Poemas, frases e mensagens de VandaMMR

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de VandaMMR

POEMA À MINHA MÃE

 
Revolto-me ao pensar
Que sentiste alegria
Quando nasci…
Por entre todo o sofrimento,
Ainda pudeste olhar-me,
E sorrir…
Sei que não posso detestar
A tua ânsia, a tua euforia
Ao teres-me para ti…
Mas não vês tu o tormento
Que tenta sufocar-me
Quando apenas estou a surgir?
Gostaria de amar
Cada hora do meu dia,
E ofertá-la a ti…
Dirigir-me sem um lamento,
Conseguir mesmo alhear-me,
Para te mentir…
Dizer-te que não paro de cantar,
E que tudo é magia,
Que vivo…. Por ti!
Mas creio que perco alento
E começo a cansar-me…
Desejava partir
E talvez não mais voltar.
Esquecer a melancolia
De tudo o que conheci…
Procurar outro vento
Que pudesse ajudar-me,
Sem me fazer cair.
Não te quero ver chorar…
Fui sincera, Mãe, e sê-lo-ia
Para todos. Como fui para ti….
Momento a momento,
Procurarei lembrar-me...
… E continuar a sorrir!...

(Poema escrito nos anos 60, em plena crise de adolescência)
 
POEMA À MINHA MÃE

BEIJO DE AMOR

 
Perfume de puro jasmim,
Tão doce quanto inebriante,
Como bálsamo assolador….
Estremecimento sem fim,
Delicioso e embriagante,
Assim é um beijo de amor.

*

Beijo esse que começa no olhar,
Absorve, passeia e entrelaça
O teu desejo e o meu querer…
Que faz o coração agrilhoar
A ilusão que brota e esvoaça
Sem disso me aperceber…

*

Expressão de encantamento
Numa entrega unissonante
De paixão em perspectiva…
Beijos, doçura do momento
Que se prolonga, marcante,
Como chama ardente e viva….

*

Beijo de amor é carinhoso,
Ou impaciente e sedento…
É o abandonar-se ao desejo
Do enamoramento fogoso,
Num perfeito consentimento
De duas bocas em almejo…

*

Há um beijo no pensamento,
Através do anseio e da paixão,
Num sonho ou na realidade…
Que anula a força do afastamento,
Desfralda o corpo para a afeição …
Duas bocas, uma só identidade!

*
 
BEIJO DE AMOR

Meu Amigo, meu Irmão

 
 
Hoje morreu uma parte de mim…
Foi-se contigo,
Meu Amigo,
Para o além, num lamento sem fim…

Dói-me a saudade que tenho de ti,
Choro a tua ausência,
A minha impotência,
A tua vida que se foi e… eu não antevi!

Sangra de mágoa o meu coração,
Sem conforto,
Semi-morto,
Num pranto de desilusão…

Porque partiste, meu velho Amigo
Das horas de juventude,
Dos dias de plenitude,
Porque me deixaste sem o teu abrigo?

Para ti o meu eterno pensamento,
Em nostalgia penosa,
Nesta via sinuosa,
Mas… olhando o firmamento…

Porque tu, meu Amigo, és a estrela
Que me vai velar,
E poder guiar
Pelos meus dias e noites em vela…

Ficarás sempre vivo, na recordação
Da tua simplicidade,
Da tua verdade,
Amigo, que sempre o foste, e meu Irmão…
 
Meu Amigo, meu Irmão

AMAR

 
Amar-te… é querer-te,
É o eterno desejar-te,
Profundamente,
Agora, sempre, é ver-te
E sonhar-te,
Intensamente.

Amar-te… é sentir o desejo
Quando estás ausente.
É o beijar
O corpo que não vejo,
É a tua boca ardente
Que não paro de recriar…

Amar-te… se reviver fosse,
É o sentir cada momento
Com a ternura de um olhar.
Amar-te… é um anseio doce,
É o céu, o sol, a lua, o vento,
A terra…. E o mar….
 
