A esperar
A esperar
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem gozá-la penso.
Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha
De ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo
Fernando Pessoa
Espero por ela com sofreguidão
No ígneo da minha paixão interna
Eu espero por ela... Sim por ela espero
Com minha esperança sempiterna...
No acordar do luar e na brisa da viração
Por ela eu espero... Sim eu espero por ela
Na doce melodia das estrelas cadentes
Vivo a sonhar com o sorriso da donzela...
Perco-me a esperar por ela, sim por ela
Não adianta eu sempre hei de esperar
Na vida e na morte eu espero por ela
Por ela eu aguento a espera deste meu amar...
Eu espero por ela... Sim por ela eu espero...
D. Ferreira Yossef, 20/03/2015
Lembro-me
Lembro-me
As lentas nuvens fazem sono,
O céu azul faz bom dormir.
Boio num íntimo abandono,
À tona de me não sentir.
F.Pessoa
Sempre quando eu paro
Não me percebo ao atinar
Sou desconhecido de mim mesmo
E não sei mais como mo encontrar...
Leio meus versos e me desconheço
Não me vejo em meus versos idos
Meus versos não são mais meus
São versos de todos os seres sofridos...
Esses versos não são meus vocifero!
Não queria ser assim tão incógnito,
Mas fazer o quê? Só faço escrever...
Queria me achar, é isso que eu espero,
Encontrar nesse escrito tão mais bonito
A bela poesia que me pus nela a viver...
D. Ferreira Yossef, 16/03/2015
Nesse meu silêncio
Nesse meu silêncio
Nesse meu silêncio surgiu minha paixão
No âmago deste meu ser tão frugal
Parou-me uma flecha no limiar coração
Nesse interlúdio de olhar sem igual...
O que seria de mim sem ti?
O que seria da vida sem amor?
Quero-te somente para mim!
Escrever-te-ei meu verso e louvor...
Louvar-te-ei com meu poema português
Na pena lusitana de teu doce sorriso,
Quero-te somente sem importar os porquês...
Faço desse meu escrito minha seta ardente
Faço de ti minha vida e meu paraíso,
Hoje sou dentre os poetas o mais contente...
Pero Vasco Lisboa, 03/11/2014
Desencontros
No amor há muitos desencontros,
Muitos caminhos opostos,
Muitas variantes...
No amor há muitas provas,
Muitas expectativas,
Muitas incertezas...
No amor há também alguma dor,
Sim a dor de uma partida,
De um adeus...
No amor há decerto esperança,
Há também coerência,
E pouca vingança...
No amor há deveras muita rima,
Muitos versos,
E poesia...
No amor há toda realidade,
Toda verdade,
E vida...
No amor há a velha expressão,
De que amar,
É mais que paixão...
Hoje eu já não saberia conjugar o verbo amar,
Não saberia explicar o amor,
E nem muito menos paixão...
Mas de uma coisa eu bem sei,
Que no amor há verdade,
Do sonho realidade...
Por fim eu poeto o amor e dele eu vivo,
Escrevo em seu louvor,
E seus desencontros...
Por Ferreira Yossef, 25/02/2017
Uma ode à minha querida mãezinha
Uma ode à minha querida mãezinha
Queria eu dizer-te tudo que sinto para gentes,
Mas meus frugais versos me são ineficientes
Como descreverei eu a mais bela rosa já vivente
Como falar da perfeição em forma airosa feminina
Mãe, és tudo para mim, és a égide de minha vida
És a mais bela poesia traçada no olhar de menina...
Mãe palavra tão doce de se falar e de se guardar,
Um dom que o Divino entre nós o fez reinar
Minha poesia sem ti seria redundante e sem fim,
Posto que és minha inspiração, alegria e doce canção
Que fazes de minha prédica um sonho de um romântico
Para sempre estarás comigo a viver em meu coração...
Mãe, minha amiga fiel entre mil és a mais querida
Meu esteio, àquela que curou-me a vetusta ferida
Sempre ao meu lado foste a mim mais do que mãe
Nunca mo abandonou e sempre comigo andou, sonhou
Hoje a ti reverencio-te através dessa minha ínfima arte
Dou-te a ti minha parca poesia que um dia o vento soprou...
