À minha janela os sonhos voam distantes Nas folhas de um livro sem horizonte, Leio história de uma vida que tão rápida Chega ao fim, nos adeus, em despedidas.
Quisera poder ter sentido no sangue Vibrar alegrias que já foram perdidas. Triste é o fim ausente de romance Paixão que fora sempre comedida.
Perco páginas ao fim certo e senil De poucas lembranças, sem vida Do amor, sem marcas, nenhuma cicatriz,
Que me deixasse a sonhar, mordaz, meretriz Cheia de beijos quentes, a sofrida Nas páginas de um livro chora sem porvir.
Florescem em mim Na brisa saudosa da tarde Loucos ventos agitando meus mares Flores, que ninguém vê E, nem eu colho, Sentimentos que voam, Emoções que rodopiam, Nas folhas de outono.
Ó Deus, que me pusestes à vida No amor e nas suas feridas. Sofro em querer alcançar o impossível Por saber amar minhas dores. Esse amor que queima atroz Dilacerando o coração, Sabe-se que se prende em nós Soltando-se ao teu amor. Chegar perto não se pode À beleza que se sente É algoz, e comovente Sentir do amor, Seu calor A queimar minh’alma No esplendor...