Poemas, frases e mensagens de super_prisma

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de super_prisma

Café

 
Entre café e cigarros, despenso. E entre café e cigarros penso que se pedir mais um café e acender outro cigarro haverão mais pretextos para despensar.

Café torrado, escuro como o chão africano, traz-me as terras quentes de onde vens. Sem açúcar que te traia, esse teu sabor amargo lembra a àspera realidade do mundo que eu procuro tocar, para além do berço de ouro em que nasci, cheio de promessas nobres. Sou o idílico europeu que despensa.

Mais um gole de café e parece que vejo a savana a crescer dos meus cabelos e um rio que nasce dos meus pés e se espalha por quilómetros, tapando asfalto e pedra e brotando das beiras relva fresca.

Pelos pilares deste prédio nasce casca dura e rugosa, um pouco por todo o lado consigo ver a mudança que se impõe, como se a natureza a reclamasse o que é seu. E, violenta e miraculosamente, todo este prédio vulgar se transforma num Imbondeiro monumental, cuja sombra protege milhões de pequenos seres, os humanos também. Das suas raízes nascem milhões de rebentos espaço afora, de onde se colhe alimento e abrigo para um horizonte infindo de gerações fartas. E tudo é festa e partilha, e não há mais olhares subnutridos, a não ser de uma alegria que nunca é suficiente. Deste Imbondeiro vejo o mundo, e sei que aqui é onde tudo começa.

Então, peço à minha amada Andorinha que voe e espalhe a boa nova: "A capital do despensamento é ali, no reino no Imbondeiro! Vem amigo, o tempo urge para que comeces a despensar, não percebes?".

Entre café e cigarros, despenso. E entre café e cigarros penso que se pedir mais um café e acender outro cigarro haverão mais pretextos para despensar.

Atónito, parvo de alegria, dou um trago no meu cigarro, e tudo se desfez. O asfalto sugou o rio, as pedras comeram a relva, o betão rebentou a casca em partículas de pó que nem cheiro emanavam. O Imbondeiro morreu e os seus filhos fugiram para o mundo de onde vieram. Estou só e penso.

Amanhã vou trabalhar.

Paulo Coutinho
 
Café

De homine vanitas.

 
Casa é o quente. Felicidade. Casa deveria ser o quente de toda a gente. Palavra solta. Ponto. Ponto. Ponto.

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Rascunhar as ideias ao acaso, pô-las a nu como se fosse algo. Dar-lhes uma aparência de propósitos. Ponto.

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Exclamar que é Arte.

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(Faça o favor de imaginar várias exclamações. Eu sou artista demais para as escrever.)

Imagine.
Imagine.

Pode aplaudir, se quiser. Mas, por favor, não exagere. E, mais importante ainda, não sorria. Não queira dar a entender que entendeu a mensagem. Basta colocar um ar levemente apreensivo, de sobrancelhas etereamente carregadas e uma contracção milimétrica dos lábios.

E agradeça por ter experimentado um momento tão sublime.

De nada.

Ponto. Ponto. Ponto. Ponto. Traço.

Paulo Coutinho
 
De homine vanitas.

Partes

 
Quanto de mim deixei nos outros?

Quanto de mim tens em ti, se o guardaste? Que parte de mim é arrancada com um beijo e que parte é essa, feita de quê, e vai preencher que ausência de parte em ti?

E se estiveres totalmente preenchido de partes, de que te servem as minhas? Para onde vão, se as dei e não há quem as receba?

E se eu as quiser de volta, dás-mas?

Se formos partes que damos uns aos outros, somos os outros e nós mesmos e eu sou já muitos outros para além de mim.

Paulo Coutinho
 
Partes

Os títulos deveriam ser opcionais

 
Eu não sou eu quando me escrevo,
Não sou esta nem a linha anterior,
E não é porque me finja.
Quando me escrevo, sou o outro,
O outro que em mim existe,
Como chama à espera,
De qualquer coisa que arda,
Ou palavra engolida,
Que anseia um pretexto.

