ÉBRIO HABITUAL
Parecia falar com uma planta...
Enquanto ele bebia no boteco,
A luz cambiante pelo vinho seco
Lhe refletia o olhar em fúria santa.
A raiva lhe vertia p'la garganta
Só co'a folhagem vã lhe fazendo eco.
Se não por falta, por excesso eu peco
E a dúvida em minh'alma se agiganta:
--"Que é isto?" -- A fala ecoa no vazio!
E embora estranho, o olhar já não desvio,
Esperando de seus gestos sentido.
Imerso em si, ele não me vê a vê-lo.
Continua a altercar n'um pesadelo,
Sozinho demais para ser ouvido.
Betim - 16 03 2013
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.