Quantos sonhos juntos sonhamos no tempo, to lembras?
Quantos choros entremeados no átimo de um problema,
Hoje não mais há choros, somente há nostalgia do sorriso
Minha alegria é sua doce companhia junto a mim bem perto
E as faustosas lembranças dos momentos sempiternos os dous
Que estejas comigo sempre, com seu sorriso simplesmente aberto...
Mãe te amar seria bem pouco por tudo que tu és...
Àquela que sempre mo afanou a dor de um revés
Sempre ao meu lado estavas comigo a sonhar
Comigo sempre e sempre a dividir meu labor...
Nunca te esqueceria minha rainha, luz da minha vida
Que nos inspiras a absorver o bom do amor, simples amor...
Não quero que meus versos sejam simplesmente poesias,
Mas, mui além, além das dores e tristezas da boa, alegrias
E que venham eles a alcançar esse mundo no seu revoar
E leve-nos a sua brisa brumosa desse doce odor de margarida
Invocado a nós seu sentimento amalgamado entre amor e paixão
Di-lo-eis ao mundo no ritmo do meu coração, amo-te mamãe querida...
Poderia passar a minha vida a revisar e a reescrever só por escrever
Ainda que o mundo distante e coberto nunca o pudesse de mim ler
Meu pensamento é nebuloso de forma patética, pois um tanto poético
Viraria somente mais uma sombra vetusta do poeta vivendo a ilusão,
Por tudo que vivemos e juntos passamos então dedico-te meu escrito
Nessa mais nobre e simplória poesia que surgiu no limiar de meu coração...
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Dedico estes versos a pessoa que mais amo, minha melhor amiga, minha protetora, àquela que passa fome para mo ver alimentado, que sente frio somente para mo aquecer, que sorrir para não mo ver chorar e que sempre comigo está, nunca jamais mo abandonou, o mundo já mo abandonou diversas vezes, mas minha heráldica e heroica mãezinha nunca jamais, mãe amo-te muito, perdoa-me por tantas às vezes que fiz-te chorar e mui obrigado por ser sempre minha grande protetora, és minha mãe e pai ao mesmo tempo, és a efígie da perfeição, como mãe és perfeita e agora como avó a reciproca é verdadeira, para findar digo-te somente uma cousa do fundo de meu coração, mãe eu te amo de montão...
Leandro Yossef
XXVI/IX/MMXIV
Iludido
Iludido
... É um cuidar que se ganha...
Em se perder... [Camões]
Iludo-me fácil per causa do amor,
Apaixono-me facilmente que não percebo
Ser assim não é bom quem sofre é o coração
Nestes momentos percebo que sou mancebo...
Essa dor que me envolve sempre que amo
É a mesma que me fere quando o perco...
A solidão parece minha herança poética
E meu mundo de sonhos vira meu cerco...
Estou só deveras sem ter àquela pessoa...
Aquele olhar que mo chegou ao vê-la,
Hoje não a tenho comigo em minha vida...
Querer-te eu quero... E assim minha voz escoa,
Faria de tudo que posso para em mim eu tê-la,
Mas, viver só comigo já se tornou minha lida...
D. Ferreira Yossef, 25/02/2015
Sinto Algo
Sinto algo
Deve chamar-se tristeza
Isto que não sei que seja
Que me inquieta sem surpresa
Saudade que não desejo.
(Autor de mim desconhecido)
Sinto algo no ar confesso
Algo bom que de mim aproxima
Quiçá seja um amor que viceja
Uma dádiva que vem bem de cima
Até chegar o desejo que te peço...
Olha tudo é um etéreo sem fim
Na mesma medida que te procuro
Nunca te achei, continuei perdido,
No meu quarto soturno e escuro
Quem então estará a procurar por mim?...
Mas hoje tenho uma única esperança
De poder teu amor alcançar meu bem
E de ser bem mais que um bom amigo
E te amar para sempre como ninguém
E fazer de ti princesa uma doce aliança...
