É Errado Tentar Escrever Com Técnica?
É Errado Tentar Escrever Com Técnica?
by Betha M. Costa
Livre como o pensamento é a escrita. A não ser que se engarrafe a imaginação e a lance ao mar do esquecimento...
Admiro quem escreve por instinto. O autor (a) joga o que lhe vem à mente em palavras ao papel (ou tela do computador) e ao final apresenta um belo bem escrito texto. Parabéns aos que têm esse dom maravilhoso de escrever apenas com a inspiração e sem transpiração!
Admiro quem se preocupa em saber sobre o que escreve. Quem cuida da ortografia, gramática, procura conhecer os estilos literários. Quem componha por inspiração e transpiração!
Todos estão certos sobre o que querem para si, seus textos e passar aos seus leitores.
Inaceitável é que em um local – que pretende difundir literatura – exista quem exalte a ignorância. Quem ache até bacana desconhecer os estilos literários, por que é "charmoso" mandar às favas essa xaropada toda de "rótulos": prosa (conto, crônica, artigo, ensaio...) ou poema (soneto, rondel, indriso, haicai, poetrix...). Para que toda essa prepotência? Somos todos amadores, não é mesmo?
Ah, bom!... Ser criativo não é ser ignorante. Ser rebelde não é fechar-se ao novo e ao conhecimento, e, de quebra ridicularizar quem sabe aliar com esforço o sentimento e/ou pensamento a técnica.
A liberdade poética, de criação e/ou de expressão é via de muitas mãos. Cada um use seus valores pessoais como lhe aprouver. Que componha como melhor lhe parecer. Contudo, que não seja difundido num “sítio de literatura” que é errado ou careta usar técnica para escrever!Cada qual com seu cada qual!
Deixa (sonetilho)
Deixa
by Betha M Costa
Deixa que a vida se perca,
Em canções do vasto mundo,
E pule sem dó a cerca,
Desse coração sem fundo.
Coração de sorte pouca,
Eu cada instante mais louca,
Infantil e sem pudor,
Teça um novelo d’amor...
Que a natureza romântica,
Desgarre com a semântica,
Os planos dos meus vinte anos;
E um dia inteira eu te diga:
Os versos que rabisquei,
Descansam com quem amei.
Poema e Poesia
Poema e Poesia
by Betha M. Costa
Acabou a poesia que me sustinha a fé nos dias, e corria bicho solto pelas campinas do meu querer. Aquele que rolava em novelos de prazer pelas ladeiras dos sentimentos, bolhas d’água e sabão, delicadezas a explodirem em festas no ar.
Triste ver um poema espalhado pela casa, mãos perdidas dos dedos pelos cômodos, sem poder na pena e tinta tomar vida.
E um grito canta da sala à varanda, uma música cai do piano, uma lágrima alimenta o aquário e a alegria sai pela porta da frente. Na soleira um sorriso sem viço sobre o tapete de boas vindas.
Tudo por causa daquele nome retido na boca, que feito um livro guardou as palavras, e, levou consigo os meus versos. Sem ele não existe poesia que valha um poema.
*Imagem Google
Carta de Despedida Número 03
Carta de Despedida Número 03
Belém, 15 de janeiro de 2009.
Despeço-me do castanho dos teus olhos que me enfeitiçaram de afetos e temores. Sou ave para quem o céu é muito azul para pouca asa.
A imensa distância que de mim te separa, não me permite ir além do fulgor que emana do teu olhar, e, das frases de amor que ouço dizeres para mim de onde não te vejo, mas sinto como se aqui...
Tenho que me despedir do castelo de cristal - aquele que julguei ser de diamante - sem suspeitar-lhe a fragilidade. Em pouco tempo tornou-se cacos sobre onde eu caminhei com passos lentos a ferir e sangrar os pés.
Solto as amarras do laço rubro e florido que por momentos atou nossos destinos. Para ti não era para sempre... Enquanto julgo que nem o éter é tempo suficiente para que eu esqueça àquilo que és e foste para mim!...
Predestinada a vôos mais baixos, prefiro que me cortem as asas antes que eu não chegue aonde sei que não estarás.
Bater adeus é cansativo! Tenho punhos e braços doloridos de tantos acenos que a vida me levou a dar. Se nessas mãos cheias de tantas palavras, ainda me restarem forças e eu conseguir lançar da pena um punhado de versos, tentarei te escrever um último poema de adeus...
by Betha Mendonça
Atrás do Espelho
Atrás do Espelho
by Betha M. Costa
Muitas vezes eu adormeci em calma sobre um rio de lágrimas. Despertei com as mãos envoltas nas dores mais antigas e passei o dia com o olhar coberto de risos.
Por vezes ocultei a melancolia atrás do espelho do banheiro. Prendi ao guarda-roupa perfumado com cheiro do Pará uma ou duas esperanças ressecadas.
As tristezas cerzidas por grosserias, desrespeitos e achincalhes gratuitos, criaram teias de gelo nas minhas cordas vocais. Se pagas, elas me fariam mulher rica em adjetivos lançados ao rosto no propósito de machucar o âmago...
O silêncio tornou-se a minha resposta, pois perdi a noção do diálogo. Não tenho gosto em degelar palavras a quem não tem o interesse de bebê-las.
Muda. Comunico-me somente através do olhar com quem seja capaz e/ou sinta vontade de decifrá-lo.
Feliz Nem Infeliz
Feliz Nem Infeliz
by Betha Mendonça
Não fui feliz nem infeliz,
Delicada nem rude,
Fiz menos do que quis,
E muito mais que pude...
