Odeio Cópias!!!
Estou cansada de dar respostas
a quem realmente jamais quiz me ouvir.
Eu não estou aqui pra isso
estou aqui pra ser feliz!
Me perguntam se é poema ou se prosa?
Se é assim azul ou se é rosa
O céu onde eu conto minha história?
Em que cidade se passa, em que país?
Querem saber a quem imitam os meus rasbiscos
E eu só quero saber de mim!
Querem saber se lí Bocage ou li Florbela
Mas que diabos! Ouçam a mim!
Deixem que minha história seja formada
No meu formato, no meu contexto inexato
Não há em mim nada de Guimarães Rosa
Ou de Cora, Drumond ou Paulo Leminski.
Há somente um coração e uma mente
Que tenta ser poeta inconsciente
Do que dizem todas as gentes
Quem insistem em não me ouvir!
Por favor não façam cópia de mim!
Filha dos Ventos
Filha dos Ventos.
Ficaram na minha garganta presos
Contidos, deixados no desprezo
Cada um dos meus versos
Hoje ferozes e precisos.
Não! Meus versos não serão bélicos
deixarei que seja como Zéfiro
Suaves e tranquilos
Que sigam no vento
Não quero despertar as minhas
tempestades, dormita o meu Eurus
Os Deuses conspiram para o meu silêncio!
Teceria com audácia as palavras mais amargas
E responderia intrépida como Bóreas
As ofensas que me lançam, como raios
Mas hoje eu apagarei as nuvens de Nótus
E deixarei azul o céu das minhas poesias.
Dancarei uma ciranda com Siroco e Lips
Porque ainda hoje eu serei harpia e dançarei
entre os mármores de Partenon.
Hoje eu sou filha dos ventos!
Paz e Flores
Meu Deus, Eu quero paz!
Quero ler uma poesia que fale de amor
e de mãos amigas.
Chega de confrontos!
Chega de fadiga!
A noite já vem vindo e eu ainda
estou vestida de poeira
Eu quero o vento que me varra
Numa poesia verdadeira!
Quero a paz de Vinicíus de Morais
E quero flor de laranjeira
Nos bucólicos madrigais
Eu quero a flor mais pantaneira
Eu quero a paz que eu descrevo
em minhas letras, mal escritas
mal vistas, mal interpretadas
Mal revisadas, apenas minhas essas minhas letras
Quero ver a paz sentada na minha varanda
e na mesa que é posta...
Quero ver em prosa a paz no meu sorriso!
E naquele, e naquele outro
Nada além disso!
Chega de guerras, chega de insígnias
Chega!
Eu quero a paz das margaridas!
Cristhina Rangel.
Outros faróis
Vou deixar que passe essa fúria
que me arrebenta todos os cais
que me faziam voltar.
O meu amar é mar bravio
que não se deixa enganar
que não se contenta em simples remar
Necessitas mergulhos profundos
nos mais escuros corais
É de lá que saem as cores
que formam minhas velas..
Rasga-me em fúria agora a mesma tela
Que vias dos teus faróis...
estamos sós, naufragados, pilhados
tantos sonhos...infame e covarde
A solidão, que faz perdermos nosso norte
e Murcha-se a rosa dos ventos
do tempo que um dia foi só nosso!
Estamos a deriva, em outras paixões.
Beijo
Beijo
Eu quero num beijo ardente
Saber o que tu sentes
ou se é maldade,
dizer que sentes, com a mesma intensidade.
Essa paixão
essa ilusão
Essa vontade!
Eu quero num beijo longo e quente
Sentir a tua pele
Sentir tua respiração
Saber se sentes
Ou se e só maldade,
dizer que sentes, com a mesma intensidade
Essa paixao
Essa ilusão
Essa vontade!
De delirar,
De estravasar
Esse desejo
Essa ânsia toda da minha boca!
São Coisas da Vida
Não trago mais a revolta da juventude.
Aprendi que o silêncio também é atitude.
Aprendi que a vida é como uma rua
e é preciso olhar para os dois lados
enquanto atravessamos.
Eu percebi que minhas verdades
Apenas a mim interessam
e quando for dizê-las
preciso antes saber se querem ouvi-las.
Gastei um tempo enorme
Pra descobrir que sou pequena
E que se não divido nada
Fico ainda menor..
Passei tempo demais
buscando respostas
que me insentassem a culpa
Agora me assumo, errei sim!
Tardiamente vi que o amor acaba
e quando ele ia eu via
que tem muita coisa errada no amar
Principalmente as medidas
amamos sempre do jeito
que nos parece certo e é errado!
