Poemas : 

Uma ode alcaica

 

Não existe deus único.

Do caos ao cosmos, gestos se definem

No caminho dos espelhos

Que, por sorte, nos deram para olharmos

E indagarmos o mundo.



Não pode o Olimpo ser

Miradouro criado para um só

Olhar contemplativo.

A terra o canta, o sol o pronuncia,

Os rios o traduzem.



E nós, meros actores,

Que tecemos por estes palcos as teias

Que nos deram por fado,

Aprendemos que os templos também tombam

No turbilhão do tempo.



Não existe deus único.

Um a outro, como filho a pai, sucede

E sua herança nega

Ou complementa. Aos deuses nada é fim

Tudo é eterno ciclo.




Xavier Zarco
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Xavier_Zarco
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 27/07/2008 16:09  Atualizado: 27/07/2008 16:09
 Re: Uma ode alcaica
Leio e comento pela primeira vez um poema seu, e parece que o momento não poderia ser mais indicado, uma vez que é magnífico o olhar que tece sobre a divindade.
Partilho e sinto da mesma forma este tema.
Estive com o seu livro nas mãos há dias, de visita ao Alentejo. Não o comprei porque já tinha dono, era do meu amigo Val.
Da segunda vez o farei.
Um abraço.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 27/07/2008 20:09  Atualizado: 27/07/2008 20:09
 Re: Uma ode alcaica
"Não existe deus único.
Um a outro, como filho a pai, sucede
E sua herança nega
Ou complementa. Aos deuses nada é fim
Tudo é eterno ciclo."

Este seu poema me fez lembrar de um livro que li "TERRA" Biblioteca Viva, e ele retrata exatamente o que vc escreveu nos teus ultimos versos. De fato, estes ciclos planetários existem, não só aqui, mas em todo Universo, e estamos diante de vários Deuses por excelência, como se estivessem de lá de cima, manipulando peças de xadrez.

É a primeira vez que leio um texto teu, e gostei muito da tua lucidez e lógica.

Até mais ler...

Bastante sore e sucesso sempre!!