Dizem que casar é bonito,
é sonho de véu, lar e flor,
mas ninguém fala do grito
silencioso do temor.
Você vem de um mundo estranho,
ou talvez, sou eu quem vem.
Teus costumes, teus caminhos —
tantos que o meu não tem.
A mesa posta, o jeito de orar,
o modo de reagir ao caos,
teu silêncio pra pensar,
meus mil planos tão iguais.
E mesmo assim, meu coração
não quer fugir, nem recuar.
Ele te ama na contramão
do que eu achei que era amar.
É medo de abrir mão de mim,
mas mais ainda, de perder você.
E se tudo mudar, enfim,
quem garante que vai doer?
Amar é também temer,
mas não há coragem sem esse risco.
Se for pra aprender a crescer,
prefiro contigo… no mesmo abrigo.