Se fraca ou de atitude,
Ninguém seja meu juiz:
Não fui feliz nem infeliz,
Delicada nem rude!
Com mãos sujas de giz,
Mente em inquietude,
Do viver sempre aprendiz,
Senhora de pouca virtude,
Não fui feliz nem infeliz.
Luso-brasileiros Poemas
Luso-brasileiros Poemas
by Betha M. Costa
O Luso Poemas é um site literatura portuguesa para o qual migrou um monte de brasileiros, como muitos portugueses migram e vivem no Brasil, e, muitos brasileiros vivem em Portugal.
Na vida virtual normal temos uma rusga aqui e outra ali. Um muxoxo aqui outro ali, devido comentários que não agradam a lusos e/ ou brasileiros. Uns ameaçam arrumar as letras e ir embora, outros realmente o fazem e outros são “convidados” a o fazerem. Tudo certo: migração é tão comum aos pássaros quanto às pessoas!
Independente de sermos brasileiros ou portugueses, negros, brancos, índios ou amarelos, judeus, cristãos, budistas ou mulçumanos... Sermos GLST (gays, lésbicas, simpatizantes e transexuais), profissionais liberais ou empresários... Somos seres humanos: todos nós gostamos e merecemos respeito!
Xenofobia é doença que corrói os sentimentos e mata os melhores afetos. Devemos ignorar aqueles que querem incitar a desestabilização das relações e afetos luso-brasileiros. Quando mais lenha lança-se na fogueira maior ela fica... Se não for alimentada ou jogado areia ou água... Ela apaga!
Sempre vai haver brasileiro que faça piada ofensiva aos portugueses e vice-versa. Sempre vai haver quem julgue que um europeu vale mais que dez americanos e vice-versa. Sempre haverá quem julgue um português analfabeto valer mais que um doutor brasileiro e vice-versa. Sempre vai haver quem ache que o Brasil é um subúrbio da América ou que Portugal é um subúrbio da Europa.
Amadores, aprendizes, profissionais... Nós somos escritores e estamos aqui (independentes das nossas origens) para expor nossas composições à apreciação de milhares de pessoas que acessam o site. Não faz bem a ele, a nós e aos leitores textos pseudo-intelectuais ofensivos a uma classe ou país, por que quem melhor der seu recado e escrever sobre aquilo que o leitor busca (e se identifica) é quem vai se sobressair.
Não adianta críticas ácidas a autores lusos ou brasileiros consagrados ou não. Bate-boca em texto, guerra para mostrar que tem mais poder dentro do site. Há cada um de ver o que deseja para si e sua escrita e tocar sua vida para frente. Há pavões que usem da polêmica para aparecer... Há quem não tenha tanta força para tal, e, se queime ao insuflá-las e/ou acompanhá-las. Reflitamos!
Sobre o Que Aprendi da Vida
Sobre o Que Aprendi da Vida
by Betha Mendonça
O que aprendi da vida ela não me ensinou. Aprendi de ver, sentir, cheirar, tocar... Através do desbotar das cores lavadas pelas lágrimas e da pintura a óleo e ar do sorriso. Não a vida não me ensinou nada: eu que aprendi na marra e no murro! No viver em cima da navalha, no corte com sangue e nas cicatrizes indeléveis. Nos caminhos e atalhos dos pensamentos. Nos momentos que não vivi, mas sonhei. Nos que vivi e foram pesadelos.
Não, não me digam nem perguntem da vida! Porque ela nunca me teve. Eu que a tive a meu modo esquisito de levá-la na dança, neste baile deslumbrante, cheio de prazeres em voos de trocas de pernas. Nos saltos a riscar o chão. Nos tropeços e pisar de pés sem tempo de tomar chá de cadeira. Aproveitá-lo até que o salão fique escuro sem nenhum ruído. Até que o silêncio cubra tudo com seu manto de veludo roxo, sob um véu branco, abaixo do tampo de vidro rodeado de madeira.
Jardim Secreto
Jardim Secreto
by Betha Mendonça
Fico sentada aqui na varanda
Olhos de ver a grama crescer
Parada diante da vida que anda
Lágrimas regam o entardecer
A noite chega nublada e branda
Ventos e chuvas de bem-querer
À terra que mui molhada manda
Ao Jardim Secreto florescer
As folhas e galhos em demanda
Pedem às flores tudo esquecer
E unidas se abracem em guirlanda
Para perfumar o anoitecer
*Imagem Google
AA (Amores Anônimos)
AA (Amores Anônimos)
by Betha M. Costa
Palavras mal soletradas profanam um totem sagrado, desconversam e não confessam o quê os ouvidos desejam, porém temem uma hora ouvir. Assim, são lançadas a endereços incertos, cartas de amor abrasadoras. Protegidas, letras entrecortadas, não entendidas e subentendidas, palavras que bailam aos céus dos alfabetos como estrelas silenciosas.
Sustenidos em notas musicais não escritas, nas pautas das dúvidas diárias, as superstições perguntam: vale a pena ou não gritar o “eu te amo” preso na garganta? Impossível responder. Do futuro o espelho não sabe. Até o presente a ele é nublado, por que mulheres e seus sentimentos são enigmas maiores que o da Grande Esfinge.
Você até pode escrever-lhes, falar-lhes o que sente. Procurar por uma em especial nas esquinas da sua memória de poeta. Julgar que ela existe. Mas, a musa não passa de um sonho que você inventou para amar. Tudo o que a vida lhe ensinou cabe dentro de um poema que não foi feito para ela. Só a morte é conclusão. A letra desconhecida, o Universo sem palavra escancarada à verdade.