Prosas poéticas

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares da categoria prosas poéticas

Quem é Eureka?

 
Quem é Eureka

Tem vezes que Eureka
não tem coragem para escrever,
não tem coragem para comentar,
não tem ânimo para ler os amigos.

E, tem vezes que Eureka
envia tudo para o alto e manda brasa,
num falatório, por vezes demasiado longo,
que vos torra a paciência e a sua boa sorte.

Que fazer com Eureka?
Ser-se seu amigo? Talvez
Fingir não se ter aborrecido? Decerto
Relevar sua insistência? Muitas vezes

Mas Eureka ama intensamente
Seu eterno namorado, ai pois que sim
Fazer leituras de vossas poesias, claro.
Imaginar-vos como serão, evidentemente.

Eureka vive sempre intensamente e no limite,
Não tem meio termo, por mais que tente
Não quer ser vulgar, nem se propõe a artista
Não é poeta, não é escritora, apenas partilha

E, se vocês a pudessem ver no seu recanto
Como tão diferente seria do que a imaginam
Pois Eureka é mulher/adolescente ainda
Se nega a crescer e a se tornar adulta para a vida
Pois foi na infãncia que descobriu toda a sua alegria.

Ai, ai... tem vezes que Eureka se mostra nuínha
E vocês nem se dão conta da sua transparência
E, envergonhada, tem vezes em que Eureka
Se mostra retemperada como uma senhora deve

Mas, tem vezes que vocês nunca poderiam imaginar
Até onde vai a dualidade brava desta Eureka/pessoa
Ora sanguinária e feroz, ora doce e enamorada
Eureka pode ser uma boa amiga para qualquer um
Ou
Eureka se torna inflexível, austera e implacável
Tudo isso faz de Eureka a Maria dos Reis Rodrigues
Esta aqui, que não tem pejo em vos dizer tudo o que for preciso
A bem ou a mal da verdade, pois é essa a sua perseguição.
A verdade, a beleza de tudo o que vive nas palavras e no Mundo

Eureka/Maria
 
Quem é Eureka?

In Extremis

 
Há inquietantes cheiros no ar, fragrâncias intensas que nem a chuva consegue levar.
Cristalizações de plasma vivaz. Que cheiro adocicado, cadaverina negra flor de lírio.

O perfume desenha a leveza do desespero, que tem o brilho,a dor, o desejo.
Dou comigo às voltas na cama. Caio no mais profundo de mim.

Hoje é dia de exorcismo.
Confesso: “ Tenho uma amante”

Tento resistir, mas não consigo, não adianta, não quero.
Só de olhar para Ela, a sentir, uma dor trespassa alma.
É linda, poderosa, deixa-me completamente indefesa.
Seu encantamento é tão grande que me apetece ser possuída, ali mesmo, a todos os instantes.
Sentir seu frio, sua pele alba, sua língua vagarosa.
Quero-a, Quero-a.

Hoje percebi, que não consigo mais esconder este meu adultério moral,
Podes julgar-me. Estou aqui.

Entendo a natureza humana como incompleta, um puzzle no qual por cada peça colocada, revela duas em falta e quanto mais amo, mais preciso amar, ser amada, tu não?
Ela ama-me. Com toda a força que não tenho, como nunca ninguém me amou.
Está comigo desde o meu primeiro momento de existência mortal, nunca me abandonou.
Conheces alguém que esteja sempre presente onde estiveres? Eu não, mas ela está.
Quero-a só para mim. tenho ciúmes. Sei que ela é me infiel, a todos seduz, a todos quer e, no final ninguém a consegue negar.
Seu nome?
Queres saber o seu nome?
Morte, conhece-la?.
 
In Extremis

O meu caderno quadrículado

 
O meu caderno quadrículado

havia um mistério na escrita feita
sobre uma folha quadriculada
as letras contorciam-se para nela
harmoniosamente se desenharem

simbolicamente ou não comecei a perceber
que bloqueava as minhas palavras nas quadrículas
numa razão agora mais fácil de compreender,
havia de aprisionar todas as emoções nessas folhas
e dessa forma eu conseguia escrever.

e nessas quadriculas eu consigo viver intensamente.

