Gaveta de sonhos

QUE GAVETA TÃO ENIGMATICA E CHEIA DE SONHOS POR REALIZAR.

QUANDO SE PERDE UM FORTE AMOR, QUANDO VEMOS O NOSSO AMADO SAIR PELA FORA CARREGADOS DE MALAS, FICA EM NOSSO CORAÇÃO UM PESO ENORME DIFICIL DE SUPORTAR, E NEM O TAL PALEINHO, ENVELHECIDO, AMARELADO, VOLTARÁ A SER BRANCO NEM AS RUGAS QUE TEM JAMAIS SE TORNARÃO LISAS, A NÃO SER QUE, UM NOVO SONHO, UM NOVO AMOR TOME CONTA DE NÓS E ASSIM POSAMOS ALIVIARMOS DA CARGA E ENTÃO, ALIMENTAR O CORAÇÃO COM UM FORTE E SUBLIME AMOR.

QUE SEUS SONHOS SE TORNEM UMA REALIDADE.

Margarete,

Este teu texto - ou conto -, a começar pelo título, tinha tudo para ser chato. E, confesso, comecei a ler suas palavras com alguma reserva. Por feliz engano meu, o que se deu foi exatamente o contrário. As imagens, apesar de sufocantes, são belas, "decorara as palavras como se fossem um mapa, um mapa que escondia o regresso a casa." "Maria calou-se e a sala chorou, Maria chorou e a sala falou, Maria levantou-se e sala deitou-se aos seus pés contorcendo-se de dor, uma dor que não lhe pertencia." Gosto desta solidariedade da sala com a personagem Maria. Gosto da utilização das letras minúsculas no início das frases. O final do texto é bastante feliz, embora infeliz, apesar da música dos vizinhos.Não sei se é uma narrativa de amor. Sei que o desespero da personagem é um desespero tranquilo, coisa de quem já se familiarizou bastante com ele, e por isso não se apavora mais, ainda que a dor castigue com seu impiedoso punhal. É um raio X sem retoques de uma solidão em estado bruto.

Afeto,

Júlio

Gostei do uso da letra minúscula, continuo a achar que os parágrafos deveriam existir. Apesar dos seus textos parecerem entediantes na verdade são verdadeiras surpresas, têm tudo para ser banais mesmo sem o ser. Deixe que lhe diga que passei uma vista de olhos pela sua escrivaninha e gostei da maior parte do que vi.
Gosto dos seus textos em tom de conto mas não gosto da lamechice em excesso que por vezes emprega.

De qualquer modo continue com o bom trabalho.

Saudações literárias.