Poemas, frases e mensagens de Ramgad

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Ramgad

Mulheres afegãs

 
Mulheres afegãs
 
Lábios famintos se escondem
por trás da burca.
Omitem a alma sofrida,
que no vão da esperança despida
acompanha o medo da morte.
Mulheres entregues a sorte.
Rainhas ou escravas do lar.
Sonhos dissolvidos e lançados no ar.
Ausência de amor,
cúmplices da dor,
da guerra, da solidão.
Corpos destroçados,
bombas,perdas
separação...
estilhaços voando com o vento
nas asas da ingratidão do tempo.
Mulheres de burca choram na escuridão.

Ramgad
 
Mulheres afegãs

O silêncio das mulheres

 
Um grito, gemido,
quase um grunhido
de dor, no corpo e na alma.
Canta-se o silêncio da mulher
no não sentir do homem.
Nos ouvidos surdos da cultura,
um disparate sem censura.
Ecoa em silêncio,
no escorrer do sangue vivo.
O mundo claro aos avessos
supri os próprios interesses.
Abram os ouvidos,
cessem os gemidos.
Mutilação genital não!
 
O silêncio das mulheres

Presença

 
Presença
 
Meu amor
Minha voz rouca cala-se.
Saliva doce
perfume exala.
Boca,
olhos, tudo seduz.
Nos sons mudos dos
gritos insanos
silencia a dor dos
meus olhos castanhos que
buscam incansavelmente a ti.
 
Presença

Um novo dia

 
Um novo dia
 
Amanhã, secam-se as lágrimas
doces nos jardins
pálidos, rabiscando pancake.
Amanhã, o sol dos seus olhos
buscam estrêlas do dia.
Amanhã, sorriso largo
acorda em seu anoitecer.
 
Um novo dia

Vinho

 
 Vinho
 
.
Não brindamos o amor.
Bebemos das lágrimas salgadas de despedida.
Abraço implorado, retido a mistura de desejo e incompreensão.
Por que?
Carros estacionados com cara de interrogação.
Por que?
Partida,
Sal de ilusão,
Separados os laços,
Mãos.
 
 Vinho

Desejos

 
Desejos
 
Aninhar nos teus braços,
descansar-me no teu abraço.
Perder-me na tua boca e
encontrar-me nos desejos
secretos,
insanos,
doces,
puritanos...
gritantes na calada da noite,
suaves pela manhã,
renascidos com o dia claro e
ocultos nas palavras que não falo...
ansiar tuas mãos tocando-me,
na ânsia louca de ser tua
sentindo meu corpo sedento, despido
e deixando minh'a alma quase nua.
 
Desejos

Noturno

 
Noturno
 
O que dói não são as palavras
que adormecem na alma
e suplicam sentimentos em pedra.
Dói o olhar
que ausenteia brilho.
O arco-íris embaçado,
rio sem águas,
mar sem sal,
gritos no silêncio...
solidão da noite
clara na escuridão.

Ramgad 17/07/09
 
Noturno

Enchente

 
Ontem rolou a última lágrima,
no avesso do rosto
desfigurado pelo desgosto
transmutado pela paixão.
Desmoronou-se...
Casa,
sonhos...
a enchente os levou.
Chuva de lama habitou
no meu coração...
Danificou a chama
da vida,
que ainda insiste,
resiste e se sobrepõe
no correr das águas
solitárias e lavadas de emoção.
 
Enchente

Pedaços de sonhos

 
Pedaços de sonhos
 
Nas águas mansas e cristalinas de um lago, descanso minha esperança.
Minha sombra refletida na água
não oculta a tristeza errante.

Um cisne como testemunha navega calmo,
lamentando cada lágrima que dança no azul incomparável das águas onde um único ser se faz navegante.

As lágrimas vão esculpindo imagens que desaparecem em segundos.
Nuvens, sol, pedras, um resquício de areia, cabelos avermelhados como deusa
e toda a natureza se rende a dor de uma sereia.

Na exuberância do dia, um ser inanimado
recolhe seus pedaços, seus sonhos mais ternos
as margens de um lago.
 
Pedaços de sonhos

Faz tempo...

 
Faz tempo que não o vejo sorrir.
Aquele riso imaginário,
tão sonhado,
tão amado...

Que se abre como o sol
imenso,
em lábios de cerejas raras,
deitando carícias em nuvens claras...

É, faz tempo...
que o amor não fala,
se cala,
se oculta...

Ramgad
 
Faz tempo...

Retalhos de saudades

 
Retalhos de saudades
 
Dancei na poeira do dia acinzentado e deitei-me nas vestes claras do infinito.
Brinquei com os flocos de sal e escorreu entre meus dedos, doce saudade.
Na tela, entre letras, cores frias, texto oficial, refletiu sua imagem...
Saudade revestida por retalhos coloridos, entrelaçados ao tempo
rápido em trilhos lentos.
Tempo morno abraçado em fios longos, enroscando dias, noites.
Salgada poeira amargando o mel que vai pingando lentamente as gotas de saudade.
Na tela...frases sem sentido.

Ramgad
 
Retalhos de saudades

Lágrimas dos aflitos

 
Lágrimas dos aflitos
 
Entre laços e nós,
verdades e mentiras.
Entre o preto e o branco
paixão e dor.
Entre o tempo e o vento,
uma lágrima salta.
Entre o riso e a flor,
o espinho.
Entre dúvidas,
uma lágrima salta.
Entre o humano e desumano,
o calor e o frio,
loucura e razão.
Entre alegrias e tristezas,
uma lágrima salta.
Entre caminhar e retroceder,
o movimento,a inércia.
Entre o falar e calar,
o grito se entrelaça
à mudez dos aflitos.
 
