A Fogueira
Como uma árvore, que acariciada pelo vento, balança suas folhas em chamados.
Como a chuva, que escorrega maliciosa, nas paredes dos prédios, trajetória seguida por um ponto.
Como a música, que inflama a alma e eleva a matéria.
Como o doce, que lambe-se.
Como pelos, que aquecem, fogem presos e flutuam até pousarem entre nossos lábios.
Como segredos, que aproximam os lábios da pele em sussurros.
Navegar sobre, entre, para, além.
Oceano dos céus. Entre vidas.
Para sempre. Além do bem e mau.
Meu abrigo
Nesse momento tão só com meus pensamentos, ouvindo cada ruído, cada som, cada pingo de chuva, que nesse instante respinga em minha janela.
Um emaranhado de sons e, o cheiro de terra molhada, desperta em mim lembranças, no abrigo de minha casa, no aconchego de seu calor.
Procuro na calma apaziguar minha alma,meu coração. Num simples gesto, desligo o interruptor, desligo minha mente e... adormeço!
Nereide
Imagem do google.
Por entre os dedos
POR ENTRE OS DEDOS
Volto teimosamente ao passado
Deixo-me entre os olivais
e a vinha
Neste amor sempre arrebatado
de suspiros e de ais
E de saudade que é minha.
Piso uvas no lagar
Escuto do sino as badaladas
São seis horas há que rezar
O terço com mãos encardidas e descarnadas.
Que importa se nada esqueço!?
Nem a foice nem a enxada
À seara de trigo regresso
Vejo-a ao vento agitada.
Há-de à memória chegar-me
Voz d'outros ventos segredar-me
Que tudo já teve um fim
Prefiro que não me digam nada
Que tenho o pavor em mim
Da lucidez desafinada.
Mas choro, choro porque sou sobrevivente
E recordação tudo o mais...
Da minha terra da minha gente?!
Só a lembrança, eles partiram
E já partiram meus pais.
Já não vejo outra saída
A vida por entre os dedos, desnorteada!
Só não sei p'ra quando a despedida
Prefiro que não me digam nada.
rosafogo
O Astronauta no quintal
Com os pés rijos no chão
Alinho-me acima do horizonte
Contemplo o infinito
E as minhas trivialidades
Laços indissociáveis
De minhas contradições
Alçar voo
E carregar o planeta sob meus pés
Hora sou Fênix
Hora avestruz
Caminho reticente
Entre meus sonhos e minhas realizações
Sonhar rotinas
E realizar fantasias
Parece o quinhão da vida sem o "hoje"
O carpe diem do café da manhã
O inesquecível do molho na camisa
O indecifrável cheiro de lar...
LOCAIS E LATITUDES
LOCAIS E LATITUDES
O frio milenar dos chãos nos pólos
O calor aerado dos trópicos
Insetos que permeiam os solos
Lágrimas claras a molharem colos...
O sol a pino a perfurar a mata
A chuva aguda ao regar das ruas
A lua e seus refletidos de prata
As caídas damas das noites nuas...
Tantos tentam inglórios alterar
Os retos destinos inevitáveis
Dos andares das carruagens
Mas a humanidade os ignora...
Nada, em verdade, neles reage
E tudo age por mãos de ávaros
Seguindo um minucioso plano
Traçado desde os povos bárbaros...
O amores não correspondidos
Os pobres carentes de rotas
Os ranhosos meninos perdidos
Os engraçados nas anedotas...
Choram como almas que brincam,
Amam ou odeiam ao relento...
Só crianças cantam em cirandas
Replicando o bom fluir do tempo...
Relógio de vento a um só lugar
Rodas-vivas de vidas que giram
Entre férteis terras e agitados mares
Desertos quentes e inquietos bulevares...
Não, não são os locais, nem as latitudes!
É o homem e sua retorta interpretação
De que ele mesmo não pertence à esta natureza!
