Desde que nascemos que somos renegados!
Abandonados p'lo silêncio choramos ao nascer;
do ventre de nossa mãe infames despojados,
condenados neste mundo à sequência de sofrer...
Renegam-nos os sonhos que se afastam cada dia
renegam-nos sem voz os abraços que pedimos
renega-nos o filho que embalámos e dormia
num berço de saudade que afagamos e sentimos.
E renega-nos a vida quando a morte chega
renega-nos a morte quando começa a vida
sem que inevitavelmente se perceba ...
E seguimos prisioneiros dos nossos antepassados
porque nada nos foi dado de forma consentida
e nós não passamos de simples renegados!
Ricardo Maria Louro