Um lugar começa quando o silêncio respira contigo, quando uma pedra ou um banco de praça de repente se inclinam para ouvir teus passos.
Um lugar termina quando teu coração já não o reconhece, quando a porta se fecha sem saudade e a janela abre-se para ninguém.
Lugar vira lugar no instante em que o espaço ganha pele de lembrança, quando o ar se mistura ao teu sopro e a memória finca raízes invisíveis.
Um deserto, onde quase se move, pode ser mais cheio de lugar que uma floresta em turbilhão, porque ali o silêncio é totalidade.
Um céu pode ser mais chão que a própria terra, porque nele repousa a ideia de infinito, de abrigo sem paredes.
Não é chão, não é muro. É pacto secreto entre o que vive fora e o que floresce dentro.
Inconstante...
