Flores para Outra, Espinhos para Mim
Ao humilhar uma mulher,
o homem sente um estranho prazer
em exaltar outra.
Aponta o dedo para uma
como se fosse problema –
e coroa a outra
como se fosse perfeição.
Ele elogia a que não questiona,
chama de “generosa” a que se anula,
de “leal” a que aceita calada,
de “amorosa” a que nunca se impôs.
Diz que ela é doçura, leveza, paz.
Mas esconde que o que ele quer
é controle, não conexão.
Ele compara para ferir.
Ele elogia para diminuir.
E enquanto ergue um pedestal pra outra,
me deixa no chão –
como se eu não valesse.
Mas eu enxergo.
Hoje eu vejo:
o que ele chama de “complicada”
é, na verdade, mulher inteira.
— Naldha Alves
"Escrito a partir da dor de perceber que o amor, quando desigual, pode ferir mais do que curar."