Época de reflexão
Imagem retirada da Google-Madeira no Natal
Da Janela olho
Luzes a brilhar
Em cada casa
Em cada lar
Em cada um
Uma história para contar
De amor, paixão
Desejo e emoção
Tudo começa e acaba
Tudo é ilusão
Mas algo permanece.
A morte, a alma
A perfeição
Nada fica imutável
Tudo nasce
Tudo morre
Tudo se aperfeiçoa
Que segredo é esse?
O que não sabemos?
O que se esconde
Em cada vida?
Em cada um de nós?
Mas isso que interessa?
É a vida, o amor
A paixão e a perfeição
É natal,
Época de reflexão
De junção e união
Num mundo nosso
Teu e meu
Soneto fora de luxo
Deixei a vaidade fora do meu circuito
Não quero ser escrava da imagem
nâo sou rei nem ando de carruagem
Nem nunca foi esse o meu intuito
Sou muito mais que isso, eu sou gente
Sou livre, não obedeço a padrões
Despi-me de luxos e ostentações
Para mim prevalece o poder da mente
Deixei há muito de ser convencida
na minha alma encontrei guarida
e vivo em função da sua luz
Percorro, calmamente, o meu caminho
Procuro a todos dar o meu carinho
e encontro-me na minha paz fora de luxo
Maria Fernanda Reis Esteves
48 anos
Natural: Setúbal
Amores Mundanos
Amores Mundanos
Que me importam amores mundanos,
honrarias e prazeres ufanos,
promessas falsas de eternidade,
se, em meu redor, felicidade
me atinge num vigor imortal
me eleva numa arte conjugal?
Que me dessedenta do torpor
de tempos febris e buliçosos,
almejando doação total,
sem receber, de outro ser mortal
mergulhado em prantos ciosos
só o cárcere do seu rancor?
Em redor, meu olhar se liberta,
vagueando em parte incerta,
onde a natureza se conjuga,
escondendo de mim esta fuga.
Em redor, as montanhas e céus
acasalam, em dança de véus,
matizados dos verdes tocante
anilados. Eu sou seu infante.
Lisboa, 03/06/2015
O PÃO AMANHECIDO DOS PENSAMENTOS
Apanho a lucidez
Despacho a lógica
Pelo boqueirão
O pão amanhecido
Dos pensamentos
Mastigo-o, molhado,
Na boca do tempo
Rumino-o...
Cota a cota...
Éolo a Éolo...
Até que vire
Refinada farinha
De ilusão
Não leve a mal
Meus pensamentos alinham--se
E aninham -se em meu peito
Não leve a mal esse meu jeito
Desajeitado, olhar esguelhado,adivinha-se.
O que não é dito, me permito
Dizer o que não consigo
Segredar sentimentos, admito
Digo ao vento e, o persigo.
Feito uma patinha feia
Escondo e permito a ilusão
Guardados sentencia o coração
Meu corpo e alma por ti anseia!
Nereida
Onde me espelho
Espelho-me no ondular das giestas
que tímidas acenam ao vento
(invasor da sua intimidade)
Acaricia-as e desgrenha-lhes
a face dourada pelo deus Sol,
dogma maior da minha crença
Nas dunas da minha alma
recrio-me no areal das ilusões
e entrego-me virgem à energia
que me possui e intimida
Terra ardente e imaculada,
luz de fortes vibrações
Sou mãe terra, grão fecundo
Semente de esperança
Morada de amor e fé
Solo fértil, adubado
Altar de luz, chão sagrado.
Maria Fernanda Reis Esteves
49 anos
Natural: Setúbal
Onda da paixão
Toda a maré que se preze
Trás a onda da paixão
Junto à praia ela fenece
Em doce rebentação
Há na arte de amar
Toda uma audaz fantasia
Com tempero a maresia
Sol e sal no mesmo mar
Nas águas da sedução
Muitos são os que perecem
Náufragos da ilusão
Vida e morte lado a lado
Maria Fernanda Reis Esteves
Natural: Setúbal
Ilusão
Trago uma mão cheia de verdade
Faço dela o farol dos meus dias
Na alma um sol de alegrias
Caminho que me leva à liberdade
Desconheço o conceito de mentira
Creio que é apenas ilusão
Nunca me movi pela ambição
Nem vou me abalar por quem me fira
Não me cabem juízos de valores
Nem pretensos falsos moralismos
O bem é a luz universal
A verdade não é coisa de doutores
É abrangente e não tem preciosismos
Já a ilusão é o sinónimo do mal
Maria Fernanda Reis Esteves
52 anos
natural: Setúbal
Sózinha !
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No momento senti, apenas, o peso do meu desencanto,
Foram momentos eternos,
Incapaz de substituir sentimentos inaceitáveis,
O fascinio que não esmorece.
Nada mais que um grito intimo, fechado, calado, escondido..
Olho-me de frente, encaro a minha fragilidade,
Torno-me parte das paredes frias que me engolem.
Enlaçada em mim, diminuta, tão pequena!
Engulo as palavras na tentativa inglória de travar o soluço.
Olho-me de frente, sei que estou sózinha!
É violento o silêncio, calou-se o eco das palavras ininteligíveis,
Vazias, vagas, cortadas...
O sol pôs-se, veio a noite,
Coberta pela escuridão, chorei!
Aquele estágio de inocência desabara,
A criança, fora-se embora...
Preciso de Paz, de um lugar protector.
Olho-me de frente, sei que estou sózinha!
(originais)
Descrença
Descrença
De vez, entrego meu coração
sem pesar, um fardo sem valor,
sobrecarregado de ilusão,
vazio de ódio ou de amor.
Parto, sem esperança, sem fé,
nem caridade, só, na descrença,
rumo ao desconhecido, a pé,
roto, pejado d' indiferença.
Deixo tudo, meu parco haver;
folhas de papel garatujadas,
de arabescos falhos de saber,
penas rombas, danadas...
Furto-me a madrigais de intrigas,
de armadilhas fatais , medos e brigas.
Nego-me à irrealidade vil
da possessão do senil.
Esqueço-me de odores famintos,
do inebriar dos meus sentidos,
do sexo, suas artes e gemidos
que me cercaram, secos e extintos...
De vez, eu esqueço-me de mim,
de sonhos, de promessas, enfim...
Parto, descrente, ouso um fim,
desta selva, outrora jardim!
Lisboa, 07/06/2015