que era dor
dissolveu-se no ar,
restou o eco —
um nada que respira.
O vazio aprendeu com o tempo,
a esperar como quem sonha
sem saber o que virá.
Há um murmúrio nas frestas
do que já foi sentimento,
um sopro que se esqueceu de ir,
mas ainda toca o silêncio.
O corpo lembra,
mesmo quando a alma esquece.
E o esquecimento —
esse espelho sem rosto —
também sabe esperar.
No fundo, tudo é ausência,
tudo é lembrança partida.
O tempo passa por dentro
como vento em casa vazia.
E se há vida depois da dor,
ela fala baixo,
como quem teme
acordar o que restou.
Agora, só o silêncio respira.
E o vazio,
num último suspiro,
aprende a ser paz.
Hondy