AMAR

JUNTO AO RIO E AO MAR

 
Sentada naquele banco
Na confluência do rio e do mar,
Por entre aquele denso nevoeiro
Em que o orvalho saltimbanco
Impedia o sol de brilhar,
Procurei-te, feiticeiro….

Sob as pontes que cruzam o Douro,
Nos relvados que o ladeiam,
Ou na areia que jaz prateada…
Ali, no abandonado ancoradouro
Onde os barcos descansam
Embalados pela água amansada…

E a bruma, muito lentamente,
Foi, como por encanto, fugindo
Deixando o astro sair do seu torpor
E aquecer-me, suavemente…
E naquele céu azul infindo
Vi-te então reflectido, meu Amor…

Onde estavas? Baixei o meu olhar
E procurei-te, ainda mais perto…
Aproximei-me da margem
E ali, nas águas do rio e do mar,
Que se cobiçam a céu descoberto,
Quis-te como a mais ninguém…
 
JUNTO AO RIO E AO MAR

A FORÇA DO AMOR

 
Sou nada, ninguém,
Que tu, um alguém,
Viu…
Sentiu…
Fez florescer,
E renascer,
Suavemente,
Intimamente…
Olhando a vida,
Até aí tão esquecida
De momentos lindos,
De sonhos infindos,
De ansiedade
Ou felicidade.
Desabrochei com o ardor
Do teu doce amor
E desse olhar…
Do teu palpitar,
Do teu bem-querer…
Mais e mais,
Sem nunca ser demais!
Por isso te quero,
E espero
Que a vida te deixe brilhar,
E que não pares de me amar!
 
A FORÇA DO AMOR

TERTEÉAMARTE

 
Ter-te,… é amar-te….
Esperar que o amanhã chegue,
Que o dia de hoje se prolongue,
E que o de ontem se repita!....
Ter-te,… é amar-te….
É querer-te, é desejar-te….
É gostar do Sol que se ergue,
Deixar que o sonho se alongue
E torne a minha vida infinita!

Porque… ter-te, é amar-te!
Com calma, na tempestade…
Com a doçura da inocência
De alguém que foi castigado….
Ter-te, é mil vezes amar-te,
É viver-te, é sonhar-te…
Sofregamente… ou com suavidade,
Beijando-te com a violência
De um amor bem guardado…
 
TERTEÉAMARTE

Fado doméstico

 
Tachos, panelas,
Confusão de sertãs…
É assim, todas as manhãs,
Logo ao abrir das janelas…

Bacalhau com batata,
Frango assado,
Peixe, bife grelhado,
Ou conservas de lata?

Chão sujo, riscado,
Pó para limpar…
Vidros para lavar,
Roupa por todo o lado…

Subir, descer escadas,
Pano e escova na mão…
Varrer toda uma revolução
De pessoas despreocupadas…
 
Fado doméstico

SAUDADES

 
Sentimento,
Amor,
União,
Dádiva,
Ausência,
Dor,
Entrega,
Suspiro.

Saudade da tua expressão,
Algures, em tempos idos…
Umbilical laço de amor...
Debilidade da paixão,
Abafada em gemidos...
Doce e crua amarra...
Enlevo tão assolador...
Sensível amofinação….

Solidão,
Angústia,
Único,
Distância,
Amanhã,
Devoção,
Elegia,
SAUDADES !
 
SAUDADES

ROSA

 
Olhei… e contei as pétalas
Daquela linda rosa vermelha
Que ali roubaste para me dar…
A cor e o perfume que dela inala
São já uma pequena centelha
Que poderá um fogo atear…

Aspirei a doce fragrância
Vezes sem conta, intimamente,
Desejando ser parte dessa rosa…
Sonho, fantasia, natural ânsia,
Ao sentir tão estreitamente
Essa declaração silenciosa…

E na calma da sentida revelação,
Entreguei-te uma pétala e uma folha
Como se te oferecesse de imediato
Um espaço junto do meu coração…
Este mesmo, que resguarda e aferrolha
Em si tudo o que lhe é muito grato…

Rosa linda, imensa, perfeita,
Imagem de sentimento e ternura,
Prova de amor simples e crescente…
Rosa que me enfeitiça e deleita,
Que é uma pequena miniatura
De alguma emoção já latente…
 
ROSA

Casa de lata

 
Casa de lata,
Renda barata,
Uma só divisão…
E falta de pão…
O pai trabalha,
A mãe junta a migalha.
As crianças choram,
Brincam, sujam.
Há cão, há gato,
Não há comida no prato!