Há que se amar qual o esperado
nem mais, nem menos, apenas isso.
Aprendi outras coisas úteis
guiar-me por bússulas
falar alguns idiomas
A jamais, (eu disse jamais)
confiar completamente,
porque todos temos segredos.
E finalmente compreendi
Que quase sempre fim
Significa um recomeço.
Cristhina Rangel.
Falando de Amor
eu queria falar de amor, falar de um amor que só pode falar quem já conheceu
todas as faces e fases de um amor como o meu.
queria falar do que é ficar do lado de dentro esperando chegar o vulto, a sombra na janela
e falar da da dor que se tem quando vem a madrugada e não se tem alguém
eu queria falar de um amor que ainda agita o coração e qua ainda tira a razão e sem razão permanece igual ou maior
um amor talvez patético
um amor que me envergonha e e me emudece
ainda assim é um grande amor!
um grande amor que ainda fere e ainda me atira no chão, ainda que eu queira:
levantar-me e dizer Não!
mais que ao mesmo tempo eu respeito!
respeito cada lágrima que me fez chorar
respeito cada riso que me fez soltar.
e ainda tenho dentro de mim, uma lembrança do primeiro olhar,
e do primeiro beijo
e é por isso que esse amor eu respeito.
esse amor poderia ter sido tão diferente, tão rente ao eterno
mas se perdeu no caminho e só se encontra em meus versos
e o vendo assim, parece tão lindo, tão imensamente terno
que mal cabe no tempo e assim se faz eterno.
queria falar de um amor que canta pela manhã e chorava a tarde e espera a noite!
queria falar de um amor que aninhava, beijava e sentia solidão.
eu queria falar de um amor que remonta uma história
uma tragetória, uma tragédia.
um amor simples e às vezes comedido se fez pra sobreviver
falar de um amor que muitas vezes tratado com crueldade se armou da verdade e venceu
eu queria falar apenas que amei,
falar apenas que fui amada
falar apenas que vivi todas as fases e faces de um unico e verdadeiro amor.
Cristhina Rangel
Amargura
Amargura
Quando você disse eu te amo,
Eu tinha empilhado os sonhos
e deslizavam os enganos
na minhas mãos suadas.
As esperanças já estavam longe
no mesmo horizonte
tantas vezes antes apagado
a crença desse amor adormecido
já era quase santo,
Esculpido em um mármore frio
A resposta nula, consciente
desse desencanto
ficou no meio das minhas bagagens
abraçadas ao assustador silêncio
que enterrava os anos
A minha dor não mais me cabia
e como arma fria uma frase apenas
cuspindo o sabor dessa amargura
Preecheu o ar,e todas as lacunas
_Eu sentirei, saudade sua!
Cristhina Rangel.
Borboleta sem asas
Borboleta Sem Asas.
Estou morrendo!
E minha poesia é penitente e cheia de agonia.
Observo as gotas caindo no catéter
Ela segue o mesmo ritmo, lento e compassado.
Ah! Mas se eu tiver um dia a mais
Talvez volte pra casa, e abrindo meus armários
Revendo meus vestidos de festa, (coloridos!)
Até consiga cantarolar uma canção antiga
sem lembrar do velho corpo
Tão jovem, tão moreno e definido!
Depois quem sabe, eu finalmente
Me disfaça da coleção de canetas
Aquela com a qual eu escrevi
O meu primeiro verso...
que era sobre borboletas!
E enfim, eu o reescreva
fazendo agora o caminho inverso
Voltando a não ter cor, nem asas
Voltando ao casúlo,
Transformando-me em verme.
Cristhina Rangel.
DE MIM NÃO TERÁS
De mim não terás...
Não terás meu coração outra vez.
não terás de mim o carinho que te dei
não terás de mim o sorriso na chegada e a espera aflita.
terás apenas a lembrança da antiga namorada...
não terás de mim o que tivesses antes
quando meu amor era eterno e eu era absolutamente tua!
terás de mim um amor como o de outra qualquer..
uma mulher somente eu serei!
Não verás nos meus olhos novamente aquele olhar..
de profunda admiração, minha adoração não terás mais.
Não terás de mim o sorriso inocente,nem o desprendimento
que eu tinha em ti servir, em ti seguir...em ti guiar!
Terás apenas a retribuição do que me deres..
assim quando me quiseres
eu serei sua e você será meu.
Não terás outra vez o amor que eu te dei
Te darei prazer, atenção: mas os meu sonhos não!
Te dou apenas as sobras do amor que antes não quisestes
O amor que por toda uma vida ..fora apenas teu!
Dou-lhe apenas o que me tornei: Eu!
Cristhina Rangel