Poemas : 

tal como as cidades

 


Aglutinemos nossas almas, talvez possamos dar um pouco de alegria à nossa infindável tristeza.

Para quem não acredita,
Hoje sento-me no pouf
Castanho, confortável e fumo um joint
Na varanda do segundo andar
Num prédio que apenas tem três andares

Observo a cidade que lentamente
Estende os pés e
Depois os braços
Na cama das ruas, no asfalto,
na calçada antiga
cidade que tem luzes como cobertor

Ouço
Uma musica de fundo . yann tiersen
-moulin
Vinda do computador pelas colunas emprestadas por
Um amigo
-um bom amigo
(só as colunas são emprestadas)


Penso neste momento em nada pensar
E logo esta notícia percorre todo o pensamento.

Para quem não compreende
Todo este processo facultativo,
Pensar para mim,
é um acaso lançado à infertilidade do raciocínio
claro que,
separar as aparências mentais possivelmente transfiguradas
em grandes e lentas passas no joint
é um gesto minuciosamente pensado
o que me leva a vários fantasmas
e eu
tenho-os, o bastante para constituir uma sociedade
catedrática de atitudes morais,
de aspirações abonatórias
com nivelamento aceitável.

Devido a este pensamento não pensado
O joint apaga-se mais uma vez
O que me leva a constatar que
o movimento gestual praticado pelo isqueiro
é útil para afastar outros pensamentos
menos estruturais ao domínio absolutamente inútil.

Quem me diz
Que a chama do isqueiro
Não causa desprezo aos lábios devidamente ásperos
Pela ligeira corrente de ar que se faz sentir

Lembro que são três horas da manhã,
Sendo ainda assim
que o relógio encontra-se atrasado uns quantos minutos

e por falar nisso…
deixarei para mais tarde o resto do que falta fumar,
também eu sou como as cidades.


http://www.youtube.com/watch?v=Hm0g5trWV9c
 
Autor
Caopoeta
Autor
 
Texto
Data
Leituras
931
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
18 pontos
10
0
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 30/03/2010 16:04  Atualizado: 30/03/2010 18:47
 Re: tal como as cidades
O teu verdadeiro registo, o poeta que conheci desceu á cidade.

Pois tive pena que não me tivesses convidado para ver essa cidade mesmo que apenas de uma varanda do 2º andar.

Antes da inutilidade do movimento do isqueiro acabaste por querer um pouco do meu mundo de sonho.

Vou ter que passar a escrever no 2º andar.

Abraço

JLL




Enviado por Tópico
arfemo
Publicado: 30/03/2010 19:56  Atualizado: 30/03/2010 19:56
Colaborador
Usuário desde: 19/04/2009
Localidade:
Mensagens: 4812
 Re: tal como as cidades
companheiro já algum tempo te não via em tão boa companhia (o joint? credo, a poesia! da boa, que eu também queria - inveja na Páscoa, não sei se é pecado, mas os meridionais são um pouco mais...tu percebes...). belo poema!

abraço
arlindo


Enviado por Tópico
Alexis
Publicado: 30/03/2010 20:47  Atualizado: 30/03/2010 20:47
Colaborador
Usuário desde: 29/10/2008
Localidade: guimarães
Mensagens: 7238
 Re: tal como as cidades para cao
o que vale é que mesmo quando te pões a pensar, vem daí arte.são "pensamentos não pensados".quero lá saber da sua utilidade...são especiais,como tu.como o que escreves.

p.s.:esse "pouf" não é aquele onde cabem 2 apertadinhos?rsrsr

abraço,cao
alex


Enviado por Tópico
Bruno Sousa Villar
Publicado: 30/03/2010 21:02  Atualizado: 22/03/2013 12:40
Da casa!
Usuário desde: 09/03/2007
Localidade:
Mensagens: 429
 Re: tal como as cidades
...