Sonho,
não, quando durmo,
mas quando estou bem desperta,
de meus sentidos, 
e te tenho ao meu lado.
Invento-me,
porque a vida perde o seu colorido,
como se fora um  descontrolo meu.
Desconsolo-me sempre, 
quando te tenho ausente,
na paisagem de meu quotidiano.
Escrevo,
porque careço de tua presença,
quando tu não estás,
é como se pintasse uma natureza morta,
na qual eu precisava de te incluir,
para que ela ganhasse luz e perspectiva. 
No enquadramento que faço,
de meu quotidiano,
eu só não me desnorteio,
porque vives na minha memória,
em permanência. 
Então, quando tu estás,
eu ganho veia,
inspiro-me,
tiro partido de nós,
obtenho assim uma mais-valia.
Faço o sonho rolar nas nossas mãos,
como se fora uma bola,
tu entras no jogo,
e ela rodopia, 
num crescendo.
E o sonho vai,
e o sonho vem, 
vira num instante magia,
porque metemos ambos,
mais um golo certeiro, feliz,
na baliza da nossa vida!
beatriz barroso