Eureka
 
O meu caderno quadrículado

A geometria dos escombros

 
Ensurdecedor se levanta o pó
e a cidade cega tateia em desespero.
Janelas envidraçadas se entregam
de peito aberto até que o ar
se encha de chuva
de estilhaço.
Alguns pilares resistem à vibração
do ar, como soldados suicidas,
enfrentam explosões
da temperatura hedionda
e vão trepidando e se quebrando
antes da desconstrução fatal.
Por alguns minutos, cinzas
sufocam gemidos e estes sucumbem
ao silencio.
Alguns gritos chegam com o vento;
balburdias da correria
pós conflitos
depois que a poeira senta
e a cinza se cola em alguns
bravos monumentos,
escombros revelam ao mundo
suas geometrias
e a dor calada em cada fotografia
 
A geometria dos escombros

PONTO FIXO

 
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Desde muitos anos vou e volto pela mesma avenida, trajeto obrigatório; de casa para o trabalho, do trabalho para casa.
O comércio que frequento fica do lado oposto, depois da praça.
Diariamente, antes de eu dobrar a rua transversal, na esquina em frente à praça; estática como se fosse uma pintura em tela viva, lá estava ela, sentadinha numa pequena caixa de pinus, destas que acondicionam e transportam frutas.
Ela era só uma menina, uma criança, com cerca de seis, sete anos, não mais. Nas mãos, outra caixa, esta de papelão cheia de balas, guloseima exposta à venda que ela oferecia a quem passasse por ali. Fazia isto somente com um olhar. Olhar cabisbaixo, lacrimoso, eu nem precisava fitar muito para sentir que ela era infeliz. As cores das guloseimas eram muito mais coloridas do que seu velho vestidinho, manequim tamanho maior do que o seu corpinho, talvez ganhado em doação de outra criança maior em tamanho e posses. Eu parava ali todos os dias, nossos olhares cruzavam, ela nada dizia, eu nada perguntava, pensávamos que éramos mudos. Pegava algumas balas e pagava com moedas num valor muito superior que o custo, e seguia o meu caminho. Não era esmola, pensava estar fazendo o meu papel, ajudar, isto é: comprando o que ela vendia, sem me preocupar quem era.
O meu olhar acostumou-se àquele quadro.
O tempo passou. Passou tão rapidamente como passa a areia entre os dedos, e na mesma velocidade, deve ter exaurido a vontade dela em vender balas. Um pouco mais, um véu criou-se entre a imagem e meus olhos. Também não era mais obrigatório eu passar por aquela avenida, mas por contumácia ou força do hábito que tivesse, mas persistia. Numa determinada tarde, meu olhar envelhecido ou viciado, nem percebeu que aquela menina, passara de casulo para libélula, ela já era uma mulher e eu nem notei. Desperto por essa metamorfose... Cumprimentei-a. Estática na mesma esquina ela permanecia. Sua resposta surpreendeu-me:
- Está a fim de um programa tio?
Lamentei não ter feito mais por ela antes.

contei-porai blogspot com
 
PONTO FIXO

Pezardelos

 
Ainda que respirando os últimos sopros da vida, ficamos ainda mais tristes ao ver as montanhas perder suas coroas de gelo. Os olhares que ascendem orações não amenizam o desespero das paisagens; temos medo de dormir e acordar sem o Mundo.
 
Pezardelos

Eterna chama

 
Eterna chama

O ser portador de uma sensibilidade exuberante
nasce criança pequena apaixonado pela música
dentro do seu peito a música pulsa com o coração

ela encaminha a sua vida e lhe dá o mote
num qualquer acorde que ouça
esse ser desperta e se estiver triste
vai renascer ali mesmo com essa alegria
que não o consegue deixar cabisbaixo e
que o transporta ao mundo mágico da dança

o seu corpo move-se natural e harmoniosamente
ao ritmo de sons que comandam o seu espírito
e a sua alma eternamente jovem nunca será
capaz de lhe negar os movimentos de sempre
que vivem livres dentro da sua própria vontade

e porque a dança lidera toda a sua vida
esse ser é um espírito livre num Mundo
demasiado entorpecido pela futilidade

por isso, alegra-se e vive o momento presente
dança, mesmo que sentado sente o ritmo
e deixa os seus pés dançarem sobre o chão
porque eles saberão sempre o que lhes faz falta

tateando o chão com a planta e os dedos dos pés
eles sozinhos dançarão uma valsa inteira
de febre celeste e milenar em que os astros reluzem
sob a existência dessa inesgotável energia amorosa

e não haverá outro como o primeiro amor da sua vida
– a música e a dança reunidas em movimento –
que o acompanharão até ao limiar de todas as estrelas
no infinito universo da sua e de cada existência
assim tão apaixonadas pela Vida.

