Com as mãos para o alto, ela se joga para o escuro, buscando no corpo do outro, todas as coisas santas.
Ele, de cabeça para baixo, sente que pode menos do que mostra, e mesmo assim, a espera sem nenhuma palavra.
Quando segura aquela mulher, não pede explicações, nem promessas. Sabe apenas que tudo depende do equilíbrio, dos saltos perfeitos e ensaiados, das técnicas aprendidas, da vontade de manter todo o impossível no ar.
Ela fecha os olhos, tentando esquecer que não há redes, nem segurança. Qualquer descuido é sempre fatal quando o encontro é pela metade.
E calados porque o amor verdadeiro sempre arranca as palavras da boca, ficam suspensos na eternidade, sentindo o vento nos cabelos, o sangue correndo forte nas veias medrosas e fracas, a intensidade do vôo.