Ele é o todo de tudo que aparenta não ter solução
LIDA CAMPONESA
LIDA CAMPONESA
Na lida dura do dia
Não vejo o tempo que passa
Talvez ainda haja graça
No cansaço que vicia
No suor caindo do rosto
Alimento o sabor de viver
Os dissabores, esquecer
No trabalho que dá gosto
Mãos sujas coração limpo
Pele de escura tez
Revela meu tino camponês
Traduzindo o que sinto
Remexendo a terra amiga
Abrigando tantas sementes
O céu abençoado assente
Com o fruto que mina a fadiga
E porventura alcançar
O dia que a lida termina
A terra incessante germina
Meu corpo que nela deitar
Então carrego minha gratidão
Pela terra que alimenta
Tantos famintos sustenta
Sem cobrar pela missão
Que esteja ao meu alcance
Na lavoura trabalhar
Meus dias eu possa terminar
E nela meu corpo descanse
RESPEITO!
Respeita cada palavra minha
Cada sílaba que eu deposito aqui
Com amor e dignidade
Respeito quem me comenta
Cada palavra minha é uma oração
É a minha saudade a falar mais alto que o meu ser
Cada palavra é um sentimento
Que nem sei explicar!
Mas fica para tu leres com respeito
Com amor
Pois só com amor me entenderás!
Cada momento de nossas vidas
É e será uma palavra cheia de amor...
Cada sentimento nosso é uma luz de esperança...
Cada dia de nossas vivências é uma sabedoria...
Então fica com estas minhas palavras
De reflecção e me dis o que achaste delas!
Autora:LuiZacarias
Deus falou comigo ao me revirar de cabeça para baixo
Esta noite Deus me disse que a terra está em remissão. A primeira batalha contra o "câncer" que mata o planeta foi vencida. Contudo, uma batalha ainda maior ainda está por vir, e exigirá de todos da luz esforço ainda maior. Assim, foi pedido que não nos arvoremos em julgamentos, mas aprendamos a ver as coisas por diversos ângulos. Uma visão em 360 graus de baixo para cima e de cima para baixo.
vizinho das nuvens
As horas que passei sentado à espera...
Um dia compreenderás porque trago uma lança
atravessada lado a lado...
Vizinho das nuvens,
vivo algures entre o céu e a terra
e não sei de que terra sou,
pois nas minhas mãos não existe lama que me possa identificar.
Terra minha, meu céu.
Por debaixo dos meus pés, só basalto e calcário, chão
demasiado hermético para me identificar.
E eu que gosto tanto de andar sem ferir as pedras...
Queria ter granito e terra e lama e flores e arte e amores,
tocar em farrapos de nuvens que lentamente se desprendem
do lado do mar
e formam formas que atemorizam os bandos de andorinhas
que voam cá dentro, no céu de mim...
Um dia...
Um dia saberás o que te quis dizer...
A Volta ao Mundo
A Volta ao Mundo
O mal domina nas encruzilhadas da vida.
Abri os olhos na China, e não gostei do que vi;
Homens escravizados... mão-de-obra a um Euro/dia.
Soletrei o Mandarim incompreensível e continuei.
Na noite de Las Vegas fui jogador de Pocker,
Mas tanta Luz fez de mim um mendigo.
Acordei meio nu na casa de uma mulher
De reputação duvidosa.
Pedi desculpa no país do Tio Sam.
Tomei banho na piscina municipal e apanhei o autocarro.
Acordei na terra de Simon Bolívar.
Escorreguei no pó e fiz uma trip de heroína.
No convés de um barco clandestino,
Acordei em Cádis;
Seguiram-se os trâmites da praxe,
Com pontapés e coronhadas à mistura.
Maldita Espanha!Me voy para Francia:
Terra de Liberdade, Fraternidade e Igualdade.
Tumultos de cores variadas:
Tanto descontentamento, tanto ódio,
E tão pouca Fraternidade.
Estarei acordado? Com clareza,
Mas não é uma certeza.
Tenho de partir clandestino
Para uma floresta tropical,
Fazer valer o meu saber de ocidental.
Poesiadeneno