Eureka, num dia em que não pode dançar.
 
Eterna chama

agora que o sol se pôs

 
o tempo sequestra suas asas e algema o sorriso, os sonhos fazem-se nela silêncio, e a saudade faz-se grito...despe-se de Maio, veste-se de Outono, e os olhos secam...aos ombros carrega a tristeza, e na poesia fala de esperança que ainda lhe resta feita de retalhos...alimenta no peito gaivotas, lembranças que vão e voltam trazendo saudade de si, assim, nesta amarga condição vê chegar o frio à vida e o vazio à mente e ao coração... o corpo de garça abriu e fechou em flor, traz recordações presas às raízes da memória em conflito com o presente, e a idade sabe de cor, embora Janeiro faz por esquecer o ano inteiro, da sua boca rebentam palavras de cor outonal, navega em dois rios, num deixa-se levar pela trama do tempo, e no outro pega nos remos e rema contra a maré com fé, enquanto o coração estremece e, ainda que nada regresse volta sempre ao lugar do sonho sem ousar despertar... cansada da viagem, perdida desse rasto de si, olha a imagem e como louca ri...

natalia nuno
 
agora que o sol se pôs

" SOMBRAS...SÃO AS PROMESSAS"

 
 
https://www.youtube.com/watch?v=Qx_S_hjUPTw

SOMBRAS ...SÃO AS PROMESSAS

Verde e vermelho são as cores da bandeira da TERRA DO NUNCA...
Porque nessas cores mora a VERGONHA ...E A MORTE
Alimentados com votos, que dão dinheiro aos partidos que apregoam, defender seus patriotas
Todos eles nada mais fazem que retorica
Os que conseguem o "CADEIRÃO"
"Embrulham-se" em ACORDOS/PROTOCOLARES assinados com tinta TENEBROSAMENTE CRIMINOSA
Verde e vermelho são as cores da bandeira da TERRA DO NUNCA...
Uma terra onde as trevas nascem em cada segundo e o poder do NÃO que escraviza e hipoteca VIDAS

SÃO SOMBRASSSSSSSSSSS...SÃO SÓ SOMBRASSSSSSSSS

Branco, é a cor vestida por aqueles que de forma briosa
Defendem o juramento que um dia fizeram
Branco, é a cor vestida por aqueles que lado a lado caminham na batalha desleal de um poder assassino
Mas branco, também é a cor vestida daqueles que acorrentados a ordens, MENTEM e NEGAM aos que só tem como promessa o acabar de vida.

SÃO SOMBRASSSSSSSSSS...SÃO SÓ SOMBRASSSSSSSS

VERGONHA...MUITA VERGONHA é a cor que tinge este povo que vira a cara para não saber
VERGONHA...MUITA VERGONHA é a cor que tinge este povo que grita GOLOS enquanto arrotam a cerveja que nem lambuzes e que escarram anedotas aos políticos enquanto todos eles matam os compatriotas
Covardes, canalhas é o que são... vergonhoso Zé Povinho
Segues as noticias com lamentos
Mas que fazes TU??????...povinho cego
Estás a espera que um santo milagroso saia do meio do NADA e TUDO faça acontecer???
Palermas...de que esperas para tirar os cravos das metralhadoras e construíres desta vez alguma coisa com as tuas próprias mãos????

SOMBRASSSSSSSSS...SÃO SÓ SOMBRASSSSSSSS

Arco iris será sempre a cor de quem é portador de uma doença que mata em silencio
Arco iris será sempre a cor de quem a todas as portas bate com valentia e sempre recebe NÃO
Não sou ninguém para escolher palavras licodoces e apaziguadoras
Apenas que lamento ter que assumir que nasci neste pais.
Nesta terra do nunca e que as promessas não passam de sombras escondidas por uma bandeira anedoticamente pintada a VERDE e VERMELHO

SOMBRASSSSSSSSS...SÃO SÓ SOMBRASSSSSSSS

Elisabete Luis Fialho
03-07-2014 13H30

Texto e Voz- Elisabete Luis Fialho
Imagem- Google e fotos
 
" SOMBRAS...SÃO AS PROMESSAS"

