Poemas -> Surrealistas : 

Cães de pedra

 
Porém, os cães não se ouvem
são de pedra
como o são as estátuas
e a casca dos meses
moribundos e bizarros
a limar as horas felizes,
nem suspiram ou ferem
o latir do sol
no bulício dos anos,
muita luz
pelo mar perdida,
teatro nos dedos da noite
abertos à maré da vida.

... no entretanto
os cães de pedra
soltam-se à vigília do pastor
e pelas mãos correm,
mendigos do inverno,
amigos do silêncio.

Não se escutam uivar,
são de pedra
e sonos vulgares...
sobram os pequenos sonhos
que não sonham
dentro daquilo que não são.
 
Autor
José António Antunes
 
Texto
Data
Leituras
1266
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
2 pontos
2
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
AnaCoelho
Publicado: 19/02/2009 21:27  Atualizado: 19/02/2009 21:27
Membro de honra
Usuário desde: 09/05/2008
Localidade: Carregado-Alenquer
Mensagens: 11253
 Re: Cães de pedra
Estatuas envoltas de véus
aparencias desprotegidas
pedras vulgares sem brilho.

Poema com metáforas sublimes.

Beijos com amor

Enviado por Tópico
Caopoeta
Publicado: 28/02/2009 15:46  Atualizado: 28/02/2009 15:46
Colaborador
Usuário desde: 12/07/2007
Localidade:
Mensagens: 1988
 Re: Cães de pedra
"sobram os pequenos sonhos
que não sonham
dentro daquilo que não são."


gosto particularmente desta frase,encontrei algo que à bastante tempo procurava...

abraço