Alinhando as estrelas
Saiu da sala de jantar. Ninguém reparou.
Desceu alguns degraus e baixou-se para tirar os sapatos de salto alto. Então, desceu o último degrau e sentiu a areia seca tomando-lhe os pés.
Deu alguns passos seguindo o chamamento das ondas.
Sentou-se, pousou os sapatos e abraçou os joelhos.
A noite estava quente e húmida. O vestido branco agarrava-se à pele, do mesmo modo que, a espuma branca das pequenas ondas, se vinha agarrar à areia.
Ainda conseguia ouvir a música tropical vinda da sala e as vozes sem palavras definidas. Tinha sido um jantar muito agradável. Tudo era bom e bonito. Perfeito, se não fosse a sua fome de silêncio e de solidão.
Sentia-se bonita naquela noite, Sentia-se em paz. Mais ainda, ali sentada sozinha. Num ímpeto deixou-se cair para trás e ficou deitada. Olhou o céu azul escuro e viu milhões de estrelas. Definiu algumas constelações.
Tentou definir caminhos de estelas. Complexos caminhos que lhe fizeram lembrar as estradas da vida. Viu as estrelas desalinhadas e iniciou um árduo trabalho de tentar alinhá-las. Pareceu-lhe possível. Mas, nessa noite sentia-se cheia de força. Uma força interior que nem sempre conseguia ter. Com a ajuda do mar, conseguiu mesmo alinhar alguns caminhos. Caminhos seus. Caminhos irreais.
Talvez tenha adormecido. Decerto que sonhou e, só acordou, quando sentiu a presença de alguém perguntando o que fazia ali, tão só.
Não era uma voz conhecida. Não era alguém que a procurava mas sim, alguém que a encontrou. Simplesmente respondeu que estava a alinhar estrelas. Ele sorriu e sentou-se ao seu lado. E só perguntou se podia ajudar…
Por vezes, também gosto de escrever em prosa.
Estrelas
.
Estrelas
Ontem
na tentativa d´adormecer
resolvi contar as estrelas do céu ...
três milhões setecentos e ...
... adormeci
nunca o ontem
foi tão infinito !...
Luíz Sommerville Junior in Facebook, Março 2014, 23:57
Saudade boa...
Ainda hoje, tanto tempo depois,
sinto, intenso, aquele cheiro a nós dois...
Na boca ainda me arde o calor do teu rosto
e ainda me deixo navegar nos teus beijos,
em ondas quentes de fogo posto,
com a vela içada de desejos!...
Ainda guardo o toque dos teus dedos,
como se fosse o mais precioso dos segredos...
Entre as imagens que me povoam,
continuas tu, sempre presente...
Não tenho saudades, dessas que magoam,
porque nunca, para mim, te tornaste ausente!
Há anos que não sei de ti,
mas a verdade é que nunca saíste daqui...
Desengana-te, porém, se pensas que vivo à toa,
pois o que tenho é apenas uma saudade boa!...
Sem Chão
Sem Chão
by Betha M. Costa
Não apartes da minha a tua mão!
Pois sem ela caio no abismo de mim,
No destempero, desespero sem fim:
Sou mulher no desterro e sem visão.
Sem tuas letras, músicas ao olhar,
Sobre cada pauta de ti desenhada,
De versos e reversos a me talhar,
Sou uma pegada sem caminhada.
Ah, nada de lascívia e nem pureza!
Nem frios e calores em desordem,
Grande caçadora ou pequena presa...
De tão e tão sozinha, perdida e indefesa,
Mando as estrelas que no céu explodem,
Que quietem, apaguem e se acomodem.
*Imagem Google
Partiram...
No coração
Só quero as estrelas
Que apagam as sombras
Dos que foram
E são
Em sorrisos brilhantes
Os meus amores
Ternos
E amantes
São
Os que partiram
Com o meu beijo
De lágrimas de sangue
E ficaram no momento
Mais feliz de nós
Os outros
Acenaram a sós
Um adeus
Perdido nos caminhos
Do esquecimento
E desaguaram na foz
Do imenso mar
Azul
Onde nada resta
Nem se distingue
No meu olhar
Fixo
No sol nascente
Firmamento
Se eu pedir ao sol pr'a brilhar
e me entregar ao seu calor
vai derreter o meu coração
e, meu corpo em insulação
vai gemer, vai queimar nessa dor
Mas se a lua vem me acalmar
e em sua luz me envolver
minha ferida ela vai sarar
e em seus braços vou adormecer
E as estrelas no firmamento
falam-me de eternidade
sempre que a elas me lamento
enviam-me amor e alento
e sonhando eu passo o portal
Maria Fernanda Reis Esteves
48 anos
natural: Setúbal
Tarde calma
Tarde calma.
Era uma tarde calma e tristonha
Quando passava por aquela rua
Ao ver alguém me lembrei a sua
Estatura deslumbrante e risonha
E bem antes que o sol se oponha
Antes que o trânsito se tumultua
Pensei, vou voltar para ver a lua
E esquecer dela toda a peçonha
Olhei pela janela e só vi estrelas
E como ela, eram demais belas
Que quis voltar ao tempo passado
Deitei e dormi bastante tranquilo
E em uma visão eu vi tudo aquilo
Que em pó se tinha transformado.
jmd/Maringá, 13.04.20
Tiara de Estrelas
Tiara de Estrelas
by Betha M. Costa
Aspergi com o suor ácido da pele
Às frondosas copas das árvores
Milhares de braços abertos
Que acolhem sinuosos caminhos
Onde silente percorro o céu
Em minhas mãos delicadas
Tomo as luas de saturno
E montes de estrelas cadentes
Posto-as sobre a cabeça como tiara
A ornar os negros cabelos da noite
A ventania dos astros em desalinho
Iluminada pelo sol nascente
Soprou para longe do firmamento
As órbitas das luas cheias
Que me vazaram entre os dedos
Imagem Google
Noite Insone
Noite Insone
by Betha M. Costa
Passa da hora de dormir,
o céu parece tão tranqüilo,
tão sereno...
Tudo que existe está parado,
e você aí perdido em nebulosas,
em palpites desastrados,
sobre aquilo que não entende...
Use imaginação e perca-se de si!
No universo há mais que há em você:
meteoros destruidores,
buracos negros infinitos,
mares d’estrelas desconhecidas.
Os planetas em todo lugar,
não mudarão as órbitas,
esteja você alegre ou triste,
então, pare de chorar e lamentar,
coisas perdidas... Que não existem!
Sente-se ao meu lado,
vamos pescar umas estrelas,
atapetar nosso quarto,
deixar lá fora o passado,
e sorrir da vida por sorrir.
Da Série “Viajantes do Espaço”.
Imagem do Google
Vem dormir nos meus sonhos
Vem dormir nos meus sonhos,
onde as paredes têm luas acesas
e as estrelas se multiplicam
invadidas pelo calor fragmentado do sol
que aquece o dia.
Deixa que a água do oceano
que corre desgovernado em mim,
adentre as portas do teu peito
para se fazer amor, nas águas do teu amar.
E se porventura acordares, não faças barulho
porque é tanto o sonho, que se despertar,
posso não voltar a encontrar-te.
(Alice Vaz de Barros)