Paulo Coutinho
 
Os títulos deveriam ser opcionais

Títulos são irritantes

 
A natureza moribunda,
disposta,
em mesa de banquete,
serva dos desígnios dos homens,
que a comem,
enquanto se embebedam,
em cálices de ouro,
e ela,
cada vez mais despojada,
violada,
repetidamente explorada,
jaz,
disposta,
diligentemente.
E assim os homens se divertem a ser homens,
enquanto arrotam,
porcos e inúteis.
E mais um dia passam,
a destruir tudo o que existia antes deles
(o legado de um milagre sem deus nem sete dias),
que se desconstrói,
peça a peça,
ser a ser,
até que os homens morram,
de tanto comer.

Paulo Coutinho
 
Títulos são irritantes

Saltou de um sonho... para outro!

 
Esbarra-se contra a luz que toca a madeira nova.

Quem está do outro lado?

Entrada fulminante causa expressões que lhe desagradam, pois não gosta de excentricidades. O seu corpo tremia, a alma tremia, o suor hesitava por entre os poros


- A Tortura -

e sentia-se como uma criança que chora por dentro, em relato de dor.
Em suma, o seu espírito entra em tal transe, que confundiu agonia com prazer. Fecharam-se os olhos do ser, e pôde ser.

Agora sim!
Que guerras? Que medos? Que prisões?
Sem máscaras, gritou como se liberta-se o maior sofrimento que um peito já deu luto, respirou um ar branco e infinito e o seu coração ganhou de novo cor.

Ou várias.

É fora do palco que se encontra o verdadeiro homem.

Paulo Coutinho
 
Saltou de um sonho... para outro!

O meu argumento

 
Há algo em mim que resiste, e que avança por entre a névoa. E os dias, em sonho real, ou realidade sonhada, escrevem o tempo em que existo quase sem propósito. Mas essa força que me move impede-me de desistir, e por entre a névoa, sigo. Sigo, para além de mim, por não ser eu quem tece as malhas, e estou sempre em qualquer parte, menos no domínio do meu ser. Não sou, porque me assisto a ser, como se me narrasse às paredes, ao vento e aos outros, sem ser omnisciente da minha própria história.
 
O meu argumento

Ser antes

 
Se eu pudesse,
Despia a alma e lavava-a,
Depois,
Sacudia-a com força,
E estendia-a ao sol, e,
Com sorte, amanhã poderia ser outro, e,

Com pressa desmedida,
Comeria chocolates e ouviria o gaio do fim das tardes,
Todas as tardes da minha vida, e,
Como uma gota de orvalho presa,
Também eu seria leve demais para cair no erro de deixar de ser criança.

Paulo Coutinho
 
Ser antes

mentira... da verdade

 
A minha vida é mentira, e o meu sonho verdade… Vivo o sonho e minto a realidade.
É voto do meu Deus, sórdido vício, que os meus olhos ousam mentir..! Calma aparente, que sofregamente choro por ter, pois vivo do sonho, o sonho mais lindo… O de te querer!..
Gesto certo distante… Perdido no espinho calmante, em que me refugio.
Emenda fácil que não sigo adiante, pela cobardia errante, pela dor constante de te pensar, pois o saber que te sonho, e por isso mesmo só te sonho… Faz-me chorar..!
Nadar em seco, no mundo deserto das tuas sentenças… Onde julgas tudo onde pertenças..!
Arranhar as veias, pela pertinência das crenças… Creio-te tanto que me condensas, numa pegajosa camada de avenças, entre mim e eu..! Demências!
Mundano olhar que me atraiu, secreto beijo que me consumiu..!
Em mim pousou o calafrio, á meia-noite, quem te viu?.. Pergunto-me assim, em tom de mio… Pois quem te sonhar, como eu, será vadio.