Nessa procura já muitas vezes me perdi
Já chorei sôfrego em meu canto escondido,
Mas tudo fez de mim um ser bem melhor
Na busca desse sentimento preterido
Por tudo que fiz tenho uma certeza, cresci!...
D. Ferreira Yossef, 17/03/2015
Amar e amar
Amar e amar
Amar e amar, viver mais um sonho
Não querer acordar, somente amar e amar
Sonhos fugazes que não se pode levar
Sorriso sincero de um olhar tão tristonho
Amar não só em palavras exíguas
Vivê-lo a todo o momento
E tê-lo perenemente em meu pensamento
Até em momentos deveras impossíveis
Amar e amar, ter a esperança
De um dia encontrar um grande amor
Vivo a sonhar com tal esperança, pequena criança
Amar em sabor esquecendo a dor
Tendo no peito a velha esperança
De um dia viver o meu tão desejado amor...
Por Leandro Yossef 25/10/2013
O vento
O vento
O vento vem com ele o som
O som do mar do seu andar
De longe eu vejo você chegar
Paro e penso naquela que
Com muito amor me faz sonhar
Passa a hora a hora passa
O dia com ele sonhará
Sonho bom logo passará
Vida bela é bela como brasa
Fogo, fogo que queimas tudo
Com seu brilho iluminas o mundo
Mundo tosco, mas com tanto enlevo
Levo o mundo como um brinquedo
Com o brinquedo brinco sem parar
Termino este verso com a certeza que
Sempre irei te amar.
Leandro Yossef (8/2/2013)
Minha doce infância em Padre Miguel
Minha doce infância em Padre Miguel
Lembro-me com nostalgia da minha infância em Padre Miguel, morávamos em apartamento na Rua Santana do Ipanema, era bem na divisa entre Padre Miguel e Bangu, frente ao apartamento a escola Roberto Simonsen, seus muros todo pichado, lembro-me de suas árvores que transpassavam os seus muros, as ruas de paralelepípedos, um pequeno campo de areia na retaguarda do apartamento nós o chamávamos de campinho.
Tudo era mágico, tudo isso no final da década de 80 e início dos anos 90, eu bem jovem, deveras uma parca criança levada e cheia de esperança, vivia eu com os dentes quebrados pelas tantas quedas das escadas, meus joelhos, braços sempre com machucados pelos tombos que eu tomava na rua e na calçada culpa da bendita pipa avoada...
Deveras eu vivia a correr como um louco atrás de pipas era uma espécie de vício infanto-juvenil que imperava em nosso Brasil, bela infância eu vivi.
Fugia eu também dos meninos mais fortes que me ameaçavam e no carnaval era vez de fugir dos bate-bolas, quantas emoções eu vivi em tão pouco tempo de vida, minha mãe trabalhava nesse tempo em uma padaria próxima, íamos eu e minha querida vovozinha (já falecida) a tarde comprar pães frescos, era a maior alegria quando a minha mãezinha eu via... Que alegria que nenhum verso poderia descrevê-lo era pura poesia...
À noite as estrelas iluminavam os céus e nos brindavam com a sua arte que alegrava toda a natureza, era pura beleza, destreza. Na calçada eu me encontrava com os meus amigos e conversávamos e brincávamos às vezes aquela pequena pelada, descalços com os pés muitas das vezes ralados corríamos atrás de uma bola velha sem nenhuma valia deveras, era nesses momentos que virávamos grandes jogadores de futebol, éramos Bebeto, Romário, Maradona, Taffarel, éramos grandes... Imaginávamos uma grande torcida a nos observar, a cada gol um momento de fama peculiar, nós ficávamos horas e horas a jogar, agora só restam às lembranças de tempos de criança, muitos desses meus pequenos amigos hoje já não se encontram entre nós fizeram escolhas erradas na vida, outros não tenho mais contato, mas, às lembranças são eternas e isso ninguém leva, confesso que tenho muitas saudades desses tempos em que tudo era simplicidade não havia vaidade tudo era uma grande arte...
Por Leandro Yossef (05/05/2013)