Poemas -> Introspecção : 

Oceano (Antero de Quental)

 
Junto do mar, que erguia gravemente

A trágica voz rouca, enquanto o vento

Passava como o voo dum pensamento

Que busca e hesita, inquieto e intermitente,



Junto do mar sentei-me tristemente,

Olhando o céu pesado e nevoento,

E interroguei, cismando, esse lamento

Que saía das coisas, vagamente...



Que inquieto desejo vos tortura,

Seres elementares, força obscura?

Em volta de que idéia gravitais?


Mas na imensa extensão, onde se esconde

O Inconsciente imortal, só me responde

Um bramido, um queixume, e nada mais...


Antero de Quental, poeta e jornalista português.
Nasceu em Ponta Delgada em 1842, onde se suicidou num banco de jardim público em 1891.

Havia escrito na carta autobiográfica enviada a Wilhelm Storck, o tradutor alemão dos Sonetos, em Maio de 1887: “Morrerei, depois de uma vida moralmente tão agitada e dolorosa, na placidez de pensamentos tão irmãos das mais íntimas aspirações da alma humana e, como diziam os antigos, na paz do Senhor - Assim o espero”.

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AjAraujo
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