Lágrimas dos aflitos

Refúgio

 
Refúgio
 
Refúgio

Refugio-me nas curvas sinuosas da palavra amor.
Nos olhos famintos, corpos tombados, na dor.
No tiro perdido, justiça não vista.
Refugio-me nos perigos incrédulos de uma pista.
Na solidão da multidão
perdida, sofrida.
Refugio-me nos versos que não fiz,
na canção que não cantei,
nos irmãos que não amei.
Refugio-me, em cada canto.
Espanto de uma dançarina,
nas madeixas que não se ajeitam,
na beleza perfeita.
Na sensualidade da cabocla “sendeira”.
Refugio-me no semblante de uma mulher,
enfim, refugio-me em um canto.

Ramgad
 
Refúgio

Conversa ao I-phone

 
Conversa ao I-phone
 
Na cama
lençóis de malha.
Ansiedade...
Filme transcorre
véus da libido.
Revista, jornais,
palavras, cruzadas.
Ouvidos atentos...
-Plin plon, coruja, a cor da da?

Ansiedade na cama.
Transcorre filme
da libido de véus.
jornais, cruzadas
revista.
Novamente palavras.
Atentos ouvidos...
-Plon plin, acordada co ru ja?

-Bateria esgotada
Carregando i-phone...
 
Conversa ao I-phone

Noite

 
Noite
 
Escuro
fecham-se janelas.
E os corpos nus
na noite procuram-se,
aranhas tecendo teias
emaranham-se
entre as pernas.
Nas veias
o sangue
Gemidos
Grunhidos
sons da noite.
Cheiros,
suores,
brincando e correndo sêmen.
 
Noite

Sonho fugaz

 
Sonho fugaz
 
Quando o véu negro da noite se descortina sobre mim.
O silêncio desce gritando em notas musicais afugentadas.
As luzes se apagam suavemente, recolho-me exausta em lençóis de cetim.
Meus olhos dançam no escuro beco das lembranças e meu
coração aflito te rastreia em meio a orquídeas sedentas
de iluminada esperança.
Busco-te meu tesouro inacessível e encontro-te no sonho fugaz.
Neste não adorna
no horizonte os braços longos do mar da distância.
Posso sentir a tua presença e contemplar:
Teu cheiro
Teu beijo
Teu sabor...
Meu único e inefável amor!

Ramgad
 
Sonho fugaz

Pó de pirlimpimpim

 
Pó de pirlimpimpim
 
E a lágrima
não exteriorizou
ocultou-se na alma
um punhal.

Passeou nas entranhas
tornou-me miúdo
grande e fatal, dor...

Rasgou-me
o estômago azia
penetrou em desalinho
a cervical

Nuvens sangrentas
abafaram o cérebro
esmiuçado e confuso
onde cada parte do corpo
sozinha gemia.

Num gesto involuntário
um "suspiro" profundo
contei 1,
2,
3 e...
4

gritei: help quero pó de pirlimpimpimmmmmmmmmmmm
 
Pó de pirlimpimpim

Beijos molhados

 
Beijos molhados
 
Balança no redemoinho
um amor.
Doce melado,
sonho.
No fel,
mel
lambuzo
e abuso entre risos
lágrimas.
Durmo,acordo,
danço e espero
seu beijos
molhados.

Ramgad
 
Beijos molhados

Carnaval

 
Carnaval

Tempo de folia?
E o que é a folia senão alegria?
Descanso, sol, mar, se revigorar
para quem gosta de pular...
Retiro espiritual para reflexão, oração...
E o mundo precisa de quê?
Folia?
Precisamos da verdadeira alegria
de justiça,
paz,
amor e fraternidade que
emana a mais pura felicidade!
Carnaval no Brasil,
fantasias lindas.
Escolas de samba com mulheres nuas,
carro alegórico quebrado na rua.
Um lado retrata gastos em futilidades
do outro a fome ataca sem piedade.
Brasil, dos sonhos de alguns
Da realidade dura de outros.
Brasil de muitos carnavais mais de
tão míseros reais...

Ramgad
 
Carnaval

Banho de arco-íris

 
Banho de arco-íris
 
Acordei mais cedo, o dia apagado anunciava que o sol estaria em repouso por tempo indeterminado.
Liguei o chuveiro no quente, enquanto despia-me. Aproveitei o vapor, brinquei de escrever no vidro do boxe seu nome, o meu, desenhei um coração gigante.
Os seios arrepiados gritavam numa voz delicada.
Meus pés brancos tocaram o chão gelado e as gotas foram traçando seu caminho rapidamente em zig zag.
De olhos fechados, novamente você se apossando de meus pensamentos...vindo como pólem à terra fértil, trazido pelo carinho de uma brisa zombeteira.
Um olhar tristonho, sorriso largo, branco neve, kimono impecável bordado no braço, seu doce nome...a calça arrastando beijando o chão.
Lábios de groselha, balbuciavam borboletas azuis, que ladeavam-me colorindo todo o meu corpo num arco-íris sem fim.
A bucha vegetal deslizava corpo afora, num vai e vem...e sua imagem aproximando rindo de mim, pra mim. O perfume tocava o ar, a espuma delicada traçava imagens divertidas, os azulejos pareciam mover-se, participando daquele momento gostoso, único e indescritível.
De repente...uma imensa gota sobre meu rosto me assusta, abri os olhos.
Pasma, sem acreditar, constatei...era a última, falando numa voz úmida bay...bay...
 
Banho de arco-íris

Interesses: Livros, teatro, cinema, dança do ventre, poemas, música, esporte.