Alentejo, o ninho da liberdade

 
Alentejo ao Sol é um orgasmo no ventre do meu país. Há sempre nos montes oiros de saudade. Agarram-se à terra sobreiros orgulhosos donos das sombras. Nos ombros da brisa sentem-se asas a trinar o trigo das searas. Os pássaros cavalgam aos milhares os horizontes quentes nas horas lentas. Grita nos povos um fogo alvoroçado. Em cada galho de gente ardem as línguas, corpos vergados em doces afagos a florir raízes, fundas, cada vez mais fundas num infinito ciclo de amor retorno. Escancaram-se os braços ao pó dos dias, que dão o flanco às noites mornas no silêncio dos arados. Lá cheira a amantes saciados, em poesias a germinar searas de ilusões. Come-se a esperança nas casas de Catarina, e cantam-se os filhos em Vila Morena. Nas palavras ceifam-se todas vontades num sorriso aberto a convidar à partilha numa oração feita de pão. Só lá à noite se ouvem rir alto os girassóis. E eu pergunto: onde se pousa a liberdade? No alto ninho da cegonha, pronta a voar feliz.

Alentejo ao Sol é um orgasmo no ventre do meu país. Há sempre nos montes oiros de saudade. Agarram-se à terra sobreiros orgulhosos donos das sombras. Nos ombros da brisa sentem-se asas a trinar o trigo das searas. Os pássaros cavalgam aos milhares os horizontes quentes nas horas lentas. Grita nos povos um fogo alvoroçado. Em cada galho de gente ardem as línguas, corpos vergados em doces afagos a florir raízes, fundas, cada vez mais fundas num infinito ciclo de amor retorno. Escancaram-se os braços ao pó dos dias, que dão o flanco às noites mornas no silêncio dos arados. Lá cheira a amantes saciados, em poesias a germinar searas de ilusões. Come-se a esperança nas casas de Catarina, e cantam-se os filhos em Vila Morena. Nas palavras ceifam-se todas vontades num sorriso aberto a convidar à partilha numa oração feita de pão. Só lá à noite se ouvem rir alto os girassóis. E eu pergunto: onde se pousa a liberdade? No alto ninho da cegonha, pronta a voar feliz.
 
Alentejo, o ninho da liberdade

COPA DO MUNDO SHOW DE EMOÇÕES! [2]

 
COPA DO MUNDO SHOW DE EMOÇÕES! [2]
 
A Copa do Mundo
É um universo de emoções...
É a junção de um sonho,
Paixão e amor pela pátria amada;
Que é enaltecida através do futebol.
Esse conjunto que reúne nações...
Faz-se diferenciado de todas as modalidades
Esportivas dentre outros mundiais...
A nacionalidade, o amor de um povo por sua pátria é imensurável.
Aonde o sangue corre em suas veias.
Essa corrente de força unida fala alto aos corações,
Pois existe o amor de almas, mesmo que sejamos
Contra os desatinos de seus governantes...
Pausamos para então:apreciarmos um grande espetáculo
De raça, garra, luta e determinação.
Até mesmo de cenas que nos parecem
Quase impossíveis quase milagres...
Num arranque de força e limitação humana acontece o gol
Tão esperado para se fazer ecoar o grito preso na garganta.
Dessa forma a Copa torna-se o maior espetáculo do mundo;
Aonde os jogadores reinam como gladiadores diante de uma arena eufórica.
São craques numa harmonia tal qual uma orquestra cheios de maestria...
Pés dourados valsam: através de toques sutis dribles perfeitos...
Acompanhados de um coral em seu esplendor... (Sua torcida)!
Aos nossos olhos algo bonito de se ver, tão fantástico que ficamos estáticos
Boquiabertos, olhos arregalados, o coração... Tum,tum... Fascinados pelos feitos
Da bravura dos atletas que, nessa hora torna-se ilimitado em suas habilidades...
Entretanto são os mesmo pés que fazem as lágrimas rolarem sejam de alegrias e /ou
tristezas entre perdedores e vencedores!
COPA DO MUNDO SHOW DE EMOÇÕES!

Texto escrito para o concurso!
 
