Quem ouve as minhas palavras
Não escuta apenas sons,
Mas recolhe sementes invisíveis
Que plantei com as mãos da alma.
Há ouvidos que são jardins.
Neles, minha voz floresce
Sem que eu saiba
O nome da estação.
Quem ouve as minhas palavras
Carrega um pouco de mim,
Feito rio que recebe o reflexo
Mas segue o seu próprio caminho.
Falo
E se me ouves de verdade,
És mais do que ouvinte:
És espelho, eco e recomeço.
Quem ouve minhas palavras com o coração
Transforma silêncio em entendimento,
E o mundo em volta,
Num lugar mais terno.
Se minhas palavras te tocarem,
É porque, talvez, antes disso,
O silêncio que há em ti
Já conversava com o meu.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense