O saudosismo que surge na segunda estrofe foi bem conseguido, quer na imagética, quer no uso apropriado da metáfora.

E ainda ando engraçado com a rima do "...só..." com "...pó...".
e ponho-me a pensar se o "...parapeito..." não será, afinal, um neologismo.
Ou seja, algo como para-peito, sendo o prefixo designação de "acima de" e peito, bom peito é aquilo que já se sabe...
Que me leva a uma interpretação um pouco diferente: o "...estreito..." coração, por exemplo.


Muito bom!

Favoritei

Apesar do título, que afinal até já acho grande.