O Poema que era Feio

Nasci feio e iletrado
De um suspiro profundo,
Entre o choro desalmado
Que ainda cala o mundo.

Rimei com a vida,
De noite, todo o dia,
Nesta infância perdida
E que de perdida se perdia.

Soletrei os passos que dei,
Os olhos das mulheres todas,
Seus corpos nus, sexuais.
Afirmei o sim, fracassei,
Nos altares de tantas bodas
Em festas e funerais.

Envelheci ao som das Czardas
Com Dós colados a mim
Em cara cheia de sardas
E pózinhos de pirilim-pim-pim.

Ainda sou feio...
Lavado em letras vastas
Que venero e leio...
Em tuas planícies gastas.