Poemas, frases e mensagens de Angela

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Angela

As rosas vermelhas

 
O vivo escarlate no teu peito
Desenha aveludadas pétalas de rosa.
A estática serenidade dos teus olhos
Transmite uma marmórea paz de anjo.
O teu corpo pesadamente deitado
Descansa num sono profundo.
Meu amor, que tranquilidade
É ver-te assim repousar
Neste doce silêncio da eternidade!
As rosas vermelhas,
Cor do meu sangue que tanto amavas soltar,
Irei colocá-las com toda a dedicação
Na tua bela e limpa sepultura
Para que de novo me possas sentir.
Hoje fui eu que te senti...
E por isso sei que um dia
Voltarei a estar contigo, meu amor.
 
As rosas vermelhas

Carícia sublime

 
A ti me entrego, nua,
Para que me vistas
Com a delicada seda
Das tuas mãos.
Deixo-me envolver o corpo
Com esse suave tecido,
Que fio a fio teces
Em ajustada peça.
Assim, a minha pele,
Coberta, estremece
Ao sentir deslizar
A preciosa veste.
E se a tua seda desfio
Com as mãos minhas,
É para de novo a teceres
Em carícia sublime!
 
Carícia sublime

Adeus falso poeta!

 
Para mim o teu adeus é vil representação,
Um apelo desesperado e insano à comiseração!
Quando leio as tuas fingidas lamúrias,
Sinto-as em mim como desprezíveis injúrias;
E quando te pintas de exacerbado amor,
Hoje sei que não passa de táctica de predador.
Por isso, falso poeta da verdadeira mentira
Afasta de mim a tua dissonante lira!
Não sou receptáculo da tua fantasia delirante!
A minha sensibilidade é da pureza amante!
 
Adeus falso poeta!

A viagem

 
Decidi partir para outros mares de sonhos
Numa nau ou numa jangada - nem sei.
Quis afastar os tormentos mais medonhos.
O medo esqueci; a apatia atraiçoei.

Nas vagas dos desejos procurei
A ilha da felicidade - meu paraíso.
Divaguei, vagueei e encontrei
Sombras coloridas; nunca um sorriso.

Cansada e desiludida hesitei.
Por instantes vi-me a naufragar.
A esperança falou-me; não desanimei.
A embarcação resistiu - meu destino vou alcançar!
 
A viagem

À deriva

 
Nas ondas do mar
Estou a flutuar
À deriva no mar
Debaixo da luz solar
Por cima das águas do mar
Nas vagas a vaguear
Perdida no mar
Deixo de pensar
Levada pelo mar
O corpo a ondular
Deitado no mar
O sal a secar
Trazido pelo mar
Não sei onde vou chegar
Com a força do mar
Em qualquer lugar
O meu lar é o mar
 
À deriva

Intensidade

 
A tempestade do teu discurso
Devastou o meu coração.
A tua alma, do meu rio seguiu o curso
E desaguou na minha alma com emoção.
As tuas lágrimas, meus olhos lavaram.
As tuas alegrias, minhas se tornaram.

Foi com essa intensidade
Que me revelaste o teu sentimento.
Fizeste-me ouvir a melodia da tua honestidade
E eu encontrei-me nesse momento.
A chuva serena não apagou as chamas.
Deste-me ondas que gritam que me amas.

Por ti renasci. A ti quero amar.
Afastarei as sombras do teu caminho.
Reflexos dourados de aurora quero te dar.
Em ti está o abrigo que acarinho.
A minha praia deseja a tua maresia.
A tua boca é aquela que me extasia.

Por vezes pareço um anjo de asas caídas
Mas na minha alvura escondo raios.
Nossas penas, juntos, serão vencidas.
Somente do amor somos lacaios.
Vem até mim, inunda-me com a tua luz!
O brilho dos teus olhos é o único que me seduz.
 
Intensidade

O nosso amor

 
Mil e um poemas,
Cantados por mil e uma vozes,
Jamais poderão glorificar
Aquele instante de eternidade
Em que tu e eu nos beijámos.
E, nem toda a humanidade,
Nas memórias da História,
Poderá proclamar
Que houve e haverá
Um amor maior do que o nosso!
 
O nosso amor

A vida não é poesia

 
Quero esquecer a poesia!
A vida não é poesia.
A realidade é nua e crua
E o brilho da Lua
Nem sempre inspira os apaixonados
Nem torna os desencantos prateados.