COPA DO MUNDO SHOW DE EMOÇÕES! [2]

ainda é meu tempo de viver...

 
parti por não ter chão onde semear sonhos, cerro as palavras na boca, deixo-as na terra adormecida do meu âmago, talvez que as sementes germinem mais tarde em horas de saudade e, docilmente se entreguem em versos chorosos que embaciem os olhos, ou suspendam a tristeza e o vazio do tempo, e venham dourar o verde onde a minha esperança cresce... é verão, mas, estranhamente o dia é de penumbra a memória apaga-se lentamente e eu fico de morte ferida, mas ainda vivo, ainda é meu tempo de viver...exausta parti de mãos vazias, levo os desencantos, vou palmilhando o chão e levo por companhia a solidão, voltarei quando fôr lua cheia, se ainda fôr capaz de aprender a primavera, e as folhas em mim caídas voltem a reverdecer em meus sonhos, eu possa moldar de novo as palavras a meu jeito, e nada impeça que me tragam a promessa de ser gaivota na planície...com olhos de madrugada.

natalianuno
 
ainda é meu tempo de viver...

CINQUENTA ANOS

 
CINQUENTA ANOS
 
Meio século de vida! Vida vivida sofrida,
corrida, querida - vencida: Vencida, num
tempo: Tempo, passado numa velocidade...
Não percebida!... Quanto tempo perdido
ao invés de ser vivido.
Horas, minutos - segundos preciosos...
Dispersos; confesso: Não vi o tempo passar por mim. Passou como relâmpago no abrir e fechar dos olhos. Hoje posso afirmar que não devemos perder tempo com coisas irrelevantes ao contrário, devemos deixar pra lá tudo que não nos faz bem! E viver cada momento como se fosse o último.
Porque esta é a porção que nos cabe - cada segundo deve ser vivido como se não restasse mais nada!
Sejamos felizes com o que temos.
Sei que no meio do tempo tive momentos bons - mas houve outros ruins enfim a vida é mesmo assim: cheia de altos e baixos. Nessa trajetória houve sim; dias primaveris - felizes momentos ímpar. Bem como a chegada dos meus filhos - posterior dos netos,
parte do meu tesouro bem - preciosíssimo! Posso dizer que sou
privilegiada alcancei a graça - o meu maior tesouro: Jesus Cristo
na minha vida... O meu coração é um baú que guarda muitos tesouros
tem uma joia de raríssima beleza - aquele que Deus separou para mim...
O meu amor. Ainda constituem-se pedras preciosas de maior quilate
minha mãe, meus irmãos. Há amigos que se comparam ao valor de rubis!
Eu só tenho a agradecer a Deus pela bênçãos alcançadas de poder chegar aos cinquenta anos cheia de fé e esperança - acompanhada de pessoas maravilhosas e pelo privilégio de estar em boa forma e aparência ... Inibindo o tempo.

Obrigada Deus!

Por Mary Jun - 23/10/2014
 
CINQUENTA ANOS

Saudade do Caminho da Roça

 
Saudade do Caminho da Roça
 
Quem nunca teve a oportunidade de

morar em uma cidade pequena deveria

experimentar. Eu saí de minha cidade

(considerada a maior do meu Estado

após a capital) e fui trabalhar na "roça".

No começo me desesperei, chorei que

nem bebê estranhando um colo que

não é o da mãe. Encarei pelo salário

tentador, mas aos poucos fui me

adaptando e confesso que passei

momentos incríveis por lá.

O trabalho era bom, meus pacientes

tornavam-se meus amigos, era uma

grande satisfação. Levavam-me

presentes(galinhas, ovos, aipim,

feijão...) eu sempre aceitava porque

sabia que eram dados de coração.

Não havia festas com bandas

reconhecidas nacionalmente quanto

mais banda internacional, mas não

faltava diversão. Tinha boate domingo

a tarde no melhor bar da cidade e

vários forrós espalhados pela região,

eu dançava com todos sem distinção.

Lá não havia academia, mas havia

muitas chapadas e vales para percorrer

a cavalo ou fazer trilhas(caminhadas,

corridas), as paisagens eram lindas,

um convite ao deleite, bastava

escolher a melhor opção e seguir o

caminho da roça.

Oh saudade! Oh tempo "bão"!

Obs: Não são definições do dicionário, mas servem para facilitar o entendimento.

Roça= como nos referimos às cidades pequenas, com número pequeno de habitantes e distantes da capital ou dos grandes centros urbanos.

