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Cai certa a noite errante ...
Espaços ocos de memórias vãs
preenchem o vazio do tempo
que vegeta na surdez do ouvir
palavras feitas da cor que ilumina
secreta dúvida de estar vivo
Canções que não embalam
saem das vozes que calam
lamentos de um dia que foi
esperança de ter luz...
(Eu disse-o e repeti
... mas não ouvi)
Traz-me o fato das Festas
(sim... aquele que não tenho)
e vamos juntos na procissão
(ninguém nos vê... nem nós)
O cheiro a cera queimada
lembra mãos trémulas em velas
de promessas por cumprir a tempo
de velar sonhos moribundos
Ao longe... cada vez mais longe
o escuro é cada vez mais escuro
Só o fato das Festas torna clara
a embriaguez das noites vividas
ao relento
no vazio de uma vida por viver.
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"A ausência só é efectiva quando a presença nos é, ou foi, indiferente" (Ajota)