Quero esquecer a poesia!
A vida não é poesia.
A guerra não é um eufemismo.
A natureza não é um animismo.
A morte não se torna menos dura
Na melodia das rimas que perdura.

Quero esquecer a poesia!
A vida não é poesia.
As feridas não são rosas encarnadas.
As lembranças não são borboletas encantadas.
A chama iluminada do amor
Não queima o sentimento da dor.

Quero esquecer a poesia!
A vida não é poesia.
As lágrimas não são gotas de cristal.
A amizade nem sempre é um madrigal.
O nosso limite não é o céu.
A saudade não é um véu.

Quero esquecer a poesia!
A vida não é poesia.
Quero sentir friamente!
Quero pensar racionalmente!
Quero deixar de sonhar!
Quero apenas gritar!
 
A vida não é poesia

Anjo falhado

 
Sem asas, caí do céu
E na terra tive de caminhar.
Cruel destino o meu
Que já não me permite voar.

Cada passo é uma pena pesada
Neste labirinto escuro.
Sou uma pobre alma penada
E nem a vida, nem a morte procuro.

Não consigo avistar o horizonte,
Nem uma réstea de ilusão tenho.
Da esperança, secou a fonte.
Em mim, só o vazio contenho.

Ó Deus, sou um anjo falhado!
Nem em mim soube acreditar.
Sou um sonho humilhado
E nem Tu me podes salvar!
 
Anjo falhado

A entrega

 
O sol
Me acalentou;
A lua
Me enfeitiçou;
O vento
Me acariciou;
A chuva
Me beijou;
O mar
Me inebriou;
A flor
Me alegrou
Mas só a ti
Me dou.

O sol
Se iluminou;
A lua
Se transformou;
O vento
Se apressou;
A chuva
Se intensificou;
O mar
Se ondulou;
A flor
Se perfumou
Mas só a ti
Me dou.
 
A entrega

Quero tanto ser tua

 
Quero tanto ser tua, meu amor,
Que me reinvento em cores de borboleta
E ondas de luar para, de sobressalto,
Roubar-te um beijo,
Nem que seja um beijo do olhar.
Quero levar-te do teu morno mundo
Para o rubro do meu desejo,
Em abraços e carícias,
E abismar-te com a minha nudez de alma
Que ondula no meu corpo.
Quero acolher a tua pele
E torná-la minha,
Trémula ao toque do meu sopro desconexo,
Que se perde em suspiros de entrega.
Quero tanto ser tua
Que nua me quero vestir de ti
E assim ficar envolvida,
Cúmplice desse eflúvio de amor sem fim.
 
Quero tanto ser tua

Não sei quando se apagou o sol

 
Não sei quando se apagou o sol
E se calou o vento
Na ombreira da estrada celeste,
Mas o palco não dançou mais
A canção alada,
Vibrante de constelações.
Silêncio. Só. Sem espaço. Vazio.
E tu que outrora seguraste
O cometa dourado
E o amaste...
Brilhaste infinitos,
Guardiões universais
Da aurora boreal
Encantada e doce.
Partiste-te por fim
Em quebrantos de tempo
Na galáxia escura
E caíste num buraco negro
Sem fundo.
Adeus, meu amor imenso,
Estrela distante
Do meu extinto céu!
 
Não sei quando se apagou o sol

A multidão

 
Na multidão,
Por vezes parece maior a nossa solidão.

Cruzamo-nos sem nos ver,
Tocamo-nos sem sentir,
E se um de nós desaparecer,
Ninguém se preocupará em conferir.

Na multidão,
Por vezes parece maior a nossa exaltação.

Atropelamo-nos sem parar,
Ofendemo-nos sem perceber,
E se um de nós começar a gritar,
Todos, o mais forte, quererão ser.

Na multidão,
Deveria ser maior a nossa união.

Respeitarmo-nos sem julgar,
Conhecermo-nos sem esconder,
E se um de nós tropeçar,
Todos, em solidariedade, ajudá-lo a se erguer.
 
A multidão

Dor crónica

 
Taciturnas nevralgias
Irrompem desenfreadamente
Como sanguinolentas barreiras
Desconexas e alienadas.
E essa tortura, dor crónica,
Agrilhoa todas as vontades,
Os suspiros e gritos
Nos ventos e nas águas.
O fogo afoga-se nessas penumbras,
Mórbidas e devoradoras,
Sanguessugas venenosas
Que paralisam e estancam
A fonte da liberdade.
A mente, assim, sucumbe lentamente.
O eu perde-se.
Inânime, ganha-se a mediocridade.
 