Bão= bom
 
Saudade do Caminho da Roça

De graus, ou o nome do meu gato

 
Uma questão de frio.
Já sei que devo de ser uma espécie de sofá, onde te abates, não só para dormir.

Nunca percebi bem o porquê. O onde, parece claro. Em qualquer lado. O quando, é igual.

Por vezes, ficas em sestas horárias.
Outras, pareces que vês televisão comigo. E ouves.
Ou perdes-te em pensamentos longos, ou curtos, que me excluem, para meu verde ciúme.

Sei ser um facto.
O meu erro, é correr a dissecá-lo ao sol. Discorrer.

Haverá algum cheiro meu que to obriga. Uma feromona?

Será algum osso, que encaixa num teu como quebracabeça, que nos faz bidimensionais? Ou será aí que carregas a bateria do teu ventre, do teu sorriso, da tua pele? Ou te descarregas?
Estará programado por algum algoritmo de inteligência artificial? Ou bioquímica?

Noto que, quando ficas, há uma transferência de algo que meço em graus, que me acalora. Chega a arder, no verão. Uma alta temperatura. Uma destemperatura fixa. Altura.

Se eu, por azar triste, vivesse do frio como vivo deste calor, teria de arrancar a ferros a fuga, e ser o longe.
O infinitamente longe.

De ti. Para sobreviver. Nunca um sofá, ou uma cama. Ou um sofá-cama (que ser confuso!).

Será que é porque te aqueço?
Também?
 
De graus, ou o nome do meu gato

contemplação

 
o rio empurrava o vento com cheiro de maré
ou seria o vento que empurrava o rio
para ter só rio?

estalavam palmas e dançavam, as jussarras,
como a acenar para nuvens que no ocidente
se amontoavam em reunião

festejava, na tarde alaranjada,
um colorido varal e no ar, perfume de lavanda
ria hegemonia

da cadeira, balançando na varanda,
uma senhora engarrafava momentos,
como se o tempo estivesse disposto
a lhe esperar e ela, introspectivamente,
se detinha em cada folha que caia e
em cada sombra que surgia

nada, nada daqueles
olhos se perdia

o vivo quadro, que de longe eu observava e
na época não entendia, na verdade
mostrava que se embriagava, aquela senhora,
de poesia.
 
contemplação

Diz-me...

 
Diz-me. Em que rua estavas, quando passei, sem que reparasse em ti!
Diz-me. Em segredo, todas as coisas que mutilam o teu desejo e que, assim, encobrem a alegria do teu rosto. Podes contar-me tudo o que quiseres, desde que o teu olhar sorria e a tua boca se encha de palavras quentes, para que as deites cá para fora, onde estarei, pronto, para as receber e partilhar, assim, as minhas emoções para que se unam com as tuas.
Diz-me. Diz-me que deixas o teu coração falar. Diz-me que não impedes o teu sentimento de se mostrar.
Diz-me que procuras a felicidade, e que, quando a encontrares, saberás reconhece-la, agracia-la e guarda-la. Diz-me que não tens medo de ser feliz!
Diz-me que nunca esquecerás as letras que usas para construir o mundo, nem que seja, apenas, o teu mundo…
Diz-me tudo! Diz-me… que eu serei um ouvinte activo, liberto de preconceitos, para que entre as tuas palavras, possa sonhar as minhas e assim, construir o meu mundo também.
Mas, diz-me! E mesmo que queiras o silêncio, diz-me, por gestos, ou por imagens, para que encontre uma ponte neste caminho minado. Será como que um fortalecer, entre murmúrios, que outras almas porfiam em fazer acontecer.
Diz-me.
Diz-me que deixas o teu sorriso fluir.
Diz-me que te libertas de mim, de ti, e que, assim, consegues ser a essência.
Não tenhas medo de nada. Diz-me…
 
Diz-me...

Sobre Ser Mulher

 
Sobre Ser Mulher
por Betha Mendonça

Mulheres só entendem o sol a amorenar sua pele, o vento a lhe sussurrar segredos aos ouvidos, as águas a acariciarem o seu corpo, enquanto a lua enlouquecida faz-lhe confidências de amor.

Mulheres entendem o cântico dos pássaros, o gargalhar da felicidade, o pranto dos desvalidos, a angustia dos solitários, o coro dos anjos na dança das marés, fases da lua e dos hormônios dentro de si.