Paulo Coutinho
 
mentira... da verdade

Iniquidade

 
Que vida é esta?
Escrita de palavras curtas,
De frases escondidas,
Metáforas inexistentes,
Sentidos sem lógica,
Procuras disfarçadas sob um poema correcto.
Ortografias magoadas,
Letras corrompidas, num espectáculo discreto,
De dor e de mágoa,
De lágrimas,
De mundos cheios de nada,
De não saber o que vem, e de ardume no peito...
A cada gesto teu, a cada traição tua...
A cada momento.
Com gestos, sem o gesto de quem o faz,
De pureza dissimulada,
De beleza,
De cor,
De querer nada.
E com um beijo doce me enganas...
Nesse teu jeito de olhar...
Num abraço, que abraça as tuas pretenções,
Num "adoro-te" com secura.
E com carinho me enganas...

Paulo Coutinho
 
Iniquidade

Kafka e o seu mestre

 
Finalmente, ontem percebi a analogia Saramago/Kafka, após terminar de ler o livro "O processo". Parece que Saramago aprendeu uma ou duas coisas com o senhor da república checa, e isso tornou-se para mim evidente após o primeiro livro que li de Kafka. Quanto a Saramago, sou um bom leitor. Não ávido, mas já li cinco dos seus livros para me inteirar do seu estilo e perceber a sua dinâmica narrativa. Quanto a Kafka, é-me praticamente desconhecido, e é engraçado que tenho o livro "Metamorfose" guardado há uns anos, e comecei a lê-lo várias vezes sem nunca conseguir terminá-lo. Há algo de estranho naquela história... Sinto que todo o ambiente cria em mim sentimentos de repulsa, que gradualmente se transformam em tédio, e não sou capaz de terminar. A história conheço-a, pelo menos os seus pontos principais, e por isso me despertou a atenção, mas ao lê-lo parece que sinto a atmosfera sufocante que o personagem deve ter sentido (que, aliás, acho que é coisa recorrente nas suas obras), e, no meio do absurdo catalisador do resto do relato, existe uma realidade caótica e transversal, que, devidamente analisada, se poderia transpor para as malhas do plausível e ensinar-nos alguma coisa.

Este é, quanto a mim, o ponto análogo entre Kafka/Saramago. Utilizar como catalisador algo absurdo e transformá-lo numa coisa plausível e susceptível de levar ao leitor uma mensagem, mais ou menos codificada. "O caos é uma ordem por decifrar", num romance em que aparentemente um homem descobre outro totalmente igual a si. "Se podes olhar vê. Se podes ver repara.", num romance onde o mundo é, aparentemente, assolado por uma epidemia de cegueira. "Conheces o nome que te deram. Não conheces o nome que tens.", num romance em que o personagem principal tem a obsessão de coleccionar identidades. Nestes mundos muito próprios Saramago criou como que um reflexo grotesco da nossa vida.

O título pode ser estranho. É. Porque é absurdo. Mas quer dizer que, julgo eu, se Kakfa tivesse tido tempo, poderia ter também criado o legado que Saramago deixou, tão vasto e intemporal. Como infelizmente não teve, terá como seu mestre o homem Português que elevou um pouco mais a literatura do seu país, onde quer que estejam. Talvez, na utopia que cada um almejava, que, pelo visto, descobri serem parecidas.

Paulo Coutinho
 
Kafka e o seu mestre

(des) caminho

 
Atiro-me à cama com a fastidiosa sensação de fronteira. Sou um poço com fundo longínquo, a derradeira lucidez que precede a morte.
Existe um muro, intransponível, e eu sou esse muro. Não me encontro fora nem dentro, sou o meio de mim, o pedaço que a ninguém pertence, sem nome, nação ou hino.
Onde a chuva cai e ninguém vê. O lugar onde se abate a tempestade e ninguém repara.
O sítio onde as emoções dão lugar a um rodopio de sensações difusas, como uma nuvem prestes a rebentar de água, mas que nunca rebenta.

