Esconde o sentir no orgulho masculino
densa a lágrima que escorre por dentro
mergulha no trabalho
corpo cansado
em torpor
o olhar ainda felino
de predador
o esquecimento é uma meta
numa vida nova
em que não há lugar a perdão
(à terceira é de vez)
alma risonha
em partilha da cama vazia
(para que os outros não saibam da dor)
todas as bocas experimentadas
têm o sabor da amada
todos os corpos percorridos
são a alvura da mesma pele
abandonada
não olvidada
em veludo
sentida e pressentida
enganos e desenganos
beijo por inventar
gesto suspenso
meu mar.
Chora!
Liberta as lágrimas
num grito
de espanto.
Que o amor
não seja o pranto
que
adias sem saber.
AnaMar