
A Ausência de Tudo
A falta de nada, a ausência de tudo,
e no fim do abismo um grito agudo,
realidade horrível do nascer e ser,
não havendo saída possível do mundo.
Eu mostro a dúvida por nada saber,
pois as certezas são um desprazer
que eu carrego mesmo sem querer,
e desgraça pouca eu não quero ter.
Existe imenso céu entre Deus e mim,
mas uma fina parede entre mim e o diabo;
é com esta heresia que tudo se perdeu,
e o diabo posava de santo ao meu lado.
Nunca haverá dualidade no que é humano,
o obsceno não é sagrado, mas nem sempre é profano.
Saiba: se concordar comigo, ficará no meu pano,
mesmo achando que estes caminhos são uma piada.
Na verdade, são caminhos que não levam a nada,
são o suprimir da alma e o desertificar do ser,
caminhar sem rumo pelas frias madrugadas,
mesmo tendo tudo, mas sem nada ter.
Alexandre Montalvan
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