só os descabidos embrenham a manhã
com a veleidade assumida de querer luz
sem que nada lhes afirme
nessa linha ténue de morrer e renascer
que o astro dizimará o manto negro
e não assegurará a fuga à escuridão
há mais e mais dos que se agarram ao negrume
como se nele houvesse a salvação
mas quando a lágrima escorre no escuro
ninguém lhes vê os partos da emoção
a luz não a desejam não a ousam
fracos de ser
acham loucura
a dos expostos à vitamina da esperança
não lhes ocorre mais do que deixar morrer
e dizem só dos outros que são tolos
por crerem sempre no amanhã
e o mais que vejo desses é a cegueira
de se acharem perdidos e já se perdem
posso ser louco, pouco ou muito
nada me importa senão o instante
aquele em que o sol se sobrepõe à noite
é sempre justo pensar que a luz nunca morre
apenas espera o momento certo
por isso abro sempre os olhos
na ânsia de ver o que quero
sem nunca ter visto
27-11-2025
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