Poemas : 

Holograma

 
Por detrás daquela nuvem branca, incandescente, acompanhada pela imagem tridimensional volante,
Habita uma consciência além da percepção de qualquer imaginação...

Ao fundo, a música antiga, agora já tão distante da realidade vivida...

Sem proporções caminha o sonho...Num cenário pleno de caracteres em fontes monotype corsiva...

Os pingos fosforescentes não eram da chuva...mas pertencentes a uma desproporção irreconhecível do âmago humano...

Saem palavras? Ora, ora...Elas despencam aos borbotões de uma solidão corrosiva, que do peito arfa...e por si se desconhecem...

Tudo é forte...inimaginável...desfigurando tudo que se possa romper da alma...lado criança - do príncipe pequeno...lado altivo – furtivo e frouxo como cachos de uva que se arrastam pelo chão...parreiras roxo-rosadas...
Um bom vinho no estalar da língua.

Daquilo que se imagina - se é que se consegue - apenas a translação de verbos desconectados...dentro de uma esfera sagrada, que embala o tão doce adormecer? Talvez....

Talvez...esse é o advérbio do tempo que resiste – sem que persista...

Talvez...quiçá...um outro dia...Vazio...oco e fosco...

Desprendida da lua que brilha – acima do céu azulado, findando a noite, se acercam as impressões, destiladas e dedilhadas naquela guitarra outrora tocada – sem que saia um único som...

É o silêncio dos inocentes e dos culpados que vagueiam por aí...nada propondo e tudo realizando – como se algo fosse possível pelo poder do pensamento....

E o sono é apenas uma poesia...que aos trancos e barrancos escoa pela memória um tanto quanto apagada, mas assoberbada de recordações....

Tic, tac...tic, tac...


 
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umadesconhecida
 
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