Poemas, frases e mensagens de Absalao

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Absalao

~Metamorfose~

 
~Metamorfose~
 
Ó meu senhor:
essas pétalas exuberantes
essas pétalas singelas

mães do brilho sedutor
donas do crepúsculo,
donas do hálito matinal,

- são hienas
que te podem comer a vida
num segundo.

Nem tudo que brilha é ouro!
 
~Metamorfose~

~5~

 
antes
que a chuva
beba os rios

antes
que polvos
lavrem nuvens
no útero de deus

antes
que o sol renuncie
o pêndulo da sua caligrafia

antes de tudo:
- matar-te-ei
para que a vida te habite.
 
~5~

~8~

 
no delírio azul
das madrugadas
bebo o sangue último
das estrelas

e vejo o teu nome
renascer
nas partituras
do tempo futuro
- aurora
 
~8~

~10~

 
tenho imensos vácuos
no peito

nos pulmões
albergo a vertical ousadia
das aves

sou o grito
da nuvem talhando
seu último voo
 
~10~

~2~

 
o invisível
espelha-se na via láctea

espalha-se na voz
da mão volátil
que lacrimeja

fonemas rebolam
no peito das nuvens

ouve-se a noite
a levitar no vazio

sombras
entreolham-se pela retina
de HUBBLE
porque
o Karma
que internamente se observa
vê-se nos outros
quando por fora vê-se a si
 
~2~

~6~

 
~6~
 
o poema
nasce das mãos
das formigas que lavram
a gramática dos ciclones na ossatura
de um embrião com o fôlego içado nas ferramentas
para engravidar a linguagem do fogo
à porta dos sintagmas subentendidos
nas fronteiras de um verso
do qual nascem as lágrimas
de deus ao meio
dia
 
~6~

~4~

 
~4~
 
embarco
na nervura
desta inominável
e grávida palavra

com estes olhos de pétala
bebo o mel antes de ser abelha
e espreito
pela perciana
que rasga a fervura
da indiferença

não me conheço
e só escrevo
para de mim esquecer
 
~4~

~9~

 
nas vísceras
do chão

plumas dispersas

eterno idioma
do caos
 
~9~

~11~

 
sugo com a língua
o fogo líquido
que te habita a ilha

em deleite
somos o verbo
que bebe a voz
acesa das pétalas

o enigma
que cavalga
as auréolas das nuvens
 
~11~

~12~

 
mandíbulas entesadas

fome e medo
aprisionando os últimos
fragmentos do tempo

holofotes

a emanarem escuridão
nas entranhas
da madrugada

what goes around comes around
o futuro
alicerçado
num pretérito
cheio de brumas
 
~12~

~1~

 
gémea
da água

águia e meia

luz oblíqua
estampada
no relevo
da infância

metáfora
na carne do tempo

primeira
e última esplanada
de presságios

- onda!!
 
 ~1~

~3~

 
cinza
que antecede
o fogo

aceno abstracto

lua sem asas

(silêncio)
 
~3~

~7~

 
eis a concha
da insónia
destilando o cansaço
das ruas

uma mão
cheia de vozes
e muralhas de água
despertando o orgasmo das pedras

eis o tempo
bebendo-se no frontispício do inverno

- carpe diem
 
~7~

~13~

 
fúlgido

hasteado
no plácido
asfalto
e nas áridas veias
deste idioma sideral

- o sol

a primitiva lauda
do cosmos
 
~13~