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O TERRAMOTO - PARTE II

 
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Desta vez, escapei.
O pânico foi terrível e não desapareceu, ainda. Longe disso.
É um medo que fere como pregos retorcidos, espetados na carne viva do coração e, em cada pulsar, há um corpo inteiro que dói.
A destruição é pior do que a forma como a imaginava.
A dor, essa, veio para ficar. Veio substituir tudo o que perdi, quando se perde tudo, menos a vida.
Falam de um vazio. Mentira.
O nada ocupa tudo e não há, sequer, espaço para o vazio. E para além de que o vazio traria a calma e a calma não existe. É uma arrogância.
E agora? Continua a haver dias. A noite para dormir. Depois, um acordar. Acorda-se e os corpos continuam mortos. As lágrimas secam, o riso desaparece bem como quase todo o senso.
Resta o instinto.
Minutos passam em branco e parecem horas, ou até dias, como é que o próprio tempo não foi engolido com a casa e com a rua, com o banco e a velha árvore, não sei.
Deixei de saber o que é o tempo.
Acho que nem sequer sabia o que ele era, de facto.
Mas parece-me indestrutível, talvez.


Incipit...

 
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Vilians3
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Enviado por Tópico
varenka
Publicado: 20/03/2011 16:48  Atualizado: 20/03/2011 16:48
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 Re: O TERRAMOTO - PARTE II
Poeta,

Triste...Mas tou aqui te ouvindo...Não estás só.


Bjs
Varenka