Paulo Coutinho
 
(des) caminho

Encaixe

 
Falta-nos a luz branca das coisas novas. Falta-nos o cheiro da tinta fresca, e o calor da lareira no dia de chuva. Ou o leite levado à cama, os caprichos, as repreensões. O bom e o menos bom. Tudo nos faz falta, quando chega a altura da vida em que percebemos o que é a idade, o que significam os anos na realidade. O Tempo, que não existe. As rotações do universo, dos mundos que existem mas que não vemos, mas que sabemos que existem porque assim nos contaram. Chega a altura em que queremos voltar a tentar voar por cima da videira, a doce videira que nos alimentava os sonhos. Avizinha-se a hora da efémera tristeza, mas tão profunda, de constatar que não sonhamos mais, e que nunca mais poderemos voar por cima da videira, ou de qualquer trevo. As cabanas dos índios, o tempo as levou. As panelas de terra, o tempo as levou. Esse tempo que é um cubo mirrante e que flutua ao silêncio do abate, e da repressão de nós mesmos. Cubo onde cada um de nós se insere. Onde é o aperto da responsabilidade que fala mais alto que a necessidade. E eu pergunto-me porque não senti isto antes. Falta-nos a consciência cega, imune de malevolências, quando sabíamos que a mão era o caminho para as coisas, e mexíamos, torcíamos, esmagávamos todas as certezas, sem o medo da repreensão. Quando ser feliz era conseguir que o avião de papel planasse e ter um bolo para comer na volta para casa. Faz falta a simplicidade de ser apenas porque se é, pois somos complexos, por sermos aquilo que não somos e abominar-mos toda e qualquer hipocrisia. Chega a altura de vestir a farda de segunda-feira, dos dias, que são como os outros, mas que domesticaram. Chega a altura em que a farda, do uso, se apegou à pele, agrafou-se à alma, e confundimos o que somos, com aquilo que éramos, sem saber que não é o tempo o culpado, nem as segundas-feiras, nem os anos. Há quem não vista essa farda, e há quem a vista à força. São gente inconformada, em revolta não se sabe do quê, já que nem eles sabem do que fogem, mas sabem que sabem alguma verdade, e sentem dentro de si que o coração morre aos poucos. São pessoas confusas, sem rumo, ou alguém que os guie no caminho livre e mortal que escolheram. Chega a altura em que há corpos flamejantes que se destacam na multidão carregada do preto ou do branco, da uniformidade e da sentença de prisão perpétua a uma vida com preço de compra e empréstimo. Faz-nos falta um rio que nasça na sala e desagúe na mente, um coqueiro à porta do quarto, um cantar do pássaro das manhãs todos os dias da nossa vida. Mas só nos apercebemos dos milagres tarde demais, quando as lágrimas nos escorrem das unhas e por cima da cabeça se denote uma auréola suja. Quando já não somos nós, mas uma carcaça sem marca de algo que foi ou deixou de ser, de sangue burocrático e só, de olhos que mentem e despem o mundo com oportunismo, de mãos que batem na inocência e trazem o caminho do abismo. Porque chega a altura em que temos de ser adultos.

Paulo Coutinho
 
Encaixe

Indiferente

 
Mais um dia que passa por mim como um comboio cheio de gente e coisas e histórias.

Foi há já muito tempo que me esqueci quem era, e foi há pouco que parei para me olhar. Cruzei-me com alguém que estava parado do outro lado do espelho, e que me olhava tão indiscretamente. Apeteceu-me perguntar quem era, mas não o fiz. Eu sei que deve ser o meu reflexo.

Acredito que estou algures naquela imagem. E sei que me encontro algures aqui dentro, mas não vejo e não sinto. Estou sempre algures e não sou dono de nada em mim porque vivo como quem recorda uma memória indiferente.
 
Indiferente

Na impossibilidade do sonho

 
Em todos os campos do mundo,
Em toda a folha caída,
Em cada gota de rio,
Em qualquer partícula de ar,
De terra,
Ou pedra.

