Em cada instante, a cada espaço,
em que me enfrento
e recomeço
passo a passo, no traço pré-inscrito
de um intuito (mensurável condição humana),
de ser de ti o todo e a parte,
de ser teu escopo,
de ser a pedra,
a musa,
e a tua arte;
Em cada instante, lacónico e fugidio, em que a neblina
se esfuma e me mostra o azul do céu,
em prados de lírios gigantes
cravados na dobra murcha da terra,
fecho os olhos em renúncia,
em submissão líquida de espera,
procuro o plano infinito
onde a neblina crepuscular
se dissipa e se estilhaça,
procuro a noite que, herética,
brava,
selvática,
em mim mesma se manifesta,
em cada poema, em cada frase, em cada gesto,
em que me flagelo, em que me destruo e reconstruo,
no negro avermelhado de um luto.
Na mordaça, amarro o grito
ao desejo de ser tua, num corpo em dádiva,
na alma em chaga, em entrega e no absoluto.
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