Poderia ser restolho, o resto que fica por aí.
O que não fica, não será menos do que pão,
menos do que é a fome saciada antes de renascer.
Poderia ser escolho, o que sai da pele por aqui.
O que não sai, nunca será menos do que irmão,
menos do que carne com sangue igual a correr.
Joio, muros, buracos, penhascos...
poderia ser isso tudo, o que aflige pessoas e gente
e acaba só por ser a dor em qualquer linguagem.
Tremula-se a voz para repetir:
“é dor em qualquer linguagem”,
num insistente, repetido, batido, quase balido estertor
que é sempre o mesmo em formas que afligem
como o mais completo perecimento de amores avós.
Poderia ser tudo o que impede o sentido erecto,
Poderia, sem dúvida, ser o que se chora por mágoa
Poderia até ser a insistência de uma teimosia ruim
Só não é o encanto que se pretende querer sentir.
Valdevinoxis
A boa convivência não é uma questão de tolerância.