Casa de lata,
Onde o tempo mata.
Abrigo de duro chão,
De vidas lutando em vão.
Casa que o pobre talha
E imagina sem falha.
Casa onde se enterram
Projectos que se sonham.
Casa de lata, triste fato
Para quem na miséria é nato!
 
Casa de lata

Tu és para mim

 
Tu és a minha sombra constante
Que me abraça sem atropelar
Nas escaladas do meu sentir…
Tu és a minha estrela cintilante
Que não cessa de brilhar
E aparece para me descobrir…

Tu és a minha pena e alegria,
O meu brilho e escuridão,
O meu nada e o meu tudo….
Tu és para mim a dicotomia
Que se agita nesta vastidão
Do âmago secreto que desnudo…

Tu és tudo o que não tenho,
E é por ti que me aventuro
Por entre ilusões e certezas,
Usando a minha alma e engenho,
Para destruir todo e qualquer muro
De isolamento e tantas asperezas…

Tu és quem passa, ao meu lado,
Sem me fitar, vezes sem fim…
Sem sequer saber que existo…
Tu és o meu sonho inacabado,
Arquitectado dentro de mim
E pelo qual eu não desisto…

Tu és para mim o ar que respiro,
Os meus olhos, a minha energia,
O meu sangue, a minha vida…
Tu és o primeiro e último suspiro
Do meu ser em exaltada rebeldia
E da minha alma amadurecida…
 
Tu és para mim

SONHO LINDO

 
Meu filho criado
Pelo meu sonho lindo…
Filho que sinto e gero
No meu sangue revoltado;
Que vejo, sorrindo,
Porque sabe que o quero.

Filho dos meus amores,
Tão róseo e pequenino,
Entre órgãos embalado….
Viessem as mil dores,
Gemidos em desatino,
E serias ainda mais desejado…

Oh, mas que sonhar
Formoso, que estranheza
Esta assim, de ser-se Mãe
Num calmo dormitar,
Na ingénua incerteza
Dum filho que não se tem.
 
SONHO  LINDO

Quero ser

 
Quero ser….
A lágrima que escorre
Pelo teu rosto triste…
Quero ser….
O tempo que não morre
E a tudo resiste….

Quero ser…
A tua gargalhada,
O teu sorriso subtil...
Quero ser….
A tua enseada
Num dia primaveril…

Quero ser…
O teu olhar, o teu sentir,
As tuas mãos trementes…
Quero ser….
A tua chama, o teu elixir,
As tuas horas ardentes…

Quero ser…
O teu sol, a tua vida,
O teu hino de alegria…
Quero ser...
A tua paz sentida
Em suave arritmia…

Quero ser,
Enfim, meu Amor,
O ar que respiras…
Assim, querendo ser,
Poderás viver sem dor,
Por tudo o que aspiras…

Quero, sim, ser…
A tua luz cintilante,
Que te guia e ilumina…
Quero, meu Amor, ser…
O teu precioso diamante,
Ou uma estrela vespertina…

Tudo isso, eu quero ser,
Em cruzamento perfeito
De corpo e alma…
Quero ser….
O teu desejo satisfeito,
Êxtase que em mim se espalma.
 