Dor crónica

Jeito de amar

 
Amo como sei amar,
Nem melhor, nem pior do que outra mulher.
Amo com paixão.
Amo com desdém.
Amo com dedicação.
Amo como convém.
E se entre palavras e actos me contradisser,
Responderei com o meu jeito de amar,
Aquele que eu quero dar,
Nem sempre aquele que quero experimentar.
 
Jeito de amar

O beijo

 
Quero dar-te um beijo
Sem pejo.
Um beijo solto,
Maroto.
Um beijo molhado,
Apaixonado.

Quero dar-te um beijo
Sobejo.
Quero e dou.
Enfeitiçou.
Teus lábios despudorou,
Queimou.

Dei-te o beijo
Sobejo, sem pejo.
Tua boca adorou.
Desejou
Outro beijo,
Outro beijo,
Outro beijo,
Que eu dou.

Minha boca decorou
Tua boca.
Desenhou
E quis,
Sem rodeios subtis,
Conhecer os ardis
Da tua língua
Sem míngua.

Língua na língua,
Lábios nos lábios,
O beijo aprofundou,
Saboreou,
Deliciou,
Excitou,
Apaixonou.

O beijo beijou-nos,
Aprisionou-nos.
O beijo partilhou,
Emocionou.
O beijo
Que te dei.
O beijo
Que amei.
 
O beijo

A tua mão

 
Amor, perdoa os meus momentos de loucura!
Serena-me nos teus braços de brandura!
Preciso do teu colo para me sentir segura!
Preciso do teu calor para afastar a amargura!

Às vezes, deste mundo cruel desejo fugir.
Queria ter forças suficientes para conseguir
Dispersar esta nuvem negra e descobrir
De novo a luz que um dia fizeste eclodir.

As memórias e as culpas me atormentam.
A tristeza e o cansaço em mim pesam.
No chão caio. A esperança e o sonho não levantam
E, derrotada, entrego-me às lágrimas que não secam.

Amor, por isso mais uma vez te peço perdão.
Só tu tens a força para me chamares à razão.
Deixa abrigar-me no ardor da tua paixão.
Guia-me de novo para a vida com a tua mão!
 
A tua mão

Ao lado do teu corpo

 
Quando ontem ao lado do teu corpo me deitei,
Senti o teu calor na minha pele e me deleitei.
Depois levantei-me levemente para te observar
E mergulhei com a minha alma no teu olhar.
Os teus contornos, na minha praia, se transformaram;
Os teus olhos, o meu mar, se tornaram.
E assim como num transe mergulhei em ti
Querendo encontrar os tesouros guardados ali
No meio dos teus corais coloridos de desejo de amar.
Do tempo esquecida, não me cansei de procurar,
Mesmo sabendo que tenho a vida inteira para descobrir,
Todas as arcas escondidas que fazem a paixão ressurgir.
Como que hipnotisada, sobre a tua areia me estendi
E me entreguei. Foi um raio de sol que senti
Dentro de mim. Raio de sol cheio de calor,
Raio de sol como ouro, raio de sol anunciando a aurora do amor.
Foi tudo isso que eu senti e adorei
Quando ontem ao lado do teu corpo me deitei.
 
Ao lado do teu corpo

A poesia

 
Ela chegou devagar
Como uma frágil gota de orvalho,
Perdida no meio do nevoeiro
E que se aconchega
No seio da flor
Para não ser levada pelo vento.

Ela ficou no olhar
Como um terno sorriso de criança,
Puro reflexo da alma
E que livremente se solta
Num instante de eternidade
Para jamais ser levada da memória.

Ela deitou-se ao luar
Como uma mãe que vai dar à luz,
Dividida entre a dor e a alegria
E que só tem amor
No seu emocionado peito
Para receber a vida.
 
A poesia

Em tudo existe poesia

 
Em tudo existe poesia!

No coração que palpita com amor;
No coração que sangra com dor.

Na lágrima que se solta com emoção;
Na lágrima que rola com desolação.

No beijo que unifica a paixão;
No beijo que anuncia a separação.

Na mão que afaga o cabelo;
Na mão que desespera em apelo.

No sorriso que revela a alegria;
No sorriso que oculta a melancolia.

Na palavra que ilumina o mundo;
Na palavra que empurra para o fundo.

Em tudo existe poesia,
E tu poeta não o podes negar!
É essa a tua afrodisia!
Deixa a tua alma rebentar!
 
Em tudo existe poesia