Em cada trecho de vento,
E pelas suas almas errantes,
Em cada espectro de sol,
Em cada infinito de céu,
Por toda e qualquer esquina,
Em qualquer sombra de aço,
Betão,
Tijolo,
Ou cimento.

Por toda a pele da cidade,
E pelas suas palavras distantes,
E em cada pensamento,
Em cada pedaço de corpo,
De toda a vez que inspiro,
Sempre que me expiro,
Eu sou e estou,
Em todo o lado,
Eu quero tudo,
Em todo o lado,
E na impossibilidade do sonho,
Não sou eu,
Mas outra coisa.

Paulo Coutinho
 
Na impossibilidade do sonho

.... Ponto final

 
Se eu pudesse escrever o texto que unisse os fragmentos de que sou feito.

Se descobrisse a lacuna dos meus sentimentos, num texto que o dissesse, morria.

Até lá, vivo para me matar e escrever até que as palavras desenhem o meu sentido das coisas.

Até lá, sou o papel amarrotado que se atira a um canto

Um rascunho inútil.

Um parágrafo medíocre. E, se eu morrer sem me criar, morrerei por nada.
 
.... Ponto final

A etapa da descrença

 
Há menos estrelas de noite a pontilhar os meus sonhos, e a concha já não canta o mar.

Os deuses fugiram e aos anjos descolaram as asas.

A dúvida fez agora de mim o seu ninho, porque antes não precisava dela.

Os teus lábios e o teu corpo nu não me guardam mais segredos, porque és só carne, e eu sou só carne.

A cidade de antes, bela, é agora velha e gloriosamente arrogante.

A bondade já não é gratuita e troca-se por conveniência.

Já não resta magia, e a engrenagem do meu coração enferrujou, e ele, por ser pequenino e não poder guardar tanta decepção, despeja-a em forma de letras e frases feias.

Paulo Coutinho
 
A etapa da descrença

Perpétuo

 
Hoje é o fim.

O fim de tudo quanto conheço, de todas as coisas, de todos os seres, mesmo até de tudo o que nunca eu vi.

Vou desligar as luzes da minha consciência e fechar a persiana dos meus olhos, e cair até onde calhar. Vou dormir, e, quando eu adormeço, o mundo morre. Morres tu,
ela e ele,
eles,
nós,
sim,
eu também.

Se o mundo, no qual eu vivo, é a representação daquilo que os meus sentidos captam, é então plausível crer que quando adormeço, o mundo deixa de existir.

E é ridículo, mas igualmente plausível crer que todos os dias o mundo morre milhões de vezes seguidas nas suas múltiplas versões, e volta sempre a nascer, e a cada dia se apresenta alheio ao genocídio perpétuo e ao facto de eu ser o culpado.

Mas dormir é tão bom que todos os dias desperto sem qualquer remorso.

Paulo Coutinho
 
Perpétuo

cálice

 
quem dera ser o beijo da tua boca,
e acordar deste sonho, alegremente..!
ser de algures, a alma louca,
que por ti grita... a toda a gente

é de um cálice prateado,
toma-a, então, de bom grado...
sente-lhe o fél, o ardor,
as saudades das noites de amor..!

quem dera ser o beijo da tua boca,
o chão por onde pisas... leve...

ser de ti, assim..! sem poemas duros e sombrios.

Paulo Coutinho
 
cálice

Dou a cara

 
Desculpa-me as palavras duras, mas não tenho outras. Não te quero porque és demasiado fácil.

Dá-me motivos para pensar em ti. Rejeita-me, ignora-me, e tens-me na tua mão. Ama-me e não te vou querer. O amor, para mim, só é amor quando me bateres. Quando a bofetada for tão forte que eu não possa pensar noutra coisa senão nas tuas mãos. O amor dói-me, mas é a única forma de o sentir.

Paulo Coutinho
 
Dou a cara