Quero ser

AS MINHAS PALAVRAS

 
Que tem a vida de tão poderoso
Que facilmente se expande
Nas palavras dos meus poemas?
Por entre todo o rumo anguloso,
E antes que a vida se abrande,
Assim rompo as minhas algemas…

Elevam-se palavras voláteis
Ao som de doces melodias,
Impelidas pelo odor a alfazema…
Também pétalas de rosas versáteis,
Exibem deleitosas acrobacias
De voluptuosidade suprema…

São cantos de eterna delícia
Lançados pelo acontecer
De tantos desejos e vivências….
São brados de amena euforia,
Que se sucedem ao apetecer
De momentos e cadências…

Escapam-se em catadupa ágil
Como cascata fresca no estio
Caindo do alto da montanha...
Emolduram minha vida frágil,
E assim vão derretendo o frio
Da solidão que me acompanha…
 
AS MINHAS PALAVRAS

Mentira

 
Embuste ou mentira,
Ocultação e falsidade….
Vidas em conflito,
Dispersas na fraqueza
Que menospreza
Aquilo em que acredito,
No culto da verdade
Por muito que nos fira!

Afasto-me do teu ardil.
Não quero a tua desordem
De sentimentos indefinidos….
Ou de vida tumultuosa,
Que abraças, tão sinuosa,
Em mutismos comprometidos,
Monossílabos que me recordem
O muito que tens de pueril…

Destruíste a possibilidade
De ambos vermos o mar ….
E sentir a noite em comunhão ….
De seguir pela vida abraçados
Naqueles sonhos entrelaçados….
Desfrutando dessa aquietação
Que existe no poder de se amar
E viver em cumplicidade!
 
Mentira

Tu e Eu

 
Apareceste no horizonte matizado
De um sonho longínquo e intermitente,
De cheiros e sabores desconhecidos….
Odor a lindas rosas, a um fresco relvado…
Paladar de saboroso manjar ardente…
Amálgama doce para os meus sentidos…

Cavalgaste numa nuvem que passava,
Sem esconder esse sol que nos ilumina…
Passaste algumas montanhas, vales e rios…
Sempre tentando olhar e ver o que se passava
Na terra que lá em baixo, muito em surdina,
Te lançava cânticos… e fortes desafios…

Subindo pelas escadas da longa procura,
De amor delicado, sereno e compartido
E de ternuras presentes e enfeitiçadas,
Agarrei nessa nuvem que passava segura,
Arrastando-a para o meu paraíso perdido
De momentos e tantas horas desperdiçadas….

Segurei-te bem nos meus braços…
Aninhei-me na meiguice do teu olhar,
E mergulhei no meio da felicidade….
Expulsei todas as tristezas e fracassos….
Dei-te a mão, comecei a viver e amar,
Fiz do meu sonho uma eterna realidade….
 
Tu e Eu

PERDIDA NOS TEUS BRAÇOS

 
Se eu pudesse estar contigo,
Far-te-ia viver o sonho de uma hora,
Em que se perde toda a noção
Do tempo, do mal, do castigo,
Da gente que sofre e grita lá fora,
Sem Amor, sem o luar duma noite de Verão!

Amo-te, perdida nos teus braços
Que me apertam possessivamente
Com a ternura calma de quem deseja…
Amo-te e enterro os meus fracassos,
Numa entrega total… suavemente,
Amo-te sobre o que quer que seja!
 
PERDIDA NOS TEUS BRAÇOS

O que ficou

 
A saudade
Que me invade
Não dói, mas pesa,
Não mata, mas apresa…
Vem do coração
E com toda a razão
Ai está em cada momento
Num constante batimento…
+
Esta mesma saudade
Acumula a imensidade
De uma enorme represa
De águas em correnteza,
Sentimentos em constelação,
Querenças em afirmação,
Sem atordoamento,
E em renascimento…
+
Bendita a saudade
Que na sua imensidade
Me prepara para a afoiteza
De renegar essa tristeza
Que nasce do aluvião
De sensações em ebulição…
E origina esse sentimento
Lindo, em amadurecimento…
+
De ti sinto essa saudade
Envolvida em suavidade,
Sujeita à delicadeza
De uma ténue incerteza…
Saudade que, na ligação
De duas almas em eclosão,
Responderá ao chamamento
De vidas em delineamento…
+
 
O que ficou