Mulheres gostam da chuva que cai do céu e daquela que as molham por dentro, até transpirarem por cada poro o perfume envolto na aura mágica do êxtase.

O entendimento feminino vem da terra que semeia no seu ventre frutos de santidade ou pecado, e, do fogo da sabedoria que lhe incendeia na mente a essência do poder da vida: o barro da terra crescendo sob seu ventre por meses a fio, os seios pesados de alimento, o corpo crescido, a alma elevada até a explosão de novo ser.

Entender vem do saber-se inteira, tendo algo a completar-se a cada dia, na poeira da estrada que às vezes cega os olhos pela paixão por um homem que só é verdadeiro nos seus sonhos, por que o sonho mata a fome e a sede de desejo que lhe massacram corpo e a alma.
 
Sobre Ser Mulher

Pianista de mim.

 
Quando a alma povoa-se na ilusão, em vão meu coração vagueia, sonho-me sereia com o dom de enfeitiçar, sonho-me gaivota com o poder de galgar o mar. Mas sou gente, perene, carente, com todos os defeitos de uma terra poluída. Sou gente, sou vida. Sou guarda em guarita de guerra, que berra, insano berra, e ninguém escuta. E morre no pavor mesmo sem luta, apenas vislumbrando moinhos de ventos, cavaleiros que povoam os pensamentos, apenas os pensamentos... E morro tísica aos "relentos" da vida, estertorando o sangue, esquecida, em hemoptóico fim, sem um músico, um pianista para tocar um requiém de mim.
E vivo assim, tal borboleta louca, com asas carmim, voando neste pasto de gente, sem início e sem fim...
 
Pianista de mim.

Chora pequeno coração chora

 
"Chora pequeno coração, chora"

I – chora pequeno coração chora

Deixa-te enternecer nesse gentil carinho
nessa formal aglutinação de fraternidade
nessa homenagem ao amor já emprestado
comove-te e deixa-te chorar baba e ranho

Suspira na alegria e deixa a boa surpresa fluir
respira fundo e enleva-te nessa gratidão
que nunca sentiste por esse doce carinho
é a hora de receberes do que tanto deste

Nos olhos bem abertos as lágrimas tilintam
prestes a jorrar numa cascata de gratidão
todo o carinho que sentiste e foi surpresa
o que para ti era normal dares, recebe-o agora

II – chora pequeno coração chora

Eu sentia todo esse amor em minha volta
e identificava apenas a existência do que dava
nunca sentira qualquer retorno ou gratidão
e tudo isso eu achava normal e coerente

Mas veio esse terrível dia tão assustador
que eu nem supus conseguir ultrapassar
por esses medonhos mal estares, um inferno
o coração trepando todo pela garganta
quase conseguindo sair pela boca fora

A alma já de perninha de fora da janela
a respirar tão dificilmente, e eu patinava
pensava e despensava no desespero de um
orgulho magoado e quase fui fazer asneira

III – chora pequeno coração chora

Mas o Sol brilhou e eu entreguei tudo a Deus,
sem qualquer esperança em poder sobreviver
sim, porque eu agora posso contar:
o quanto estive tão demoradamente doente

E como pensei não voltar a falar ou a escrever
sofri tanto que tive de desistir de viver e amar
e desistir é algo de muito grave para mim
e foi o que envergonhada me vi obrigada a fazer

Mas, e porque haverá sempre um mas
sobrevivi após uma, duas, três, quatro noites
sem dormir, mas em que repensei todas as ideias e
deixando o coração chorar toda a sua imensa tristeza
eu descobri o de sempre, o óbvio, o natural em mim

IV – chora pequeno coração chora

Porque eu quero viver, e até nem sei ficar quieta,
então bora lá sacudir as penas, fazer-se viver
e deixar-se nascer novamente, qual belo cisne
flutuando num lago, todo ele feito de esperança

E amar, porque é de amor que eu preciso e
há que semeá-lo por todo o lado para que nasça,
e para que exista em todos os outros corações
em toda a parte e a toda a hora em que respire,
Limpando todas essas lágrimas de emoção, pelo amor e pela fraternidade bonita que hoje eu recebi.

Lisboa, 11 de Janeiro de 2017
Maria

Para as minhas amigas: Isabel, Catarina e Maria de Fátima.
 
Chora pequeno coração chora