Ardeu
como chama solta em campo seco
sem aviso, sem pudor
beijo voraz, olhar de abismo
fomos dois corpos em pleno ardor
Foste febre, sede, vertigem
nos teus braços, perdi o chão
era delírio, era vício, era miragem
mas foi intensa e voraz paixão
Foi daquelas que rasgam sem piedade
que não perguntam se vai doer
um toque teu era tempestade
e eu? sem abrigo para me esconder
Inventámos fantasias em segundos
mentimos com os olhos, com a pele
mas nada em nós cabia no mundo
só o excesso, o sal...o fel
Agora, resta só o cansaço
de um amor que foi incêndio e ruína
queimou tudo, até o compasso
do coração, que já não atina
Foi paixão sim, da mais real
mas dessas que vêm sempre a sorrir
fogo lindo, cruel, infernal...
que ensinou a amar...e a destruir.
Mário Margaride
Adoro a poesia. E tal como um pássaro, voo nas asas das palavras, no patamar do meu sentir, e das minhas emoções.