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DESENVOLTURA PATÉTICA

 
(Rasgar passadas as eleições).

Patética desenvoltura
Dum Povo Hemisférico
Que esclarece a loucura
Num acto eleitoral
Periférico

Homo Sapiens da roupa
Que trazem à cintura
Apertam colarinhos
Na sopa
Cego-miniatura

Recto-engenhosos de luxo
Justificam a derrota
Com bacilos de coqueluche
Em crises de banca rota

Inocentes criaturas
Com chalé Ferrari e criadagem
Projectam a soltura
Numa ideia pertinente
De vassalagem

Hemorróida rectal
Dum povo sem história
O mal
É cantarem vitória
Antes do carnaval
Da glória

Píncaros a potes
De chuvas de ideias
São aos lotes
Os bazares de teias

Encapela-se o passado
De ternura candidata
Tira o chapéu o cagaço
A uma ideia barata

Ai jesus! Ai jesus!
Pudesse eu pudesse
Pendurava-me na cruz
Viesse o que viesse

Neste principesco paraíso
De cadáveres tubérculos
Faria um achado
De Hércules

Desenvoltura patética
De rimas não sentidas
Que só não é poética
À força de ideias repetidas

(Na sanita dos derrotados
Eleições são pagode
Ai do Povo coitados
É quem paga
E não pode)

António Casado
Revisto para o Luso poemas
29 Dezembro 1989






 
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antóniocasado
 
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