Sonetos : 

CEM SONETOS DE AMOR

 

Soneto XXXIII

Amor, ahora nos vamos a la casa
donde la enredadera sube por las escalas:
antes que llegues tú llegó a tu dormitorio
el verano desnudo con pies de madreselva.
Nuestros besos errantes recorrieron el mundo:
Armenia, espesa gota de miel desenterrada,
Ceylán, paloma verde, y el Yang Tsé separando
con antigua paciencia los días de las noches.
Y ahora, bienamada, por el mar crepitante
volvemos como dos aves ciegas al muro,
al nido de la lejana primavera,
porque el amor no puede volar sin detenerse:
al muro o a las piedras del mar van nuestras vidas,
a nuestro territorio regresaron los besos.



Soneto XXXIV

Eres hija del mar y prima del orégano,
nadadora, tu cuerpo es de agua pura,
cocinera, tu sangre es tierra viva
y tus costumbres son floridas y terrestres.
Al agua van tus ojos y levantan las olas,
a la tierra tus manos y saltan las semillas,
en agua y tierra tienes propiedades profundas
que en ti se juntan como las leyes de la greda.
Náyade, corta tu cuerpo la turquesa
y luego resurrecto florece en la cocina
de tal modo que asumes cuanto existe
y al fin duermes rodeada por mis brazos que apartan
de la sormbra sombría, para que tú descanses,
legumbres, algas, hierbas: la espuma de tus sueños.


Pablo Neruda
( 12/07/1904 — 23/09/1973)
Autores Clássicos no Luso-Poemas

XXXIII

AMOR, agora nos vamos à casa

onde a trepadeira sobe pelas escadas:

antes que chegues, alcançou teu quarto

o verão nu com pés de madressilva.




Nossos beijos errantes percorreram o mundo:

Armênia, espessa gota de mel desenterrada,

Ceilão, pomba verde, e Yang Tsé separando

com antiga paciência os dias das noites.



E agora, bem-amada, pelo mar crepitante

voltamos como duas aves cegas ao muro,

ao ninho da longínqua primavera,



porque o amor não pode voar sem deter-se:

ao muro ou às pedras do mar vão nossas vidas,

a nosso território regressaram os beijos.
...............................................






XXXIV


ÉS filha do mar e prima do orégão,

nadadora, teu corpo é de água pura,

cozinheira, teu sangue é terra viva

e teus costumes são floridos e terrestres.



À água vão teus olhos e levantam as ondas,

à terra tuas mãos e saltam as sementes,

em água e terra tens propriedades profundas

que em ti se juntam como as leis da grega.



Naiade, corta teu corpo a turquesa

e logo ressurgido floresce na cozinha

de tal modo que assumes quanto existe



e ao fim dormes rodeada por meus braços que afastam

da sombra sombria, para que descanses,

legumes, algas, ervas: a espuma de teus sonhos.


 
Autor
Pablo Neruda
 
Texto
Data
Leituras
993
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.